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Produtores de suco questionam apelo comercial de laranja transgênica

"A pesquisa é muito importante, porque testa a resistência da laranja", diz Juliano Ayres, gerente da Fundecitrus. "Leva até dez anos para uma variedade em fase de estudo virar disponível comercialmente. Até lá, a percepção dos consumidores sobre transgênicos pode mudar."

De acordo com Ayres, a maior barreira à laranja transgênica viria da União Europeia, maior importador de suco de fruta.

"No curto prazo, o mercado talvez tenha dificuldade de aceitar, o que não significa que a pesquisa não deva ser feita. Nós apoiamos."

PRAGAS

O maior problema dos pomares de laranja é o "greening", praga que devastou a cultura na Flórida, nos Estados Unidos, em meados da década passada, e que afeta 16,73% das laranjeiras em São Paulo e no Triângulo Mineiro, segundo a Fundecitrus.

"Se a laranja transgênica fosse resistente ao 'greening', a gente já podia começar a conversar", diz Netto, do CitrusBR. "Amarelinho não é um grande problema."

A pesquisadora Alessandra Alves de Souza, do IAC, afirma que a vantagem da nova laranja é dispensar o uso de inseticidas no controle de pragas.

"Gasta-se muito com esses produtos e é cada vez menos sustentável, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental", diz.

A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), responsável pelo controle de variedades transgênicas, já liberou modificações de milho, soja, algodão, cana-de-açúcar, feijão e eucalipto. A laranja seria a primeira fruta a integrar a lista.

IGNORÂNCIA

Para Sylvia Wachsner, coordenadora de orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), a rejeição dos consumidores se deve à ignorância sobre o tema.

"A soja transgênica já está no país há 20 anos, e ainda assim é questionada. O consumidor não aceita porque tem medo, e não sabemos os malefícios que pode causar."

Para Souza, do IAC, é um preconceito. "A transgenia é uma opção para melhorar a resistência a doenças e para preservar o ambiente."

A pesquisadora estuda o tema desde 2000, quando foi feito o sequenciamento do genoma da bactéria do amarelinho, a Xylella fastidiosa.

Na variedade de laranja desenvolvida por sua equipe, a bactéria tem dificuldade de se multiplicar, o que reduz em 60% a incidência de CVC.

Fonte: Folha de São Paulo em 19-12-2017

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