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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 358 - 24 de agosto de 2007

Car@s Amig@s,

O Movimento Verde Eufémia realizou na semana passada um ato de desobediência civil em Algarve, sul de Portugal, destruindo parte de uma plantação de milho transgênico. Algarve foi a primeira região portuguesa a ser declarada livre de transgênicos, em 2004, pela Junta Metropolitana do Algarve.

A ação foi liderada por pequenos agricultores, ecologistas e cidadãos “preocupados em restabelecer a ordem democrática, moral e ecológica e defender os direitos e bem-estar das comunidades de trabalhadores”.

O Movimento alerta que “Apesar da forte oposição da sociedade civil e das autoridades locais contra os OGMs, as políticas do Governo Português e da Comissão Européia desrespeitam constantemente o direito moral e democrático desses agentes opositores a banir os OGMs dos seus campos e dos seus pratos”.

No ato simbólico, menos de 1 hectare, de um total de 50, foi cortado. A polícia interveio para controlar os cerca de cem manifestantes. A reação da grande imprensa foi imediata, dando destaque para o que chamou de “ataque ambientalista” e alegando agressões ao proprietário da lavoura, fato que o Movimento nega veementemente.

Depois da Algarve, outros municípios portugueses se declararam livres de transgênicos, como Portimão, Lagos e Loulé.

No caso de Lagos, a decisão da Assembléia Legislativa foi por unanimidade, já que considerou “inevitável a contaminação que o cultivo de plantas geneticamente modificadas acarreta”.

Já a Câmara de Loulé deu destaque às inúmeras incertezas científicas sobre a segurança alimentar das plantas transgênicas, ao impacto ambiental do seu cultivo e aos perigos de contaminação das culturas tradicionais.

Segundo portaria do Ministério da Agricultura português, as autarquias podem requerer zonas livres de transgênicos, depois de ouvirem as organizações locais de agricultores e desde que a deliberação seja aprovada por maioria de dois terços dos membros da Assembléia Municipal.

Os agricultores, através da apresentação de um pedido à respectiva Direção Regional de Agricultura, também podem optar pelo estabelecimento de zonas livres desde que explorem, no seu conjunto, um mínimo de cinco hectares contíguos.

Claramente está em jogo o direito de produtores e consumidores escolherem o que querem plantar e consumir. A contaminação genética decorrente da liberação dos transgênicos pode minar esse direito. No caso português, as regras para certificação de alimentos orgânicos foram mudadas e passou-se a aceitar até 0,9% de presença de transgênicos.

Quando o Estado é incapaz de proteger o bem comum e atender aos interesses dos cidadãos, a própria sociedade se organiza e cria movimentos de resistência.

Quem quiser enviar mensagens de apoio ao Movimento Verde Eufémia, pode escrever para [email protected]

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Neste número:

1. Produtividade é maior com soja convencional
2. Agricultor descobre que ração não-transgênica é transgênica
3. Claspar denuncia postura da Gazeta do Povo em defesa dos transgênicos
4. Publicação traz nova visão à questão dos transgênicos

Dica de fonte de informação

Entrevista com Carmem Marinho, pesquisadora da Fiocruz e integrante da CTNBio.

“Não existe fiscalização. Esse é um dos grandes problemas. Os interesses distintos são outro grande problema, na verdade mais que isso: conflitos de interesse ignorados.”
http://www.ensp.fiocruz.br/informe/materia.cfm?matid=5748&saibamais=5909

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Aplicação da teoria da trofobiose no controle de pragas e doenças: uma experiência na serra gaúcha.

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1. Produtividade é maior com soja convencional
“As variedades convencionais podem apresentar melhor produtividade que as transgênicas que temos no mercado”, afirma o gestor do Programa de Melhoramento Genético da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Paulo Aguiar. Ele explica que faltam opções de mais variedades que possuam a tecnologia em sua composição, mas ao contrário do que está acontecendo, esse gene deve ser adaptado.

Aguiar alega que a variedade [transgênica] BT1, pelo fato de ser desenvolvida em outros países, não está respondendo bem às expectativas do produtor. “O resultado poderia ser melhor se esse gene fosse desenvolvido em nossa região. O recurso foi apenas introduzido nas lavouras locais, portanto, sem estudos prévios sobre a adaptação”, diz.

O Popular - GO, 20 de agosto de 2007.

2. Agricultor descobre que ração não-transgênica é transgênica
Paul Keiser suspeitou que algo estava errado com a ração que estava dando para suas galinhas. Keiser, que cria galinhas e patos em Marne, Michigan, disse que suas galinhas não estavam com desempenho como o de antes. “Elas não chocavam direito e não cuidavam mais dos pintos”.

Um outro produtor comentou que o milho que ele estava usando, supostamente não-transgênico, poderia ser transgênico. Keiser mudou de fornecedor.

Keiser comprou um saco do milho de seu antigo fornecedor, que dizia que não era transgênico. O moinho onde o milho foi comprado compra milho de vários produtores e mistura tudo. Keiser enviou uma amostra do material para um laboratório e a resposta foi que podia haver até 50% de milho transgênico naquele lote. O dono do moinho recebeu uma cópia do laudo do laboratório.

A partir desses resultados, Keiser pretende fazer novos testes, desta vez com o milho orgânico plantado na região, para ampliar o debate sobre contaminação com a população local.

“Toda a cadeia de produção está ameaçada, e os transgênicos são uma das ameaças” diz. “Os agrotóxicos estão matando o solo e muitas áreas agrícolas estão sendo virando deserto”.

The Organic & Non-GMO Report June 2007.
http://www.non-gmoreport.com/

3. Claspar denuncia postura da Gazeta do Povo em defesa dos transgênicos
O presidente da Claspar, Valdir Izidoro Silveira, enviou correspondência para o jornal Gazeta do Povo afirmando que “os motivos que levam o jornal a defender permanentemente os produtos geneticamente modificados são agora revelados pela própria Gazeta, ao veicular reportagem sobre reunião do CTNBio, de autoria de um repórter que viajou a Brasília para cobrir o evento, com despesas pagas pelo CIB (Conselho de Informações Sobre Biotecnologia). A entidade faz a defesa dos produtos transgênicos no Brasil com financiamento das multinacionais do agronegócio como Monsanto, Syngenta e Basf”.

Leia a íntegra da carta em: http://www.aenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=30695

Agência Estadual de Notícias, 23/08/2007.

4. Publicação traz nova visão à questão dos transgênicos
A questão dos transgênicos está em destaque nos debates acerca da biossegurança, sobretudo na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). É nesse contexto que surge a publicação “Plantas Geneticamente Modificadas - Riscos e Incertezas”, da Série NEAD Estudos. O livro é um guia de experiências bibliográficas internacionais, com indicações de estudos, relatórios, documentos, artigos, pareceres, livros e outros trabalhos que mostram os riscos e as incertezas das Plantas Geneticamente Modificadas (PGM).

“Nosso objetivo é estimular discussões sobre essa inovação tecnológica, reconhecer a necessidade da controvérsia científica e contribuir para uma ciência mais aberta”, revela Magda Zanoni, pesquisadora do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e professora da Universidade de Paris 7, na França. Magda realizou a pesquisa juntamente com Gilles Ferment, seu orientando no Mestrado do curso de Gestão Ambiental da Universidade de Paris 7. A publicação está disponível no Portal NEAD.

NEAD - Notícias Agrárias, 13 a 19 de Agosto de 2007.

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Aplicação da teoria da trofobiose no controle de pragas e doenças: uma experiência na serra gaúcha, artigo de Maria José Guazzelli, Laércio Meirelles, Ricardo Barreto, André Luiz Rodrigues Gonçalves, Cristiano Motter, Luís Carlos Rupp.

(...) A nomenclatura usada para denominar os biofertilizantes enriquecidos tem sido bem criativa. No sul do Brasil, chamam de super-magro, gororoba e biolocal. Em Sergipe e Alagoas, é conhecido como biogeo. Já em Pernambuco, é super-tará, e, no Rio, é agrobio, mas também pode ser biol e muitos outros nomes.

Os biofertilizantes enriquecidos podem ser feitos com qualquer tipo de matéria orgânica fresca. Na maioria das vezes, utilizam-se estercos, mas também podem ser usados apenas restos vegetais. Se possível, é conveniente acrescentar soro de leite ou caldo de cana para dar condições às bactérias de se desenvolverem com maior velocidade.

O biofertilizante pode ser enriquecido com alguns minerais, oriundos de cinzas ou rochas finamente moídas, assim como de restos das plantas espontâneas. Além de melhorar o produto final, esses minerais proporcionarão uma fermentação mais eficiente. São utilizados tanto no solo como em pulverizações foliares. Neste último caso, são muito eficazes para o controle de diversas enfermidades, por propiciarem à planta um funcionamento fisiológico mais harmônico e equilibrado.

(...) A análise dos ecossistemas de florestas tem mostrado que a água da chuva que escorre desde as camadas superiores da vegetação é muito rica em nutrientes, tanto de elementos químicos quanto em formas mais complexas, como aminoácidos, enzimas, açúcares, ácidos húmicos, hormônios vegetais, etc. O que não tiver sido absorvido pela vida nas diferentes camadas das plantas será consumido pela intensa atividade na rizosfera (raízes) ao alcançar o solo. Dessa forma, as pulverizações foliares feitas pelos agricultures ecologistas tentam justamente imitar esse processo ecológico de partilha dos nutrientes do ecossistema entre as diversas plantas.

Além disso, na formulação do biofertilizante enriquecido, existe a intenção de fazer com que o agricultor possa entender o processo e fabricá-lo em casa, com ingredientes facilmente acessíveis e de baixo custo. Ocorre, assim, uma transferência de poder dos cientistas e técnicos para os agricultores. Formulações caseiras de biofertilizantes enriquecidos têm, por essa razão, o mérito de serem facilmente apropriadas e reproduzidas pelos produtores.

Por meio da fermentação, os agricultores transformam produtos que não poderiam ser absorvidos pelas plantas em nutrientes facilmente assimilados. Portanto, o biofertilizante enriquecido alimenta a planta, mas sua ação não é só essa. Uma das importantes propriedades descobertas nos biofertilizantes é que ele protege a planta, agindo como um defensivo.

Essa defesa pode ser propiciada por diversos fatores. Um deles é que a planta mais bem nutrida tem maior resistência, como nos explica a trofobiose. Se uma planta tem à sua disposição tudo o que necessita, na quantidade e no momento corretos, ela tem todas as condições de se defender, por si só, de algum ataque de insetos, nematóides, ácaros, fungos, bactérias, etc. Também, como o biofertilizante é um produto vivo, os microrganismos presentes nele podem entrar em luta com os microrganismos que estão atacando a planta e destrui-los ou paralisá-los.

Clique aqui para ler a este artigo na íntegra.

Revista Agriculturas: experiências em agroecologia. V. 4, n. 1, março de 2007.

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Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos

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