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Vigilância Sanitária apreende transgênicos em BH

Transgênicos - Organismos Geneticamente Modificados

Informações Publicadas em  09/01/2001


Vigilância Sanitária apreende transgênicos em BH
 

Jaqueline da Mata, Repórter

Os fiscais da Vigilância Sanitária de Belo Horizonte apreenderam, ontem, diversos produtos modificados geneticamente (transgênicos) que estão sendo comercializados em supermercados da capital mineira. Em apenas dois estabelecimentos foram recolhidos 36 produtos. No Champion, da rua Ceará, os fiscais apreenderam 19 embalagens do creme de milho verde Knorr. Já no Epa, da rua Conselheiro Lafaiete, foram recolhidas 17 unidades do sopão de galinha, também da marca Knorr. O balanço do primeiro dia de fiscalização será divulgado hoje.

A blitz deflagrada pela Vigilância Sanitária está mobilizando 120 fiscais que irão atuar junto a oito mil estabelecimentos comerciais da capital. 
Inicialmente a vigilância está apenas advertindo o estabelecimento que têm que retirar o produto da prateleira. Se dentro de 48 horas (o prazo vence amanhã para os estabelecimentos fiscalizados ontem) continuar a comercialização dos alimentos (veja arte) será aplicada multa de R$ 4.818. 
Em caso de reincidência a multa dobra e o alvará de funcionamento do estabelecimento poderá ser cassado.

A operação da Vigilância Sanitária foi iniciada ontem, em Belo Horizonte quando terminou o prazo de 60 dias da lei número 8.111, de autoria do vereador André quintão (PT) sancionada em 8 de novembro de 2000, que proibiu a venda de alimentos transgênicos na capital.

No primeiro supermercado fiscalizado, Champion da Rua Ceará no Funcionários, foram recolhidos 19 pacotes do creme de milho da Knorr. 
"Notificamos o estabelecimento que deverá manter os produtos dentro de seu próprio depósito para depois devolver para a fábrica. Se descumprirem a lei vamos aplicar multa de R$ 4.8178", disse o chefe da Vigilância Sanitária, que estava no comando da operação, Gilberto Gomes Lima. No Extra da Avenida Francisco Sales nada foi encontrado.

Quatro dos 15 produtos inicialmente incluídos na lista dos transgênicos foram liberados: o Nestogeno (Nestlé), Supra Soi (Josapar), Soy Milke (Olvebra) e Cereal Shake Diet. Segundo Lima, estes produtos foram analisados pelos mesmos laboratórios que prestam serviço para o Greenpeace sendo fornecidos os resultados das análises comprovando a ausência de transgênicos em suas composições.

De acordo com a presidente da Associação Mineira de Nutrição, Jussara Passos de Oliveira, ainda não se sabe os efeitos que este tipo de alimento pode provocar no ser humano. "Todo cuidado é pouco. A sociedade está, cada vez mais consumindo alimentos contaminados por agrotóxicos causando uma série de problemas. Antes de comercializar os produtos transgênicos é preciso resultados de pesquisas mais aprofundadas", disse Jussara. Um exemplo citado pela nutricionista é o da soja Roundup Ready. Segundo ela, o agrotóxico utilizado na proteção da soja contém uma substância, Glifosato, que é cancerígena. "Os cientistas ainda não sabem os efeitos da mistura de gens do reino animal com o vegetal e vice-versa e a sociedade está cobrando estudos mais detalhados", ressaltou Jussara. Ela lembra que entre as finalidades dos produtos transgênicos estão o aumento da produtividade com a diminuição do manejo humano, o combate a pragas nas plantações e o aumento do teor nutricional do alimento.

A primeira investida contra os alimentos transgênicos aconteceu em agosto do ano passado, quando o vereador Roberto Sales Barbosa (PFL) criou a Lei 7.978, sancionada pelo prefeito Célio de Castro, exigindo a identificação de produtos com componentes transgênicos em placas estrategicamente colocadas nas gôndolas dos estabelecimentos comerciais.

 
HojeEmDia, Belo Horizonte, Terça-Feira 09/01 Economia
http://www.hojeemdia.com.br/hojedia.cgi?funcao=L&codigo=e001&data=0109

Comercialização de milho será lenta
 
São Paulo - A comercialização da safra nova de milho, a 2000/01, prevista em 34,572 milhões de toneladas, volume 24,7% maior que a colheita anterior, deve seguir lenta nos primeiros seis meses deste ano. A política de compra das empresas, entre elas, a Perdigão, a Avipal, a Agribrands (licenciada da Purina e adquirida pela Cargill), e a Guabi, será da 'mão para a boca', diante da maior oferta do grão.

O início da colheita de milho em 2000 foi marcado por grande pressão do mercado, ao contrário da deste ano, segundo fonte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 'A colheita da safra 1999/00 começou tardia e havia incertezas sobre o volume total da produção, pressionando as compras.'

A oferta de milho no ano passado também foi comprometida pela quebra da safrinha, afetada pelas geadas, sobretudo no Sul do País. Estimulados pelos preços remuneradores da saca de 60 quilos no início do segundo semestre de 2000, entre R$ 15 e R$ 15,50 em agosto e setembro, na praça de Campinas (SP), os produtores dedicaram-se ao plantio do grão, com aumento da área plantada no País, de 12%, para 11,078 milhões de hectares esta safra.

Analistas de mercado calcularam na época que a saca do milho poderia chegar a R$ 17 entre novembro e dezembro últimos e as importações seriam entre 3 milhões e 4 milhões de toneladas. Essas projeções levaram as empresas a fazer altos estoques. Mas as estimativas não se concretizaram. 
As importações até o dia 24 de dezembro foram de 1,926 milhão de toneladas e a média dos preços entre novembro e dezembro, em Campinas, ficou em R$ 13,60 e R$ 10,80, respectivamente. As cotações do grão começaram a cair em outubro diante da menor demanda, já que as empresas já estavam abastecidas. 
Os preços atuais da saca do milho na praça de Campinas está em R$ 10,60, a saca de 60 quilos, 61,3% menor que o mesmo período do ano passado.

Diante do cenário abundante de oferta e preços atraentes, as empresas decidiram abastecer-se apenas para suas necessidades mensais nesta safra. 'Não vamos precisar carregar nossos estoques, como no segundo semestre do ano passado', diz Paulo Ernani de Oliveira, diretor de suprimentos da Perdigão. A empresa consome mensalmente 100 mil toneladas de milho por mês e manteve no segundo semestre estoque para três meses, com preços médios entre R$ 12,50 e R$ 13, a saca do milho, adquiridos na época. 
A empresa deve elevar este ano seu consumo de ração animal, proporcionalmente ao aumento de abate de aves e suínos em sua nova fábrica de Rio Verde (GO), afirma Oliveira. Atualmente, a unidade de Goiás abate 72 mil aves por dia, mas com capacidade de abater 280 mil unidades diárias. O abate atual de suínos é de 700 unidades diárias, com capacidade de 3,5 mil animais/dia. 'Também pretendemos aumentar nossa produção de peru', afirma Oliveira. A fábrica de Carambeí (PR) abate diariamente 16 mil aves de até 15 quilos e 32 mil perus de 5 quilos.

A Avipal vai ficar fora do mercado até o final deste mês, segundo José Carlos Treiguer, diretor-adjunto. A empresa ainda tem um estoque adquirido no ano passado, suficiente para janeiro, e está fazendo suas aquisições aos poucos, parte proveniente da safra anterior e de colheitas prematuras do Sul. O consumo mensal é de 40 mil toneladas.

Seguindo a mesma tendência, estão as principais fabricantes de ração animal do País, a Agribrands (licenciada da Purina) e Guabi. 'Estamos projetando nosso consumo dentro do quadro que visualizamos no momento, de uma ótima oferta', conta Carlos Bellato, gerente de suprimentos da Agribrands.

A maior oferta de milho do País fará o governo rever para cima o volume que será adquirido nesta safra. A estimativa inicial era comprar 2 milhões de toneladas, segundo Vilmondes de Olegário da Silva, diretor de Abastecimento, do Ministério de Agricultura. As importações para este ano devem cair 85% para 300 mil toneladas e as exportações estão sendo estimadas pelo mercado em cerca de 100 mil toneladas. (Gazeta Mercantil/Página B14) (Mônica Scaramuzzo)
 
Gazeta Mercantil, 9 de janeiro de 2001

Embrapa cria parceria para soja transgênica
 
Ribeirão Preto - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Soja), de Londrina (PR), e 61 processadoras de sementes dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná firmaram parceria para melhorar geneticamente o grão. Para administrar o projeto, que deve absorver recursos na ordem de R$ 1 milhão a R$ 1,2 milhão por ano, foi constituída juridicamente uma nova empresa, a Fundação Meridional. A previsão é de que as novas variedades, em diferentes estágios de desenvolvimento, comecem a ser lançadas no mercado a partir de 2002.

As 61 sementeiras respondem por 94% da produção dos três estados e por 37,5% da oferta brasileira, diz Luiz Carlos Miranda, gerente da área de negócios da Embrapa. Segundo ele, os parceiros terão como benefício, por oito anos, a exclusividade comercial das variedades que ajudaram a desenvolver. O prazo integral para proteção é de 15 anos.

A Sementes Brejeiro, de Orlândia (SP), é uma das quatro empresas paulistas integrantes do projeto. Gustavo Gonçalves, engenheiro agrônomo e gerente de marketing da empresa, diz que os municípios de Morro Agudo, Nuporanga e Batatais foram escolhidos para fazer parte da rede de ensaios de melhoramento genético da soja. O projeto deve gerar 800 linhagens do grão.

Gonçalves diz que o tempo médio para o lançamento de uma nova variedade oscila entre seis e oito anos. Em sua opinião, a parceria pode suprir as principais carências encontradas em São Paulo referentes à qualidade e à produtividade da soja. Um dos problemas da cultura na região da Alta Mogiana, segundo o técnico, é o nematóide de galhas, um verme que suga a seiva da planta pela raiz, comprometendo até 60% das lavouras.

De acordo com Gonçalves, considera-se, no caso da soja, ciclo curto 110 dias e normal, 130 dias. A produtividade ideal é de mais de 41,32 sacas de 60 quilos por hectare. A média, no entanto, nas lavouras paulistas é 10% menor.

Segundo Miranda, só a Embrapa gera anualmente 60 mil linhagens que precisam ser testadas antes de se determinar quais delas serão aprovadas. 
Desse total, apenas duas ou três são classificadas como novas variedades. 
'Nossa expectativa é de que esse percentual se mantenha também no projeto'.

O processo de seleção das plantas abrange cinco fases: ensaios preliminares de primeiro e de segundo anos, intermediário, final de primeiro ano e última fase de segundo ano. Dos 23 pontos de testes, dois são conduzidos só pela Embrapa e os demais em conjunto com a Fundação Meridional e colaboradores. (Gazeta Mercantil/Página B14) (Daniele Gonçalves, da Gazeta Mercantil - Interior Paulista)
 
Gazeta Mercantil, 9 de janeiro de 2001

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