Transgênicos - Organismos Geneticamente Modificados
Notícias publicadas ou recebidas em 21/06/2000
Idec pede à Vigilância Sanitária retirada de lotes dos supermercados Alimentos alterados no Brasil |
O Instituto de Defesa do Consumidor
(Idec) e o Greenpeace divulgaram os resultados de testes
laboratoriais realizados em 41 produtos alimentícios
para detecção de ingredientes transgênicos. Foram
encontrados organismos modificados geneticamente (soja
Roundup Ready e Milho BT) em 11 produtos.
O Idec solicitou à Agência de Vigilância Sanitária a retirada do mercado dos lotes dos produtos. Pediu ainda a análise, no desembarque, de todos os lotes de ingredientes e/ou alimentos de países onde são produzidos transgênicos. Segundo a presidente do Idec, Marilena Lazzarini, os produtos estão sendo comercializados ilegalmente, já que uma liminar da Justiça impede a comercialização e o cultivo de produtos transgênicos no país. Além disso, ela argumentou que o Código de Defesa do Consumidor exige a rotulagem de todos os produtos. Ainda não existe no Brasil norma para rotulagem de transgênicos. O Idec enviou amostras de 31 produtos para o laboratório Interlabor Belp AG, na Suíça. O critério para a escolha dos produtos foi a existência de derivados de milho e soja e a freqüência com que os itens eram encontrados nos supermercados. Do total de produtos, 18 eram nacionais. Dos 31 itens, nove contém produtos transgênicos: cinco brasileiros e quatro importados. O Greenpeace, que enviou amostras de 11 produtos para o laboratório austríaco Umwelbundesamt, utilizou critério semelhante (as duas organizações enviaram amostras de um mesmo produto para pesquisa). Mas escolheu também produtos importados de países onde há cultivo de transgênicos. Entre os produtos em que foi detectada a presença de transgênicos está o Nestogeno com Soja, da Nestlé Brasil (lote S2PF11). No produto, utilizado na alimentação infantil, foi encontrado menos de 0,1% de soja Rondup Ready. A assessoria de imprensa da Nestlé Brasil comunicou oficialmente que a empresa tem atestado de laboratórios de reputação científica internacional garantindo que a soja utilizada (no Nestogeno com Soja) é isenta de organismos geneticamente modificados. A mesma informação já havia sido enviada ao Idec. No Cereal Shake Diet (sabor morango, fabricado em 03/12/99), da Olvebra Industrial, foi detectada a presença de 1,5% de soja Roundup Ready. A empresa afirma que fez parceria com a Cotrimaio, para fornecimento de soja e farelo de soja não-transgênicos na safra 99/2000. Admite, porém, que a safra 98/99 ficou comprometida, visto a indecisão (sobre os transgênicos) que pairava no Brasil. Outro produto em que foi detectada a presença de soja transgênica (4,7%) foi o Creme de Milho Verde Knorr, da Refinações de Milho Brasil. Neste caso, foram realizados dois testes, segundo o Idec. Como o produto não contém soja em sua composição, a Refinações questionou o resultado. Um segundo teste confirmou a presença da soja, disse o Idec. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), Edmundo Klotz, afirmou que os produtos não são ilegais, já que não há plantio comercial autorizado de grãos transgênicos no país. No caso dos importados, os produtos são controlados pelos Ministérios da Agricultura e da Saúde, disse. Outros produtos com presença de transgênicos, de acordo com os testes foram: BacOs , Cup Noodles, ProSobee, Salsicha Tipo Viena, Supra Soy, Soy Milke, batata frita Pringles e BacOn Pieces. |
Teste Positivo é mais confiável que negativo |
A identificação por PCR (Reação de
Polimerase em Cadeia) da soja ou do milho transgênicos
nos alimentos industrializados é mais confiável quando
o resultado do teste é positivo. Ou seja, a ausência de
detecção não significa que o produto não contenha, de
fato, ingredientes transgênicos.
A PCR produz muitas cópias de uma seqüência de DNA. A técnica é usada para detectar genes de qualquer origem (bactérias, vírus, plantas ou animais). No entanto, para amplificar a seqüência, é preciso
que o DNA esteja minimamente preservado. O que muitas
vezes acontece, no processo de industrialização, é que
na manipulação dos ingredientes o DNA pode ser A invenção da PCR deu a Kary Mullis o Nobel de Química de 93. Questão legal ainda está indefinida MARCELO LEITE, EDITOR DE CIÊNCIA O Brasil vive uma situação paradoxal, no que respeita à regulamentação dos alimentos transgênicos: plantar (ainda) não pode, mas importar e vender pode. O órgão responsável pela autorização para plantar é a CTNBio, ou Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Ela foi criada para dar pareceres técnicos conclusivos sobre a segurança de organismos geneticamente modificados (OGMs). Centenas de autorizações para plantio de OGMs fora de estufa já foram dadas, mas apenas em caráter experimental, para empresas e institutos interessadas em fazer testes de campo com variedades transgênicas. Houve só uma exceção: em setembro de 98, a CTNBio autorizou o plantio em escala comercial da soja Roundup Ready, da Monsanto, modificada para resistir ao herbicida glifosato. A licença foi contestada na Justiça pelo Idec e pelo Greenpeace. Em 10 de agosto de 99 o juiz federal Antônio Souza Prudente determinou a suspensão do plantio até que se realizasse estudo de impacto ambiental. Resumindo: até o presente, inexiste plantação legal em larga escala (não-experimental) de OGM no Brasil. Isso não quer dizer que OGMs não estejam sendo consumidos, como comprovou o teste das ONGs. Ocorre que importar OGMs não é proibido. Segundo a instrução normativa número 17 da CTNBio, de dezembro de 1998, a importação e comercialização de produtos derivados de OGM não é de sua competência. Regulamentá-la e fiscalizá-la caberia aos ministérios da Saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente. A Lei de Biossegurança (número 8.974/95), porém, não deixa muita dúvida: "Os produtos contendo OGM, destinados à comercialização ou industrialização, provenientes de outros países, só poderão ser introduzidos no Brasil após o parecer prévio conclusivo da CTNBio e a autorização do órgão de fiscalização competente". |
Folha de São Paulo |
CUIDADO COM ESTES PRODUTOS! |
Produtos com resultado positivo no teste
de transgenia O IDEC Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e
o Greenpeace realizaram uma pesquisa onde foram
analisados, em laboratório suíço, 31 produtos
presentes no mercado brasileiro. * Não atende às exigências previstas na Lei de
Biossegurança nº 8974 de 1995. RISCOS DOS TRANSGÊNICOS PARA A SAÚDE DO CONSUMIDOR: M AUMENTO DE ALERGIAS |
Foto: Greenpeace |
Transgênico entra
ilegalmente no país |
Testes feitos em laboratórios europeus
a pedido do Greenpeace e do Instituto de Defesa do
Consumidor (Idec) detectaram presença de até 8,7% de
organismos geneticamente modificados (OGMs) na
composição de 10 produtos nacionais e importados
comercializados no Brasil. Com base no resultado, o grupo
ambientalista e o Idec vão solicitar ao Ministério da
Saúde e ao Ministério da Agricultura que os produtos
sejam retirados das prateleiras dos supermercados.
Entre os alimentos em que foi encontrada a presença de OGMs estão os salgadinhos BacOs, com 8,7% de soja transgênica, a sopa Knorr (4,7% de milho transgênico) e o macarrão instantâneo Cup Noodles (4,5% de soja transgênica). A Lei de Biossegurança brasileira (8.974/95) proíbe a comercialização de produtos transgênicos no país. Violação - "Os testes mostram que há empresas infringindo a lei", disse Mariana Paoli, coordenadora da campanha de transgênicos do Greenpeace no Brasil. Segundo o consultor técnico do Idec, Sezifredo Paz, a venda de produtos à base de organismos geneticamente modificados também viola o Código de Defesa do Consumidor, que exige a especificação da composição no rótulo dos alimentos. "Estes produtos não indicavam a presença de OGMs em suas embalagens", contou. Ao todo foram analisados 42 produtos. "O que nos surpreendeu foi encontrar alimentos
nacionais com transgênicos. Talvez a importação de
matéria-prima de países onde os transgênicos são
liberados, como a Argentina e os Estados Unidos, sejam a
origem da contaminação", disse
Mariana. Além de pedir que os fabricantes retirem os
alimentos de circulação, o Idec vai pedir que o governo
federal notifique as empresas sobre a proibição da
venda dos produtos e vai exigir Rotulagem - O representante do Ministério da
Agricultura na Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio), Paulo Borges, disse que a
CTNBio, órgão ligado ao Ministério de Ciência e
Tecnologia que responde Na segunda-feira, o juiz federal Hélio Silvio Ourem Campos concedeu liminar a uma ação impetrada pela Procuradoria Federal, proibindo a descarga de 38 mil toneladas de milho, supostamente transgênico, vindas da Argentina. O navio argentino está aportado no Porto de Recife, em Pernambuco. A decisão será mantida até que se comprove a inexistência de OGMs na carga. Riscos - Os riscos causados pelo cultivo de
transgênicos à saúde humana e à natureza são motivo
de polêmica. Aqueles que os defendem alegam que a
biotecnologia pode acelerar a produção agrícola e
acabar com a fome no O milho BT, por exemplo, tem um gene que o deixa resistente a certos antibióticos. Em pessoas e animais que comem produtos feitos com este milho, tais antibióticos podem simplesmente não surtir efeito. O milho também produz uma toxina que mata insetos, podendo causar desequilíbrio no ecossistema. |
Jornal do Brasil, Quarta-feira, 21 de
junho de 2000 DANIELLE NOGUEIRA |
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