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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 399 - 27 de junho de 2008

Car@s Amig@s,

Entidades peruanas denunciam que o País foi representado por empresário do agronegócio em reunião da ONU sobre transgênicos. Durante o 4º Encontro das Partes do Protocolo de Cartagena de Biossegurança (MOP 4) realizado há pouco mais de um mês em Bonn, na Alemanha, o Peru, junto com Japão e Brasil, se destacou por não aceitar a criação de regras sobre responsabilidade pelos danos causados pelos transgênicos que fossem obrigatórias para os países.

As informações publicadas no blog do ATTAC-Peru e divulgadas pela Red de Acción en Agricultura Alternativa revelam que “o Ministro da Agricultura Ismael Benavides passou por cima da diplomacia e infiltrou seu amigo Alexander Grobman” na MOP 4.

Grobman é Presidente de três empresas sementeiras, que importam e comercializam sementes, principalmente transgênicas (Semillas Penta del Perú, SA; Productora Agrícola del Campo, SAC; Integradores de Sistemas SA).

O regime de responsabilidade negociado na Alemanha dá especial destaque aos danos causados pelos transgênicos durante seu transporte internacional - o que parece ser precisamente a atividade do “representante” do Peru. Assim, fica fácil entender que Grobman legislou em causa própria e defendeu que sua atividade ficasse isenta de ser responsabilizada e obrigada a pagar indenizações para compensar os danos causados pelos transgênicos.

Mais lastimável ainda que a atuação do empresário foi a do Ministro, que, de acordo com essas informações, substituiu a representação do Estado pela dos interesses privados do setor.
 
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Neste número:

1. Mosquitos transgênicos?
2. Nestlé pressiona por transgênicos na Europa
3. Agronegócio reduz emprego no campo
4. Lucro da Monsanto sobe 42%

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Plantas medicinais: o saber do povo para o povo
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1. Mosquitos transgênicos?
De acordo com matéria publicada pelo jornal Valor Econômico (12/06), a empresa Oxitec, que foi desmembrada da Universidade de Oxford em 2002 e ainda tem participação acionária da instituição, desenvolveu mosquitos transgênicos para combater a dengue.

A modificação genética produz machos estéreis com a intenção de zerar a reprodução da espécie. Os envolvidos com o trabalho pretendem soltar os mosquitos na Malásia.

A novidade enseja um debate sobre tecnologia e risco ignorado pela reportagem, que sequer tratou de potenciais desequilíbrios ecológicos resultantes da liberação desses mosquitos no meio ambiente e do desenvolvimento de mosquitos resistentes. Impulsionados por interesses de mercado, muitos tendem a achar que os grandes problemas de saúde dependem de tecnologias de ponta.

Sabe-se, porém, que o uso de sal fino de cozinha (uma colher de sopa para um copo de água) e água sanitária (uma colher de sopa para cinco litros de água) podem controlar criadouros em potencial que não podem ser eliminados, como ralos de escoamento de água.

Além disso, pesquisadoras do Laboratório de Vetores da UNESP em São José do Rio Preto - SP já comprovaram que a borra de café é tóxica para a larva do mosquito Aedes. Com quatro colheres de sopa cheias da borra para um copo de água (renovadas a cada semana), as larvas são intoxicadas e morrem entre 24 e 48 horas, mas mesmo as que demoram mais para morrer não evoluem para a fase seguinte do desenvolvimento, portanto, não chegam à fase adulta que é a fase da transmissão.

Saiba mais em: http://www.ibilce.unesp.br/dengue/

Para uma crítica à lógica dos mosquitos transgênicos, leia o artigo “Transgênicos contra a malária?” em http://diplo.uol.com.br/2006-07,a1350

2. Nestlé pressiona por transgênicos na Europa
O diretor da Nestlé, Peter Brabeck, cobrou de políticos europeus uma reavaliação da postura do bloco em relação à oposição aos transgênicos, revelou o jornal Financial Times.

Para Brabeck, a adoção das plantas transgênicas deve ser vista como forma de se contornar a crise dos alimentos.

De acordo com levantamento realizado pela Comissão Européia, apenas 21% dos europeus comeriam alimentos transgênicos.

Para o diretor da Nestlé “os transgênicos representam a mais segura das tecnologias e seus produtos são muito mais seguros que os orgânicos ou qualquer outro que esteja em moda na Europa”.

Food Business Review, 24/06/2008.

3. Agronegócio reduz emprego no campo
Tese de doutorado defendida na Unesp mostra que a agricultura voltada para exportação e produção de combustível em São Paulo mudou perfil da mão-de-obra, com a redução de quase 700 mil postos de trabalho em três décadas, além de estimular concentração de terras e diminuição da área destinada a alimentos.

Os dados fazem parte da tese de doutorado do docente José Marangoni Camargo, da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), da Unesp de Marília.

De acordo com a tese, desenvolvida no Instituto de Economia da Unicamp, a modernização no campo foi motivada pelo avanço das exportações, alta dos preços das commodities no mercado internacional e estagnação da fronteira agrícola no Estado. O recuo na oferta de empregos está associado à mecanização e evolução da tecnologia no campo e à concentração fundiária, com predomínio das monoculturas.

Outra causa da queda do número de trabalhadores foi a redução de áreas de culturas empregadoras de mão-de-obra, como algodão, feijão e amendoim. Esse fenômeno decorreu do forte processo de concentração fundiária e avanço das monoculturas. Nos últimos 30 anos, o número de proprietários de terras no Estado caiu pela metade, de 470 mil para 233 mil.

Jornal UNESP, Junho/2008, Ano XXII, n. 234.
http://www.unesp.br/aci/jornal/234/campo.php

4. Lucro da Monsanto sobe 42%
O lucro líquido da multinacional norte-americana Monsanto registrou alta de 42% no terceiro trimestre fiscal, encerrado em 31 de maio deste ano, somando US$ 811 milhões, ou US$ 1,45 por ação. No mesmo período do ano passado, o lucro havia sido de US$ 570 milhões, ou US$ 1,03 por ação. A receita da empresa aumentou 26% para US$ 3,59 bilhões.

Segundo a Monsanto, a demanda por produtos da empresa tem aumentado por conta da necessidade crescente de alimentos no mundo e do aumento do uso de grãos na produção de etanol.

No segmento de sementes e genomas, a receita da Monsanto subiu 20% para US$ 2,05 bilhões, com um aumento de 9,4% nas vendas de milho e de 38% nas vendas de soja. A receita do segmento de produtividade agrícola cresceu 36% para US$ 1,54 bilhão, com as vendas do herbicida Roundup e de outros herbicidas à base de glifosato disparando 54%.

Com informações da Agência Estado, 25/06/2008.

N.E. A tecnologia que há dez anos anunciava ser a solução para o problema da fome no mundo tem a Monsanto como principal beneficiária, que agora quer lucrar mais ainda anunciando novamente ser a solução para os problemas que ela própria ajudou a criar.

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Plantas medicinais: o saber do povo para o povo

O Centro de Saúde Alternativa de Muribeca - CESAM teve início em meados de 1996 quando a população do bairro de Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes -PE se reunia no salão paroquial da Igreja da comunidade para discutir sobre a saúde local. Nessas reuniões, as participantes trocavam experiências sobre plantas que poderiam ser utilizadas como remédio.

Com a necessidade de aprofundar os conteúdos, o grupo passou a se encontrar com mais freqüência para desenvolver experiências com as plantas medicinais. Quando conheceram o Centro Nordestino de Medicina Popular (CNMP) o trabalho ganhou novo estímulo e orientação.

Organizaram um espaço próprio para plantar uma horta e um local específico para a manipulação de ervas. A gestão do CESAM é colegiada, ou seja, todos os integrantes do grupo têm acesso às finanças, produção dos fitoterápicos, além de possuírem poder de decisão.

A comercialização é realizada em feiras dentro e fora da comunidade, no espaço do CESAM, além de serem comercializados diretamente na vizinhança. O grupo conseguiu influenciar positivamente as políticas públicas municipais e hoje o posto médico funciona em dois expedientes e realiza exames de sangue, fezes, urina e diabetes. Além disso, o grupo conseguiu implementar um conselho gestor da unidade de saúde local.

Fonte: http://www.agroecologiaemrede.org.br/experiencias.php?experiencia=597

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Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos

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