USDA revê previsão de embarques de soja de EUA, Brasil e Argentina
Giuliano Ventura e Alda do Amaral Rocha, De São Paulo
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve a estimativa de uma produção de 42,5 milhões de toneladas de soja na safra 2001/02 no Brasil, apesar da quebra de 15% na produção gaúcha. A manutenção do número já era esperada pelos analistas, que consideraram neutro o relatório divulgado na sexta-feira pelo USDA. O clima benéfico na região Centro-Oeste e no Paraná deverá compensar as perdas com a estiagem no Rio Grande do Sul.
No entanto, o USDA reduziu a estimativa para as exportações brasileiras de soja, de 18 milhões de toneladas para 17,7 milhões. Para Renato Sayeg, da corretora Tetras, o número anterior era considerado muito otimista.
A estimativa para as exportações americanas foi revisada para cima, pela terceira vez consecutiva - de 27,49 milhões de toneladas para 27,76 milhões.
O ritmo das exportações americanas está acelerado este ano. O principal motivo é a demanda chinesa. Desde setembro de 2001, as vendas externas do país acumulam 23,3 milhões de toneladas, 18% mais que no período anterior.
O aumento dos números das exportações de soja e a manutenção da safra em 78,68 milhões de toneladas fizeram o USDA cortar em 5,3% nos estoques dos EUA.
Para a Argentina também houve manutenção da produção (28,75 milhões) e queda de 400 mil toneladas na exportação, para 8,35 milhões de toneladas.
Os volumes de exportação ainda podem estar sujeitos a variação, segundo Antonio Sartori, da Brasoja. "Ninguém tem a mínima idéia de como serão os números de verdade enquanto a China não esclarecer as regras de importação de transgênicos", diz Sartori.
O relatório mexeu pouco no mercado. A surpresa veio da redução de 500 mil toneladas na previsão de importação da China, agora em 13,5 milhões. Notícias de que os EUA foram malsucedidos na tentativa de derrubar a nova legislação chinesa para importação de grãos pressionaram o mercado.Valor Econômico, Quarta-feira, 13 de fevereiro de 2002
Empresas & Tecnologia, Agronegócios - Safra
China vai reduzir importações de soja
São Paulo- O novo de oferta e demanda de grãos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado sexta-feira, apontou queda nas compras de soja da China, maior importador mundial do grão. O USDA prevê para o país asiático importações neste ano-safra 2001/02 de 13,5 milhões de toneladas, 500 mil toneladas ou 3,5% abaixo do volume previsto no relatório anterior, de janeiro.
Segundo Renato Sayeg, diretor da Tetras Corretora , de São Paulo, a redução nas importações chinesas foi uma das poucas surpresas entre as previsões para os grãos observadas no relatório de fevereiro do USDA, que não alterou os números das safras de soja dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina, os três maiores exportadores mundiais do grão.
Para Sayeg, a alteração para baixo nas compras de soja da China está atrelada aos problemas causados pelas indefinições sobre as novas regras de inspeção sanitária para a entrada naquele país de produtos agrícolas. 'As novas medidas vão entrar em vigor somente em 20 de março e até agora nada se sabe sobre essas novas regras', afirma Sayeg.
No mercado, fala-se de uma possível retaliação aos produtos transgênicos, o que afetaria principalmente os Estados Unidos, os maiores exportadores mundiais de soja e que plantam em larga escala o grão geneticamente modificado. 'No mercado entende-se que a China está planejando uma ofensiva contra os transgênicos não por uma preocupação sanitária, mas sim para proteger os produtores locais', diz Vinicius Ito, corretor da Fimat Futures , com sede em Nova York.
Para os analistas internacionais, as novas normas chinesas para lidar com os cultivares geneticamente modificados podem fechar o maior mercado estrangeiro para os estoques norte-americanos. A partir de 20 de março, os exportadores norte-americanos deverão obter certificados de segurança no Ministério da Agricultura para cada carga que ingressar em portos chineses. As normas poderão fazer com que os processadores chineses evitem comprar soja dos EUA, segundo informam analistas.
A restrição ao produto norte-americano, porém, poderá abrir espaço para a soja do Brasil, que teoricamente - na medida em que informações de mercado dão conta de que já há transgênicos em regiões do País, sobretudo no Rio Grande do Sul - ainda não adotou a tecnologia dos grãos geneticamente modificados. 'Os compradores chineses vão buscar a soja brasileira porque a maior parte do seu grão não é transgênico', diz Terry Riggensack, analista de grãos da Hartfield Trading Partners , de Chicago.
O USDA calcula que a China compre US$ 1 bilhão em soja dos Estados Unidos todos os anos, e responde por 21% das vendas totais dos americanos para o exterior.
A China aprovou normas no mês passado que exigem que todas as importações de produtos agrícolas e ingredientes para alimentos tenham certificados de segurança fornecidos pelo governo chinês. As regras substituem um acordo firmado pela China no outono passado para aceitar as garantias do governo dos Estados Unidos sobre a segurança dos produtos agrícolas transgênicos.
Alguns analistas ainda informam que os processadores chineses que produzem ração animal e óleo vegetal de soja vão relutar em registrar compras dos Estados Unidos por temor de que a carga fique retida nos portos durante meses. As normas 'não oferecem um arcabouço transparente e previsível', nem para os exportadores norte-americanos nem para os importadores chineses, afirmaram os funcionários do EUA.
O USDA fez uma ligeira alteração na sua previsão para a safra mundial de soja, de 182,83 milhões de toneladas, no relatório de janeiro, para 182,91 milhões de toneladas. No entanto, não mexeu nas estimativas para as safras norte-americanas (78,67 milhões de toneladas), brasileira (42,5 milhões de toneladas) e argentina (28,75 milhões de toneladas). Os estoques mundiais de soja sofreram pequeno aumento de 0,9%, para 28,96 milhões de toneladas.
O novo relatório do departamento norte-americano também alterou sua previsão para as exportações de soja do Brasil. O USDA reduziu em 300 mil toneladas os embarques brasileiros de soja, para 17,7 milhões de toneladas, em relação ao relatório anterior. 'Foi um reajuste normal, nada que possa mexer com o mercado', diz Sayeg. O diretor da Tetras lembra que o Brasil prepara-se para exportar um volume recorde de soja em grão este ano, bem superior (14%) ao embarcado no ano passado, de 15,5 milhões de toneladas.
Citros - A produção de laranja na Flórida, nos Estados Unidos, segundo maior região produtora mundial, atrás de São Paulo, totalizará 228 milhões de caixas de 40,8 quilos, o que significa queda de 1,3% em relação ao relatório divulgado em janeiro pelo governo norte-americano. A queda foi atribuída ao clima quente registrado nas principais regiões produtoras, o que prejudicou perdas em algumas árvores e nos frutos.
A produção da safra 2001/02 no entanto ainda é 2,1% superior à obtida no período anterior, quando aquele estado norte-americano colheu 223,3 milhões de caixas.
Milho - O governo norte-americano prevê queda de 0,4% na produção mundial de milho na safra 2001/02 para 583,08 milhões de toneladas em relação ao volume de 585,59 milhões de toneladas obtidas no período anterior. Os Estados Unidos, maiores produtores mundiais, deverão colher 241,49 milhões de toneladas, sem alteração em comparação à estimativa de janeiro.
Trigo - A previsão do USDA para a oferta mundial de trigo ficou praticamente inalterada neste mês, em comparação a janeiro. A produção é estimada em 578,64 milhões de toneladas, em comparação ao volume previsto em janeiro de 578,45 milhões de toneladas. O órgão reviu para baixo sua previsão de safra de trigo da Argentina, maior fornecedor do grão para o Brasil. Segundo o USDA, os argentinos colherão 15,7 milhões de toneladas, 4,8% inferior ao volume previsto em janeiro, de 16,5 milhões de toneladas.
Algodão - A estimativa para a safra mundial de algodão será ligeiramente superior, segundo o relatório. A produção é estimada em 96,87 milhões de toneladas, 0,2% a mais em relação a janeiro, de 96,68 milhões de toneladas. Os estoques devem crescer 13,6%, para 43,93 milhões de toneladas.
(Gazeta Mercantil/Página B14) (Denis Cardoso)
Gazeta Mercantil, 13 de fevereiro de 2002 - Agribusiness
A ação de enzimas selecionadas e modificadas, poderá transformar, dentro de um ano, as penas de frangos e galinhas acumuladas como subproduto em indústrias avícolas, em matéria-prima para ração animal. A pena é rica em nutrientes e micronutrientes importantes, como potássio, cálcio, enxofre e cobre, mas não costumam ser usadas em rações por sua difícil digestibilidade.As enzimas entram exatamente ai, quebrando proteínas duras das penas e oferecendo melhor os nutrientes para as aves. 'Usamos proteases, que são enzimas de microorganizamos, encontrados na natureza, geneticamente modificadas para facilitar a produção em massa', explica o bioquímico Carlos Felix, coordenador da pesquisa no Laboratório de Enzimologia da Universidade de Brasília. A enzima estará disponível ao mercado nacional em um ano. Para uso comercial, é necessário fazer a formulação da ração.
=========Maiores informações sobre o projeto envolvendo as enzimas dos microorganismos geneticamente modificados utilizados na proteólise de penas de aves devem estar disponíveis através da presidente da Comissão Interna de Biossegurança da Universidade de Brasília - UnB, a Dra. Beatriz Dolabela de Lima <[email protected]>, Dept. de Biologia Celular/ UnB, Laboratório de Microbiologia, CEP: 70910-900 Brasília/DF. (61) 307-2176 (61) 273-4608 (Informações do sítio da CTNBio)
CORREIO DO POVOPORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 13 DE FEVEREIRO DE 2002
Compra da Aventis pela Bayer muda agroscience
São Paulo - O mercado brasileiro de agroscience está prestes a sofrer uma verdadeira reviravolta a partir de abril, com a completa incorporação da Aventis CropScience pela alemã Bayer. A exemplo do que acontecerá em nível mundial, a nova Bayer CropScience encostará na líder Syngenta, deixando para trás competidoras como DuPont, Dow Química, Monsanto e Basf.
Para não ver seus negócios afundarem no mundo, ou no Brasil - um dos principais mercados para a atividade de agroscience -, o mais provável é que as demais players do mercado se unam para enfrentar a concorrência. "E não me admira se até o fim do ano haja alguma movimentação neste sentido entre a DuPont, a Dow, a Monsanto e a Basf", comentou o atual presidente da divisão fitossanitária da Bayer e futuro presidente da Bayer Agroscience, Jochen Wulff.
Brasil, terceiro mercado
O Brasil, que hoje já é o terceiro mercado da Bayer no segmento de cuidados com as plantas - com 10% do faturamento global da área, atrás apenas dos Estados Unidos e da França - apresenta taxa de crescimento médio anual de 10% para a atividade de agroscience, contra os 4% do restante do mundo. De olho nesse potencial de mercado, a idéia da Bayer é ampliar, no menor tempo possível, sua atual participação no mercado brasileiro - de 20% - para fazer frente à líder Syngenta.
Um dos segmentos que devem impulsionar esse crescimento é o de herbicidas, que, com a incorporação da CropScience, passa a ocupar a segunda colocação no mercado nacional. O diretor da área de proteção das plantas da Bayer para o Brasil e América Latina, Jean-Pierre Longueteau, destaca que para se fazer bons negócios no País é necessário oferecer um bom pacote de produtos, especialmente na área de herbicidas, daí a importância da incorporação da Aventis.
"Para se ter uma idéia, o cultivo de soja consome cerca de um terço da produção de fitossanitários do País. Desse total, 70% são herbicidas", exemplifica Longueteau. Segundo o executivo, as vendas de herbicidas no País têm um peso bastante superior em comparação com outras regiões do mundo. No Brasil, elas correspondem a cerca de 55% do total gerado, contra a média de 45% praticada no restante do mundo.
Atualmente, o portfólio mundial da Bayer é composto em 42% por inseticidas, 29% por fungicidas, 18% por herbicidas e 11% pela área de jardinagem e cuidados profissionais. A partir da fusão, esses valores se modificarão para 33%, 23%, 34% e 10%, respectivamente.
Investimentos
Diante do alto custo de aquisição - de 7,25 bilhões de euros (US$ 6,35 bilhões) da Aventis e da expectativa gerada pela concretização desse negócio, a Bayer não pretende fazer investimentos específicos em nenhum mercado do mundo, nem mesmo no Brasil. Segundo Wulff, a idéia é observar como a companhia se comportará após a fusão e manter apenas o ritmo de aplicações nas áreas de pesquisa e desenvolvimento.
"Em 2001 investimos entre 11% e 12% de nossas vendas em pesquisa e desenvolvimento. Neste ano, assim como nos próximos, devemos manter uma média de 10%", comenta Wulff.
A intenção da gigante alemã é promover uma reorganização de funcionários, evitando ao máximo demissões. "O potencial do mercado brasileiro somado à nossa crença de que iremos crescer vai justificar um corte insignificante de pessoas", aponta Longueteau. Juntas, as duas companhias empregam no País cerca de 700 funcionários, distribuídos pela unidade da Bayer, localizada no Rio de Janeiro, e na da Aventis, sediada em Portão (RS).
Amanda BrumAgência Estado, Quarta-feira, 13 de fevereiro de 2002 - 18h48 - Economia
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2002/fev/13/201.htm
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