ADM e Tate & Lyle Desaconselham Produtores a Cultivar Transgênicos |
São Paulo, 20 - ADM E Tate & Lyle, duas
das maiores empresas de processamento de grãos dos Estados Unidos, estão
desencorajando os produtores do Meio-Oeste americano a plantar grãos
geneticamente modificados. Segundo
matéria publicada hoje no Wall Street Journal, essas empresas estão
reagindo à polêmica que envolve o milho StarLink, produto proibido
para consumo humano, mas que foi encontrado em milhares de produtos
vendidos nos EUA e no Japão. Essa resistência aos transgênicos, que começa a tomar conta de processadores e empresas de distribuição, pode prejudicar a poderosa indústria de biotenologia norte-americana. No início deste ano, grupos anti-biotecnologia conseguiram fazer esse setor perder parte de suas vendas através de lobby junto aos produtores, que realizavam, na época, o plantio de primavera. Outra estação de vendas fracas pode corroer a capacidade das empresas que investem em modificação genética de recuperar os altos custos aplicados nas pesquisas. A britânica Tate & Lyle, através de sua subsidiária americana, AE Staley Manufacturing Co, enviou uma carta aos produtores rurais que fornecem grãos para suas quatro unidades norte-americanas aconselhando que eles evitem plantar os grãos não aprovados pela União Européia (UE), seu maior mercado. Na prática, a empresa quer evitar as ondas de "recalls" causadas pela identificação de transgênicos não aprovados em produtos alimentícios comercializados nas prateleiras européias. As processadoras, que movimentam milhões de bushels de grãos todos os dias, não estão preparadas para impedir que grãos transgênicos impróprios sejam destinados para os lugares errados. Os testes para identificação de organismos geneticamente modificados são caros e demorados. "A única seleção segura é o plantio de grãos sem modificação genética", afirma a Tate & Lyle na carta enviada aos produtores. O polêmico StarLink é apenas mais um dos vários tipos de transgênicos cultivados nos EUA, mas é o único que não pode ser consumido por causar reações alérgicas. Várias companhias americanas tiveram que retirar do mercado centenas de produtos, como as famosas massas de taco, nos últimos dois meses devido à presença do StarLink. A Archer-Daniels-Midland Co., (ADM) colocou anúncios em 24 estações de rádio nos estados de Iowa e Illinois advertindo os produtores de que vai comprar apenas os grãos que "tiverem obtido aprovação nos principais mercados mundiais". "Não queremos outro Starlink," afirmou Larry Cunningham, porta-voz da ADM que, junto com a Tate & Lyle, estão criando uma dor de cabeça não só para a Aventis, dona do StarLink, mas principalmente para a Monsanto, cujo principal produto é o milho tolerante ao herbicida Roundup. O milho, chamado Roundup Ready é aprovado para consumo nos EUA, mas não na União Européia. Hugh Grant, chefe do escritório de operações da Monsanto afirmou que as vendas do Roundup Ready vão crescer significativamente este ano, apesar de toda a movimentação contra os transgênicos, porque a satisfação do produtor com o cereal é grande. Ele criticou as duas companhias afirmando que "é uma vergonha confundir os produtores". O Roundup Ready é cultivado em apenas 3% das áreas destinadas ao milho nos EUA. Ao contrário da soja de mesmo nome, que responde por metade da safra do grão no país e pode ser exportada para a UE. As informações são da Dow Jones. (Ana Conceição) |
http://www.agrocast.com.br 20/11/2000 - 13h56 |
Depois da Syngenta, Aventis coloca à venda área de agrícolas. A próxima pode ser a Monsanto |
A moda nas bolsas de valores pode ser tão instável
quanto a das passarelas. Uma das últimas grandes idéias a enfrentar
dificuldades é a companhia de "ciências da vida", com divisões
de agricultura, farmácia e nutrição, tudo sob o mesmo teto. O sucesso
foi alardeado em meados da década de 1990 por empresas que esperavam além
de sinergias, uma colheita de produtos novos.Esta semana a Aventis
anunciou que vai se desfazer da divisão agrícola no final do ano que
vem, uma forma de ganhar tempo para o sonho das ciências da vida. Não
é de surpreender: enquanto as vendas da divisão farmacêutica
atingiram 11,8 bilhões de euros (US$ 11,1 bilhões) nos nove primeiros
meses deste ano, com crescimento de 16,2% em relação ao mesmo período
de 1999, as vendas da Aventis CropScience, a empresa agroquímica e de
sementes transgênicas, encolheram 1,4%, ficando em 3,5 bilhões de
euros. As vendas de produtos agrícolas caíram com a baixa nos preços
das commodities, além da reação popular contra os alimentos transgênicos
na Europa. A dispendiosa confusão em curso nos Estados Unidos sobre o
milho transgênico da Aventis veio prejudicar ainda mais a empresa.
A Aventis não é a primeira a vender sua divisão agrícola. No ano passado a AstraZeneca e a Novartis, outras duas que pregavam a ciência da vida, concordaram em unir suas divisões agrícolas. A nova empresa, a Syngenta, fez sua estréia no mercado acionário em novembro. A perspectiva era levantar US$ 10 bilhões. Contudo, depois do primeiro dia de negociação, a capitalização de mercado da Syngenta ficou pouco acima de US$ 5 bilhões. A Aventis vai observar como a Syngenta se sai, enquanto resolve se emite títulos de sua empresa agrícola ou a vende (a empresa aventou a hipótese de fazer um IPO, mas desistiu frente ao mau desempenho na estréia das outras companhias do setor). O aborto das ciências da vida não foi surpresa para os céticos que consideravam a iniciativa não uma estratégia empresarial, mas um rótulo interessante segurar o que sobrara das companhias que tentaram "evoluir" pela liberação de ativos de produtos químicos cíclicos de margem baixa. Como indica Michael Pragnell, diretor da Syngenta, manter juntos produtos agrícolas e farmacêuticos proporciona sinergias na pesquisa básica, mas elas evaporam quando se trata de avançar no desenvolvimento e no marketing. E essas vantagens se dissolvem facilmente pela tensão de ter de administrar duas empresas diferentes. E as empresas que ainda mantêm produtos agrícolas e medicamentos juntos? A Pharmacia, companhia farmacêutica que comprou a Monsanto, deve vender toda a área agrícola nos próximos dois anos. A DuPont - que atua em produtos químicos-, no ano passado aumentou sua exposição aos negócios agrícolas com a compra, por US$ 7,7 bilhões, da Pioneer Hi-Bred. As deficiências de sua divisão farmacêutica são cada vez mais aparentes. Dois de seus produtos mais importantes estão ameaçadas pela competição dos genéricos e sua proteção de patentes não é eficiente. P.J. Juvekar, analista de produtos químicos da Schroder Salomon Smith Barney, acredita que a DuPont não tem tamanho para sobreviver na produção de medicamentos e provavelmente venderá a empresa. Há quem diga que a Basf, alemã, está considerando uma medida semelhante. Embora a sua divisão de produtos agroquímicos tenha crescido com a compra da American Cyanamid no início deste ano, sua divisão de medicamentos é relativamente pequena. Contudo a Basf vem lucrando em um medicamento para disfunção da tireóide e outro contra obesidade. Uma das últimas empresas a manter juntos os produtos farmacêuticos e os agrícolas é a Bayer. Ao contrário do resto do setor, cujas margens operacionais no agronegócio não chegam à metade dos farmacêuticos, a divisão agroquímica da Bayer é mais lucrativa. A companhia tentou fortalecer sua divisão de medicamentos com alianças com empresas de biotecnologia e está ansiosa por achar um sócio. Mas é improvável que ela mude sua estratégia antes de 2002, quando seu diretor executivo, Manfred Schneider, se aposenta. É possível que tenha poucas alternativas. A consolidação e a competição tornam cada vez mais difícil às empresas ganhar nos dois lados. |
Jornal Valor Econômico Nº 140, Segunda-feira, 20|11|2000 Biotecnologia |
SP proíbe comércio de produtos que contém transgênicos |
SÉRGIO RIPARDO do FolhaNews
Está proibido em São Paulo o comércio dos lotes de quatro alimentos, cujos testes realizados pelo Greenpeace detectaram a presença de substâncias transgênicas. O Diário Oficial do Estado de São Paulo publicou, ontem, despacho da Vigilância Sanitária determinando a "interdição cautelar" dos seguintes produtos: sopa de galinha com macarrão e mandioquinha da marca Pokémon, da Arisco, o sopão de galinha com macarrão e legumes da marca Knorr, da Refinações de Milho Brasil, a mistura para bolo sabor chocolate com vitaminas da Lapa Alimentos, e o cereal Ovomaltine da Novartis. As empresas têm 15 dias, a contar de ontem, para apresentar defesa e laudos comprovando a composição dos produtos. As análises foram feitas no laboratório Interlabour Belp Ag da Suíça, que detectou a presença da soja Roundup Ready, da Monsanto, e do milho Bt 176, da Novartis. O FolhaNews tentou ouvir a Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) e as empresas citadas, mas não obteve retorno. |
Folha Online, Ciência Online16/11/2000 - 17h56 |
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