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Alternativas ao uso de agrotóxicos

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alternativaA busca pelo uso racional de agrotóxicos na agricultura brasileira é crescente, especialmente com o surgimento de métodos alternativos a essa utilização, bem como dos resultados positivos obtidos nas lavouras que utilizam novos processos. E é visando discutir o controle desses produtos na produção agrícola no Brasil e a criação de técnicas mais ecológicas, que o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), realizarão, entre os dias 16 e 18 de junho, o 2º Seminário Nacional Sobre Agrotóxicos, no Hotel Mercure, em Belo Horizonte, com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da iniciativa privada. Nos três dias de encontro, várias autoridades dos setores de agropecuária, meio ambiente, saúde e medicina do trabalho debaterão o uso e os riscos da utilização de agrotóxicos, além da legislação, controle e os métodos alternativos para o agronegócio brasileiro. A superintendente de Produção Vegetal do IMA, Vânia Maria Carvalho, informa que estarão em foco, durante o Seminário, a agricultura orgânica e a homeopatia na produção como processos substitutivos dos agrotóxicos.

No entanto, ela garante que a principal saída é o chamado 'manejo integrado de praga', ou seja, o uso racional dos venenos agrícolas. 'A preocupação existente hoje é que a contaminação existe devido à utilização indiscriminada do produto', observa Vânia, explicando que o produtor, para não ter qualquer prejuízo, muitas vezes, não segue corretamente o receituário agronômico. Dessa forma, coloca em risco sua própria saúde, a do consumidor e do meio ambiente. Exemplo disso é que, enquanto há uma campanha mundial para o uso racional de agrotóxicos, o Brasil é responsável por 20% do consumo desses produtos entre os países em desenvolvimento, com vendas anuais da ordem de US$ 1,5 bilhão, segundo dados do IMA.

Vânia Carvalho acrescenta que, quando o Ministério da Agricultura registra um agrotóxico, divulga, junto com ele, informações sobre em quais culturas ele é eficiente, volume e população de pragas em que deve ser usado, carência para a colheita, dentre outras regras a serem respeitadas para usar o veneno, constantemente ignoradas. 'O moranguinho é colhido diariamente porque é perecível. No entanto, o produtor aplica o agrotóxico e deveria esperar alguns dias para a colheita, o que não é feito para evitar perdas' exemplifica a superintendente do IMA.

Isso, de acordo com ela, acaba fazendo com que os resíduos do veneno cheguem até o consumidor. 'Se o prazo tivesse sido cumprido, ele se degradaria antes de chegar às mesas das famílias brasileiras', completa. Em função desses problemas, o 2º Seminário Nacional Sobre Agrotóxicos é direcionado a engenheiros agrônomos e florestais, biólogos, técnicos agrícolas,
pesquisadores e universitários das áreas afins, e será dividido em quatro painéis: 'Propriedade, Características e Utilização dos Agrotóxicos'; 'Meio Ambiente, Legislação e Controle dos Agrotóxicos no Brasil'; 'Saúde, Segurança e Produção Alternativa'; 'Defesa Vegetal e Valorização Profissional'.

Além de palestras, conferências e mesas redondas, haverá uma mostra de produtos e tecnologia de aplicação de agrotóxicos e uma exposição de fotografias sobre reciclagem de embalagens vazias de agrotóxicos, entre outros trabalho. Simultaneamente ao seminário, serão realizados três outros eventos no Hotel Mercure. São eles: reuniões dos 27 órgãos estaduais de defesa, do Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Agropecuária (Fonesa) e das 27 delegacias federais de agricultura de todo o país.

No evento estarão presentes, entre outras autoridades, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, e o Secretário Nacional de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano.

Agricultura orgânica cresce 50% ao ano

Além do 'manejo integrado de pragas', outra forma que vem sendo utilizada em escala cada vez maior é a agricultura orgânica - também chamada de agricultura biológica ou agroecologia -, mercado que cresce quase 50% ao ano. Equivale à utilização de formas de plantio que recuperam métodos milenares, naturais, evitando-se o uso de antibióticos, carrapaticida (na pecuária), herbicida, fungicidas, adubos químicos, entre outros, equilibrando essas técnicas ao desenvolvimento científico e tecnológico. De acordo com a superintendente de Produção Vegetal do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Vânia Carvalho, é um método que respeita mais ecologia, porém ainda não se sabe se será capaz de suprir a demanda por
alimentos existente.

Entretanto, o consultor Sérgio Cabral de Carvalho, membro titular do Colegiado Estadual de Agricultura Orgânica de Minas Gerais, garante que já está comprovada que a eficiência das lavouras orgânicas é a mesma - muitas vezes até maior - que a das químicas. Ele explica que o fundamento da agroecologia está em criar condições para acabar com o desequilíbrio na
produção, que causa pragas (insetos e doenças) e, conseqüentemente, a dependência dos venenos agrícolas. Entre os problemas destacados por ele estão a retirada de 100% do mato das culturas. 'Usa-se herbicida para eliminar todas as ervas 'daninhas'. Assim, insetos que se alimentavam delas passam a comer a plantação comercial, exigindo o uso dos inseticidas',
ressalta.

Além disso, o herbicida acaba também sendo absorvido pelas plantas, que não morrem, mas, segundo Cabral, ficam enfraquecidas. 'O fungo, que convivia com elas, se fortalece e as ataca. Surge uma outra necessidade: dos fungicidas', observa, lembrando que esse veneno também mata fungos benéficos para o controle, por exemplo, da população de lagartas nas lavouras. Elas, então, se multiplicam, sendo preciso utilizar os lagarticidas, conforme analisa o consultor. Por fim, com o uso de tantos insumos químicos - o custo de produção orgânica é 71% a 81% menor do que na agricultura convencional -, o produtor acaba derrubando uma área maior de árvores para crescer a plantação. 'É a forma de pagar a conta', ressalva Sérgio Cabral. A proposta da agricultura orgânica, é segundo ele, rever esses 'enganos' e trabalhar a plantação sem eles. 'Utilizar os conceitos de plantas companheiras, aquelas que são boas para a lavoura, e controlar os insetos, além de criar os sistemas de produção de compostos orgânicos (esterco, palha, microorganismos etc) para evitar os adubos químicos, que desequilibram o solo', esclarece, observando que as técnicas servem tanto para pequenos como para grandes produtores e precisam ser implantadas gradativamente.

Homeopatia tem-se mostrado eficaz

Mesmo na agricultura orgânica, algumas vezes não é possível controlar totalmente a incidência de doenças e insetos. Porém, até nesses casos, o agrotóxico pode continuar a ser dispensado, substituído pelo 'Extrato Piro-lenhoso'. O produto, conforme explica o membro titular do Colegiado Estadual de Agricultura Orgânica de Minas Gerais, Sérgio Cabral, é um
líquido, obtido através da fumaça do carvão condensada, que é pulverizado na plantação. 'Ele vem sendo utilizado nas culturas com muita eficiência no combate às pragas', garante o consultor, que fará palestra no dia 11 de junho, no Max Savassi Hotel, em Belo Horizonte, às 19h30, sobre esses temas. Outra forma que vem se mostrando eficaz como alternativa aos produtos químicos é a homeopatia, na avaliação da superintendente de Produção Vegetal do IMA, Vânia Carvalho, que lembra que agrotóxicos menos agressivos também têm sido desenvolvidos no país e no mundo. Em relação à homeopatia, ela
explica que o destaque tem sido no controle de carrapatos no gado, mas estudos da sua utilização nas lavouras estão ganhando espaço. 'É usada tanto no controle de pragas como no fortalecimento das plantas', esclarece Sérgio Cabral.

Um exemplo interessante, enfatizado por ele, são os testes feitos com culturas de milho. A partir de substâncias retiradas da própria lagarta que ataca a plantação, é elaborado um remédio. 'Pulverizado no milho, o produto tem se mostrado como uma espécie de vacina, de modo que a planta deixa de ser atraente para a lagarta. A incidência do bicho na lavoura caiu em 0%',
informa Cabral, lembrando que o resultado é semelhante aos dados da redução de carrapatos no gado.

Essa prática, de acordo com o consultor, é fundamental para reduzir os danos causados pelos agrotóxicos. 'Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) mostra que, depois de 35 dias da aplicação de carrapaticida em vacas, ele ainda sai no leite bebido pelo consumidor', exemplifica. Cabral cita ainda que existem inúmeros estudos científicos comprovando os males causados pelos venenos agrícolas ao organismo dos animais, inclusive o homem, afetando, principalmente, os sistemas nervoso, reprodutivo e imunológico.

Telefones: (31) 3213-6300 - IMA ; (31) 3344-3125 - Sérgio Cabral


AGROTÓXICO
Seminário Nacional discute métodos alternativos


INFORMAÇÕES
2º Seminário Nacional Sobre Agrotóxicos
- Data: 16 a 18 de junho
- Local: Hotel Mercure
- Inscrições: pelo telefone (31) 3371-3377 ou pelo site
www.minasplan.com.br/agrotoxico
- Preço: R$ 50,00, até o dia 10 de junho, e R$ 70, depois dessa data


PRINCIPAIS PALESTRAS
Tema Conferencista Data Horário


Gerenciamento de Risco dos Agrotóxicos Flávio Zambrone, presidente da
Planitox/SP 17/6 8h30
Desenvolvimento de Novos Produtos Guilherme Guimarães, especialista de
Registros Sênior da Dow Agrosciences Industrial 17/6 9 horas
Avaliação de Risco Ambiental em Agrotóxicos Alberto José Centeno (Ibama)
17/6 9h30
Impurezas Presentes nos Agrotóxicos Antônio Carreiro Barbosa (Ibama) 17/6 10 horas
Agrotóxicos Impróprios para Uso - Ação Sobre Meio Ambiente e Destino Final Fernando Roberto de Oliveira Carvalho - Gerente Geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas Perigosas 17/6 14 horas

Destino das Embalagens Vazias de Agrotóxicos João César Meneghel Rando,
diretor Presidente do INPEV 17/6 14h30

Legislação e Controle de Agrotóxicos no Brasil Girabis Evangelista Ramos - Diretor do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do MAPA 17/6 15 horas Segurança na Produção de Alimentos Cláudio Malerovitch Pessanha Henriques,
diretor Presidente Substituto da ANVISA 18/6 8h30
Segurança e Saúde do Trabalhador Rural Luiz Carlos Castanheira, Assistente
em Agropecuária/Coordenador de Defesa Agropecuária de São Paulo 18/6 9 horas
Resíduo de Agrotóxico em Alimento e suas Conseqüências Rosimarie Rodrigues -
GARP - Grupo de Analistas de Resíduos de Pesticidas 9 horas
Pesquisa, Incentivo e Exemplos de Produção Alternativa de Alimentos Clayton
Campanola, presidente da Embrapa 18/6 10 horas
Produção Integrada de Frutas no Sistema de Avaliação da Conformidade José
Rozalvo Andrigueto, coordenador geral de Desenvolvimento Vegetal do MAPA
18/6 11 horas
O Profissional das Ciências Agrárias como Agente de Mudança Antônio de Pádua
Angelim - Professor da Universidade Estadual do Maranhão 18/6 14 horas


Informações: (3213-6300 e (31) 3371-3377

Fonte:Hoje em -Dia, 05/06/03 por Luciana Rezende

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