Trigo transgênico é a nova polêmica
Reação dos consumidores provoca atraso em lançamento
Um novo produto promete colocar ainda mais fogo na polêmica dos produtos transgênicos: o trigo geneticamente modificado. A reação dos consumidores ao lançamento da semente resistente ao herbicida Roundup Ready (RR) fez com que a multinacional Monsanto - empresa detentora da patente - adiasse, no início do ano, o lançamento comercial do produto no mercado internacional. No Brasil, pesquisas com o trigo modificado estão apenas começando.
O Conselho do Trigo do Canadá solicitou à Monsanto local que retirasse seu pedido de avaliação da segurança ao ambiente. O conselho explicou que a introdução desse novo produto poderia resultar em perda de mercados e aumento nos custos do gerenciamento das lavouras. A organização não-governamental Fórum Internacional em Globalização, com sede em São Francisco (EUA), comprou essa briga. Um documento da entidade afirma que, se fosse aprovada, essa variedade resultaria em problemas econômicos e ambientais, tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá, que não seriam compensados pelas vantagens que a cultivar traria aos produtores.
De acordo com essa ONG, um estudo da Universidade de Iowa concluiu que, se o trigo transgênico fosse adotado, a indústria americana perderia de 30% a 50% dos negócios com os mercados internacionais. O principal temor do Fórum é a possibilidade de cruzamento da variedade geneticamente modificada com as convencionais.
- Também no Brasil o produto não seria recebido com tranqüilidade. Essa é uma questão de segurança alimentar, muito mais do que a soja. É um grão milenar, além de ter uso intensivo na alimentação do brasileiro - diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo do Estado (Sinditrigo), Rogério Tondo.
A prevenção é tanta a esse tipo de transgênico que há dois anos algumas empresas brasileiras já vêm exigindo da indústria fornecedora de farinha o laudo comprovando que não se trata de alimento geneticamente modificado. Ainda não há no mercado variedade comercial de trigo transgênico, mas as empresas já temem algum tipo de contaminação. Tondo assegura que, até hoje, não houve nenhum problema detectado nas amostras.
fonte: Zero Hora, Porto Alegre, 13/12/03
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