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Boletim 291, Por um Brasil Livre de Transgênicos

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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 291 - 10 de março de 2006


AÇÃO URGENTE!  PROTOCOLO DE BIOSSEGURANÇA


Car@s Amig@s,

Está nas mãos do Presidente Lula a decisão sobre a posição que o Brasil defenderá em Curitiba a respeito das regras de identificação de carregamentos com transgênicos submetidos ao transporte internacional. O 3º Encontro das Partes do Protocolo de Cartagena (MOP 3) tomará na próxima semana uma decisão sobre como deverá ser feita essa identificação. E o governo brasileiro deve fechar hoje sua posição.

Duas propostas estão sobre a mesa de negociação: uma que propõe que seja indicado que uma carga "pode conter transgênicos" e outra que se informe que o carregamento “contém transgênicos”.

A identificação das cargas é tema central do Protocolo, e a fórmula “contém transgênicos” é a única que garante que seja atingido o objetivo do Protocolo de proteger a biodiversidade e a saúde humana dos impactos dos transgênicos. A opção “pode conter transgênicos” defendida pelo agronegócio e pelas empresas de biotecnologia favorece a contaminação genética e dificulta a adoção de medidas de contenção de risco e de responsabilização em caso de danos.

A ministra do Meio Ambiente está isolada e o governo tende mais uma vez a ceder aos interesses imediatistas dos grandes produtores brasileiros.

Pela página do Greenpace na interntet é possível enviar uma mensagem ao Presidente Lula e a seus ministros cobrando do governo uma posição em defesa da biodiversidade e da segurança alimentar.

ENVIE SUA MENSAGEM AINDA HOJE! Estão disponíveis versões da carta em três línguas. Basta clicar em um dos links abaixo:

Português - http://www.greenpeace.org.br/biosseguranca/?lang=pt&ref=[ONGs]

Inglês - http://www.greenpeace.org.br/biosafety/?ref=[ONGs]

Espanhol - http://www.greenpeace.org.br/biosseguranca/?lang=es&ref=[ONGs]

A decisão de hoje do governo terá grande repercussão e será cobrada em Curitiba por entidades e movimentos sociais do Brasil e de vários outros países.

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Neste número:

1.
Europa veta remédio produzido em animal transgênico
2.
Ibama interdita fazendas com transgênicos
3. Brasil define posição “liberal” para Protocolo de Cartagena (sic)
4. ONG aponta 113 casos de contaminação transgênica
5. Estudo põe vantagem econômica da soja alterada em xeque no país
6. Delta & Pine processa Monsanto por quebra de contrato no Brasil
7. Indústrias aceleram pedidos de novos transgênicos
8. Argentina x Monsanto
9. CE autoriza milho transgênico para consumo humano
10.
DuPont quer soja transgênica própria até 2009

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Vivência em Agroecologia: a experiência de Carlos Loose  Colatina, Es.

Dica sobre fonte de informação
Biotecnologia agrícola: mitos, riscos ambientais e alternativas, de Miguel Altieri. Disponível no: http://www.agroeco.org/brasil/material/biotecnologia_agricola.htm

Eventos
Confira na página http://www.fboms.org.br/eventos/cop8.htm a agenda de eventos paralelos do Fórum da Sociedade civil na MOP 3.

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1. Europa veta remédio produzido em animal transgênico
Representantes da Agência Européia de Medicamentos, que regula o setor, recusaram-se a aprovar na quinta-feira o que teria sido o primeiro medicamento produzido no leite de animais transgênicos. A medida pegou de surpresa uma indústria nova, que pretende converter vacas, cabras e coelhos em "fábricas" de produtos farmacêuticos de baixo custo. As empresas que estão desenvolvendo animais capazes de produzir remédios precisam de aprovação tanto nos Estados Unidos quanto na Europa para persuadir companhias farmacêuticas a tentar o novo método de produção. A responsável pelo desenvolvimento do produto barrado pela agência, a GTC Biotherapeutics, disse que apelará da decisão, acrescentando que ela se baseou principalmente num problema com seu teste clínico e não no fato de que o remédio foi produzido em cabras transgênicas. “Com toda nova tecnologia há um conservadorismo que não é apropriado”, disse o presidente executivo da GTC, Geoffrey F. Cox. A GTC e algumas outras empresas introduzem genes humanos em animais para que estes produzam uma proteína humana em seu leite. Os animais são então ordenhados e a proteína é purificada para ser usada como remédio. As companhias dizem que o método é uma maneira mais barata e fácil de produzir medicamentos via biotecnologia. Muitos desses, como os anticorpos monoclonais para o combate ao câncer, são produzidos em cubas contendo culturas de células animais obtidas por engenharia genética. Outras drogas baseadas em proteínas, como a da GTC, são extraídas de sangue doado, mas são encontradas em quantidades tão pequenas que estão freqüentemente em falta. Segundo a GTC, seriam necessárias 90 mil doações de sangue para obter o mesmo tanto de uma proteína que uma de suas cabras pode produzir em um ano. A empresa testou uma proteína anticoagulante chamada antitrombina em pacientes com uma rara deficiência herdada da proteína e sob risco de formarem coágulos sanguíneos fatais. A companhia testou o produto em 14 pessoas que estavam sendo submetidas à cirurgia ou dando à luz. Por causa do risco de hemorragia, elas não poderiam receber os diluidores de sangue que geralmente tomam para evitar os coágulos. A Agência Européia de Medicamentos argumenta que foram feitos poucos testes. E que a droga experimentada não foi produzida exatamente da mesma maneira que a droga que seria vendida. Uma etapa de filtragem foi acrescentada depois que o teste começou.
O Estado de S.Paulo, 25/02/2006.

2. Ibama interdita fazendas com transgênicos
O Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) interditou 13 propriedades em três municípios no entorno do Parque Nacional do Iguaçu, depois de denúncia da ONG (organização não-governamental) Terra de Direitos. As propriedades desrespeitavam a proibição do plantio de sementes geneticamente modificadas em um raio de 10 quilômetros de unidades de conservação.
Segundo o superintendente do Ibama no Paraná, Marino Gonçalves, os agricultores autuados podem ter a colheita apreendida, perder incentivo fiscal ou ser multados em até R$ 1,5 milhão.
Mas o Ibama, diz Gonçalves, abrandará a punição, pois os produtores "teriam sido induzidos a comprar as sementes pelos fornecedores e dizem que desconheciam a proibição". Ele afirmou que o Ibama não tem responsabilidade de divulgar a legislação. A assessora jurídica da Terra de Direitos, Maria Rita Reis, disse ontem que o Ibama vistoriou só três dos 14 municípios vizinhos ao parque e que plantam soja com a tecnologia Monsanto RR.
A Folha apurou que as sementes plantadas foram produzidas pela Codetec (Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola), de Cascavel (420 km de Curitiba). No caso de quatro dos 13 produtores, as sementes foram multiplicadas pela Cooperativa Agroindustrial Lar, de Medianeira (oeste do PR).
Outro lado
A Monsanto emitiu nota em que contesta a competência do Ibama para fiscalizar sementes transgênicas. “Nos termos da Lei nº 11.105 de 24.3.2005, compete exclusivamente à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia) identificar atividades e produtos da biotecnologia potencialmente causadores de degradação [...] e fixar medidas de segurança e restrição ao seu uso”.
O diretor-secretário da Cooperativa Agroindustrial Lar, Lauro Soethe, disse esperar que o Ibama libere a colheita, "pois não havia conhecimento por parte deles, ou da cooperativa, da proibição".
Dirce Inês Sincler de Camargo, do Departamento Jurídico da Codetec, afirmou que a cooperativa vai esperar a representação judicial para se manifestar.
Folha de São Paulo, 25/02/2006.

3. Brasil define posição “liberal” para Protocolo de Cartagena (sic)
O presidente Lula interveio na disputa política interna em que se transformou a definição da posição brasileira no Protocolo de Biossegurança de Cartagena e decidiu defender o uso da expressão “pode conter” para identificar organismos geneticamente modificados no transporte internacional. A reunião sobre o protocolo está marcada para a próxima semana, em Curitiba. A decisão, segundo apurou o Valor, foi comunicada aos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Roberto Rodrigues (Agricultura) na noite de sexta-feira, em reunião no Palácio do Planalto. Lula atendeu integralmente ao lobby do agronegócio, mas deve despertar pesadas críticas e manifestações contrárias de ONGs ambientalistas e movimentos sociais que defendiam a adoção da expressão “contém” para as cargas de transgênicos. O presidente amparou-se numa decisão prévia, onde oito ministérios votaram pelo “pode conter” e derrotaram três pastas. Amanhã, o Itamaraty começará a negociar com um grupo de 25 países a proposta brasileira, que deve desagradar aos países africanos e, sobretudo, à União Européia. Até agora, os diplomatas trabalhavam numa proposta alternativa para usar o “contém” em cadeias produtivas onde fosse segregar grãos ou sementes e “pode conter” para os demais segmentos. As regras do protocolo envolvem interesses comerciais de 132 nações participantes da Convenção da Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas (ONU), em vigor desde 1992. Marcado por uma profunda divisão interna, o Brasil travou as discussões sobre o protocolo na última reunião, em junho de 2005, em Montreal (Canadá). Agora, como anfitrião das discussões, o país foi pressionado a rever sua postura conservadora e a apresentar uma posição definitiva sobre o tema. No Canadá, o Brasil bloqueou as negociações preocupado com o uso do acordo como barreira não-tarifária - a mesma tese das indústrias exportadoras de grãos e sementes. E acusou a União Européia de liderar um boicote ao país. Só a Nova Zelândia defendeu a posição do Brasil. As divergências nos bastidores do governo reeditaram a mesma briga travada entre ambientalistas e defensores do agronegócio nas negociações da nova Lei de Biossegurança. De um lado, estão os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia. De outro, estão Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e Secretaria da Pesca. Em vigor desde 2000, o protocolo também prevê identificação dos transgênicos e criação de mecanismos para responsabilizar e compensar danos causados ao ambiente e à saúde. Como o texto se aplica ao comércio, armazenagem, identificação e uso de todos os transgênicos que podem afetar a biodiversidade e a saúde, a oposição brasileira pode ter conseqüências. A UE, maior compradora de produtos agrícolas do país, quer as regras. E a China também ratificou o protocolo.
Valor Econômico, 09/03/2006.
N.E.: O conteúdo dessa matéria é todo baseado em suposições, já que o governo não confirmou nem comunicou oficialmente sua posição. Setores interessados em fragilizar o Protocolo de Biossegurança aplicaram no campo das notícias a máxima onde “em se plantando tudo dá”.

4. ONG aponta 113 casos de contaminação transgênica
A organização não-governamental (ONG) ambientalista Greenpeace divulgou, ontem, relatório apontando a ocorrência de 113 casos de contaminação transgênica, em 39 países, nos últimos 10 anos. A divulgação cinco dias antes da abertura oficial da 3a Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP-3) é estratégica para pressionar o governo brasileiro a rever sua posição em relação às regras internacionais para manipulação, transporte, embalagem e identificação de transgênicos. Na MOP-2, em junho de 2005, em Montreal, no Canadá, o Brasil havia se alinhado à Argentina, Canadá e Nova Zelândia, defendendo um formato mais genérico “pode conter” Organismos Vivos Modificados (OVMs), no texto do acordo. Países europeus, da Ásia e África defendem a informação plena, com especificação exata dos tipos de transgênicos exportados. De acordo com o Relatório sobre Registro de Contaminação Transgênica, organizado pelo Greenpeace e pela organização GeneWatch, do Reino Unido, o número de países afetados é o dobro daqueles que permitem oficialmente o cultivo de transgênicos. Só em 2005 foram registradas ocorrências em 11 países, incluindo alguns que supostamente possuem um sistema de controle rígido, como o Reino Unido. No Brasil, foram registrados, oficialmente, quatro casos de contaminação, desde 1998, com a entrada ilegal de soja transgênica da Argentina, contaminando lavouras no Rio Grande do Sul, até 2005, e com o caso de comercialização de milho transgênico também no RS, no ano passado. “É fundamental que se estabeleçam regras internacionais claras para identificação de transgênicos, a fim de evitar que nosso meio ambiente e alimentos continuem a ser contaminados indiscriminadamente”, disse a coordenadora do Programa de Engenharia Genética do Greenpeace, Gabriela Couto. Ela acredita que como não há consenso dentro do próprio governo federal, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva firmar a posição brasileira para a MOP-3. Representantes do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) ONG de cientistas , que já estão em Curitiba para participar da MOP-3, são contrários à exigência de identificação. Segundo o pesquisador José Maria da Silveira, membro do CIB, a expressão “pode conter OVMs” no texto do Protocolo de Cartagena já irá gerar um custo adicional de 0,2% nas exportações de soja. Se for aprovado o “contém”, o ônus para agricultura poderia chegar a 8,7%, com a necessidade maior de testes, do campo aos portos, e estrutura de logística para segregação. Silveira entende que a Lei de Biossegurança brasileira já é rigorosa o suficiente para proibir o plantio e circulação de transgênicos. Para ele, o detalhamento quanto à identificação e quantificação dos OVMs, além de gerar custos inviáveis, não mudaria o controle atual, pois só são comercializados aqueles aprovados cientificamente. O relatório completo do Greenpeace está disponível no site www.greenpeace.org.br
Folha de Londrina, 09/03/2006.

5. Estudo põe vantagem econômica da soja alterada em xeque no país
Levantamento da consultoria Agra FNP mostra que a adoção de sementes transgênicas de soja oferece margens de lucro muito próximas às obtidas com sementes convencionais no país. De acordo com o estudo, que avalia a rentabilidade na safra atual, o custo de produção com sementes geneticamente modificas varia de R$ 951 a R$ 1.200 por hectare, e de R$ 976 a R$ 1.225, com a adoção de sementes convencionais. Conforme o levantamento, o plantio da soja Roundup Ready gera margem de lucro levemente superior à soja convencional no Rio Grande do Sul (2,34%), Paraná (3,25%) e São Paulo (5,98%). O ganho é praticamente nulo no Mato Grosso do Sul (0,03%) e Bahia (0,14%) e a rentabilidade é menor que a obtida com soja convencional no Mato Grosso (0,19%) e em Minas (9,08%). Daniel Dias, pesquisador da Agra FNP, observou que os custos com pagamento de royalties sobre o uso da tecnologia Roundup Ready encarecem o custo de produção da soja em mais de 10%. "E a produtividade das lavouras é praticamente a mesma", afirmou Dias. No caso do algodão, as margens de rentabilidades são maiores, mas o cálculo não inclui o pagamento de royalties pelo uso de sementes transgênicas. Conforme a estimativa da Agra FNP, as margens de lucro da semente modificada sobre a convencional chegam a 18,39% no Mato Grosso e 13,3% em Goiás. Dias observou que entre os países que aprovaram o uso de transgênicos, só no Brasil os royalties são pagos pelos agricultores. Nos demais países, a cobrança é rateada entre pelos multiplicadores e indústrias sementeiras. No front externo, outro estudo desfavorável aos transgênicos também saiu ontem. Primeiro relatório produzido a partir de dados do Registro de Contaminação Transgênica - iniciativa conjunta das organizações Gene Watch UK e Greenpeace - identificou 88 casos de contaminação, 17 liberações ilegais e oito relatos de efeitos negativos de culturas transgênicas sobre a agricultura no mundo desde 1996. Naquele ano, começaram a ser produzidos em larga escala, nos EUA, os primeiros organismos geneticamente modificados (OGMs). Conforme o relatório, na última década 39 países registraram algum dos três incidentes com transgênicos. Em 2005, houve casos em todos os países da União Européia.
Valor Econômico, 09/10/06.

6. Delta & Pine processa Monsanto por quebra de contrato no Brasil
Causou grande surpresa no Brasil a notícia de que a matriz da Delta & Pine Land acionou judicialmente a Monsanto nos Estados Unidos, alegando quebra do contrato que garantia à Delta exclusividade das vendas de algodão Bollgard I (resistente a insetos) no Brasil. Monsanto e Delta assinaram acordo mundial há quase dez anos, no qual a Delta obteve direitos exclusivos de venda de sementes de algodão Bollgard I, ou algodão Bt, em alguns países, como Brasil e Índia. O acordo de exclusividade teria sido quebrado porque aparentemente a Monsanto tem planos de ela própria comercializar a tecnologia no País. Aqui, a Delta pretende vender as sementes de algodão Bt por meio da empresa MDM Sementes de Algodão Ltda, uma sociedade na qual a Delta tem 51% de participação e o Grupo Maeda, 49%. Em uma ação ajuizada em 1º de março e divulgada em forma redigida na quarta-feira, a Delta pede que o tribunal de Delaware impeça a Monsanto de implementar um novo sistema de licenciamento da tecnologia no Brasil enquanto os procedimentos de arbitragem não estiverem concluídos. “A Monsanto concedeu à D&PL, entre outros direitos, a opção a acordos de exclusividade sobre licenças” para uso da tecnologia de algodão da Monsanto no Brasil, e agora “a Monsanto está implementando” um sistema paralelo de licenciamento para frustrar a concretização dos direitos da Delta, consta dos autos do processo. Lord Fisher, porta-voz da Monsanto, disse que a empresa tentou "chegar a uma solução razoável com a Delta & Pine Land sobre essa matéria". Ela diz que ambas as companhias "estão se preparando para a comercialização de algodão transgênico nesse país", segundo diz-se no processo. A Monsanto do Brasil diz que “não está em condição de oferecer mais detalhes sobre a questão no momento”, mas afirma acreditar que “assim como a Monsanto, é de grande interesse da Delta & Pine Land também proteger seus direitos de propriedade intelectual no Brasil”. O acordo de exclusividade em questão teria sido assinado no final dos anos 90, na época em que a Monsanto fez uma oferta de compra da Delta & Pine no mundo. A fusão, no entanto, não foi autorizada pelo governo americano, que obrigou as duas empresas a desfazê-la. Insatisfeita, a Delta & Pine abriu uma ação nos EUA em que alega ter tido prejuízo de US$ 1 bilhão com a não concretização da operação e cobra o valor da Monsanto na Justiça. Alguns contratos firmados na época, no entanto, continuaram vigentes, entre eles o que garantiu à Delta exclusividade na produção e venda do algodão Bt no Brasil e em alguns outros países. “Na época, o Brasil não dava demonstrações de que poderia ser uma potência do algodão. Mas a história mudou, ameaçando o acordo”, diz fonte da indústria. A notícia da ação pegou a Monsanto do Brasil e a MDM de surpresa. Procurado, Richard Sherman, da MDM, e Jorge Maeda, do grupo Maeda, não retornaram as ligações. O algodão Bt e a soja resistente a herbicidas são as duas únicas lavouras transgênicas com comercialização autorizada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). As sementes de algodão, adaptadas somente ao clima do Mato Grosso, só estarão disponíveis para a safra 2006/07.
Gazeta Mercantil, 10/03/2006.

7. Indústrias aceleram pedidos de novos transgênicos
A criação da nova Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) trouxe novo ânimos às indústrias de sementes que atuam no país. A MDM, a Syngenta Seeds e a Embrapa já prepararam uma lista de pedidos de liberação para uso comercial de variedades transgênicas de algodão, soja e milho. A MDM (joint venture entre o Grupo Maeda e a americana DeltaPine), que recebeu em 2005 aprovação para o algodão Bollgard (resistente a insetos), planeja colocar outras três variedades transgênicas de algodão no país em breve. Juan Landivar, vice-presidente da MDM, diz que o grupo já solicitou à CTNBio liberação de uma variedade tolerante a herbicidas (RR) e uma resistente a insetos e tolerante a herbicidas. A empresa já solicitou à matriz nos EUA produção de 2 mil sacas de sementes RR para serem multiplicadas no Brasil tão logo a CTNBio aprove o evento. “A MDM está disposta a investir nessas tecnologias, mas isso vai depender da agilização das análises de biossegurança pelo governo”, diz Landivar. A empresa também aguarda liberação de uma variedade de algodão resistente a vírus. Em relação ao já aprovado algodão Bollgard, a MDM espera ofertar 70 mil sacas, na safra 2006/07, suficientes para 140 mil hectares. A Syngenta Seeds também vai pedir a liberação de uma variedade de soja tolerante ao glifosato (RR) e uma cultivar de algodão resistente a insetos. Lilian Saldanha, gerente de assuntos regulatórios, diz que já solicitou autorização para sementes de milho tolerante a herbicidas (RR) e com resistência combinada a insetos e herbicidas. Desde 1998, a Syngenta Seeds aguarda aprovação da CTNBio para duas variedades de milho resistentes a insetos (Bt11 e ICP-4). “Com a nova CTNBio as coisas vão começar a acelerar”, crê Lilian. Ela espera que pelo menos uma variedades seja aprovada este ano. Alexandre Lima Nepomuceno, membro da CTNBio, observa que existem mais de 500 pedidos de autorização para pesquisa, teste e uso comercial na fila de espera. “A Comissão é muito heterogênea. Os debates ainda serão muito polêmicos e longos”, disse. A CTNBio se reúne nos dias 22 e 23 deste mês. Álvaro Viana, diretor do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, disse que o governo estuda mudar a lei de cultivares para que o uso de sementes salvas seja restrito a pequenos produtores. O objetivo é estimular as vendas de sementes certificadas.
Valor Econômico, 09/03/2006.

8. Argentina x Monsanto
O governo da Argentina pediu à Comissão Européia que interceda na disputa contra a Monsanto, que move ações em três países da UE para tentar receber royalties pela soja Roundup Ready exportada por argentinos. O país exporta ao bloco o equivalente a US$ 2 bilhões por ano em farelo, segundo a Reuters. Ontem, as cotações da soja recuaram na bolsa de Chicago, devido à valorização do dólar e às notícias sobre a gripe aviária. Segundo a Bloomberg, a alta do dólar pode levar compradores a reduzir os pedidos dos EUA e elevar as compras do Brasil. O papel para maio caiu 10,50 centavos de dólar, para US$ 5,90. O contrato para maio de grão da América do Sul caiu 10 centavos, para US$ 6,10. No Brasil, a alta do dólar fez o preço da soja subir. O indicador Cepea/Esalq subiu 0,5%, para R$ 26,37.
Valor Econômico, 08/03/2006.

9. CE autoriza milho transgênico para consumo humano
A Comissão Européia (CE) aprovou nesta sexta-feira (03-03) a comercialização do milho transgênico “1507” como alimento para humanos ou ingrediente alimentício nos mercados da UE, informaram fontes do bloco. Bruxelas aprovou a venda e o emprego em produtos como óleos e farinhas do milho geneticamente modificado para resistir a determinadas infestações de insetos.
Os produtos que contenham este organismo geneticamente modificado (OGM) deverão indicar na etiqueta. A CE autorizou o milho “1507” unilateralmente, depois que os ministros de Agricultura da UE não conseguissem um consenso. Não houve maioria suficiente a favor nem contra a permissão.
O milho “1507” foi manipulado geneticamente para resisti r melhor a parasitas lepidópteros (borboletas principalmente), à broca (praga) e para tolerar o herbicida glufosinato de amônio. Em novembro, a Comissão aprovou a importação e processamento para alimentação animal deste transgênico comercializado pela empresa Pioneer Hi-Bred, subsidiária da Dupont.
Desde que a UE pôs fim, em 2004, à moratória aplicada durante seis anos à autorização de novos transgênicos, todos os Organismos Geneticamente Modificados (OGM) foram aprovados pela Comissão já que os 25 países-membros não entram em acordo para liberá-los nem para impedi-los.
A Comissão apresentará no dia 9 um relatório sobre os progressos dos países do bloco na aplicação de regras nacionais que garantam a coexistência entre os OGM e outros tipos de cultivos (convencionais e orgânicos). Atualmente, a plantação de OGM com fins comerciais é muito restrita na UE. A Espanha é o principal produtor de transgênicos, principalmente de milho.
Em 2003, a Comissão indicou aos paí ses que desenvolvam estratégias que garantem a compatibilidade dos OGM com outras classes de agricultura, mas com caráter nacional e não comunitário. Bruxelas considera que as regras sobre a coexistência devem evitar prejuízos econômicos em conseqüência dessas misturas involuntárias.
Folha Online, 04/03/2006.

10. DuPont quer soja transgênica própria até 2009
A DuPont, a maior produtora mundial de sementes de milho e de soja, pretende iniciar a venda e o licenciamento de sua própria versão de sementes transgênicas resistentes a herbicidas em 2009. A nova semente chega para concorrer com a famosa tecnologia Roundup da Monsanto. A unidade Pioneer Hi-Bred International da DuPont prevê receber daqui a três anos a aprovação nos Estados Unidos para sementes de milho e soja que resistem ao glifosato, o nome genérico do herbicida Roundup da Monsanto, a ser vendido com o nome de marca Optimum GAT, disse o porta-voz Doyle Carr. As sementes resistem também aos chamados herbicidas ALS, como o sulfonilurea, ele disse. Com o GAT, a DuPont poderá deixar de pagar royalties à Monsanto e cobrar royalties dos produtores de sementes que agora compram a tecnologia da Monsanto. A DuPont desenvolve sementes de algodão GAT em sociedade com a Delta & Pine Land, maior produtora americana de sementes de algodão.
Gazeta Mercantil, 03/03/2006.

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Vivência em Agroecologia: a experiência de Carlos Loose  Cascatinha do Pancas, Colatina, ES.

Carlos Loose reside no Sítio Bonfim, na comunidade de Cascatinha do Pancas, no município de Colatina/ES. O Sr. Carlos é natural do município de Colatina, tem 48 anos de idade, descende de alemães e reside na comunidade desde que nasceu, casado com Maria Arlinda Strassmann Loose também de origem alemã com quem tem duas filhas, Tatiane de 19 anos e Taíse de 12 anos. A propriedade da família tem 37 hectares e tem como principais produtos em seu sistema de produção: café, coco, feijão, milho, quiabo, aipim, limão, laranja, mexerica, banana, ovos e leite.
A família começou a trabalhar com feira em julho de 1993, nessa época começaram vendendo quiabo em pequenos pacotes de 1 quilo, quando a feira era localizada próxima à rodoviária de Colatina, o fato do pai do Carlos ter comprado uma pampa, contribuiu muito para que o produto fosse levado para feira, a partir do momento que a família percebeu o aumento da renda familiar proveniente da feira e, conseqüentemente, a viabilidade econômica, resolveram, então, iniciar um processo de diversificação na propriedade, implantando assim áreas de aipim, limão, laranja e outras culturas.
Todos os trabalhos desenvolvidos na propriedade voltados para a Agroecologia e a produção orgânica tiveram inicio de forma natural, pelo fato da família perceber a importância de uma vida melhor e ainda a necessidade de contribuírem com a saúde do próximo. Hoje, grande parte dos fregueses que a família tem na feira valoriza seus produtos por transmitirem segurança alimentar na produção e sem uso de agrotóxicos.
A família trabalha junta na propriedade e faz a utilização de diversas práticas, principalmente de adubação, mas a mais utilizada é a cobertura.
http://www.agroecologiaemrede.org.br/experiencias.php?experiencia=160

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Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos

Este Boletim é produzido pela AS-PTA -- Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa [Tel.: (21) 2253-8317 / E-mail: [email protected]]

Para acessar os números anteriores do Boletim e outros documentos publicados pela Campanha, clique em: http://www.aspta.org.br.

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