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Monsanto cede e oferece desconto em royalties


Multinacional apresentou proposta à Abrasem que garante desconto de R$ 0,38 por quilo de semente transgênica

Vânia Casado, Equipe da Folha

Curitiba - A Monsanto, empresa norte-americana detentora da tecnologia de produção de sementes de soja transgê nica, voltou atrás e ofereceu descontos nos royalties que serão cobrados nas vendas de sementes de soja modificada geneticamente na safra 2005/2006. A multinacional apresentou uma proposta para a Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem), que vai resultar num desconto de R$ 0,38 por quilo de semente. Com isso o agricultor vai pagar R$ 0,50 a título de taxa tecnológica. Os produtores achavam caro a taxa fixada em R$ 0,88 por quilo de semente.

Essa oferta, porém, está na dependência dos produtores de sementes no Paraná concordarem com a proposta. Se houver consenso, a oferta será estendida para todo o País, informou o presidente da Abrasem, Iwao Miyamoto. O plantio de soja no Estado responde por 20% da produção nacional.

Segundo a Monsanto, o valor dos royalties para a safra 05/06 não terá abatimento apenas os acordos terão ''condições que favorecerão os produtores de sementes de forma que eles possam reduzir o valor final para os agricultores. Porém essa decisão cabe exclusivamente aos multiplicadores'', disse a empresa .


A proposta será submetida à aprovação, na próxima terça-feira, pelo presidente da Associação Paranaense de Produtores de Semente (Apasem), Luiz Meneghel Neto, no Congresso Brasileiro de Sementes, que será realizado em Foz do Iguaçu.

Segundo Miyamoto, a proposta teria sido aceita pelos setores envolvidos com o plantio e venda de soja como produtores, cooperativas, cerealistas e exportadores nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí. Nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Paulo, apenas os produtores de sementes receberam bem a proposta até agora, disse Miyamoto.

Segundo Miyamoto, esta proposta da Monsanto foi a melhor apresentada até agora em quatro meses de negociaçao. Ele aposta que ela será aceita no Paraná também, após admitir as resistências dos sementeiros que não vinham concordando com valores e contratos impostos pela multinacional.

Miyamoto disse ainda, que os produtores de sementes vão discutir com a Monsanto os termos do acordo que vai vigorar na próxima safra (06/07), antes de iniciar a produção de sementes de soja transgênica este ano. Para não micar com as sementes como aconteceu agora, os sementeiros querem discutir já os termos do acordo.

Os produtores de sementes em todo o País plantaram no escuro a semente de soja transgênica, que está no mercado este ano. Eles colheram 3,5 milhões de sacas de semente em todo o País, suficiente para plantio em todo o Paraná, que é o segundo maior produtor nacional de soja. Agora, estão ameaçados de não vender essa produção por falta de acordo com a multinacional.

''É melhor recuperar o que investimos agora, para não perder tudo'', disse Miyamoto. Segundo ele, o clima entre os sementeiros e a Monsanto já melhorou e há um clima de entendimento. Esse entendimento, porém, é na base do ''vamos perder os dedos, para não perder a mão''.

fonte:Folha de Londrina (Paraná), 19/08/05

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