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EUA investigam uso ilegal de milho transgênico em tacos

FOME NA ABUNDÂNCIA

 

O mundo já produz alimentos em quantidade suficiente para suprir as necessidades nutricionais de todos seus 6 bilhões de habitantes. Ainda assim, cerca de 800 milhões de pessoas, 13% da população, sofrem de desnutrição. Essa é a principal conclusão do relatório anual da FAO, a agência das Nações Unidas para alimentação e agricultura, divulgado na sexta-feira passada.

Em que pese essa conclusão trágica, a situação melhorou em relação a 30 anos atrás, quando o número de famélicos chegava perto de 1 bilhão. 

Obviamente, a população global nesse período era inferior à atual. Para a FAO, a melhora se deveu principalmente a progressos tecnológicos na produção de alimentos.

No fundo, o que se discute aqui é a limitação maior do capitalismo. Esse sistema revelou uma grande eficiência na produção de bens. Nunca a humanidade gerou tantos produtos. Mas, quando se trata de distribuir a riqueza, o capitalismo é iníquo.

Para um observador que não leve em conta nenhuma consideração econômica, não deixa de ser um paradoxo o fato de haver comida suficiente no mundo e, ao mesmo tempo, nele existir fome.

Para muitos, a solução poderá vir com a implantação de alimentos transgênicos. Eles deverão aumentar a produtividade agrícola e o valor nutritivo dos alimentos. É bastante provável que isso venha a ocorrer, mas, se não houver uma mudança na estrutura mesma da distribuição de riqueza, não há razão para supor que quem hoje não come virá a fazê-lo apenas por existir mais alimento. Hoje eles já sobram e mesmo assim mais de 10% da humanidade enfrenta doenças ligadas à desnutrição.

E prover os mais pobres de suas necessidades energéticas é uma forma de criar um círculo virtuoso. O informe da FAO indica que, se todos os habitantes de um grupo de países pobres consumissem 2.800 quilocalorias por dia, o PIB dessas nações cresceria 0,8 ponto percentual.

Infelizmente, o mundo ainda parece longe de dar uma resposta para o problema da fome, que não diz tanto respeito à produção de alimentos, mas sim à distribuição da renda.

 

Folha de São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2000 EDITORIAL


EUA investigam uso ilegal de milho transgênico em tacos

Denúncia feita por ambientalistas envolve a Kraft Foods, unidade da Philip Morris

WASHINGTON - O governo americano está investigando denúncia de que tacos da marca Taco Bell, vendidos em supermercados, contêm milho transgênico proibido para consumo humano. O milho foi geneticamente modificado para matar um inseto que ataca essa cultura e só pode ser consumido por animais, pois existe o risco de que cause reações alérgicas em seres humanos. A empresa anunciou ontem que vai colaborar com o governo e testar as amostras novamente, para comprovar ou não a presença de seu milho Bt no produto.

A denúncia foi feita pelo grupo ambientalista Amigos da Terra, que teve acesso aos resultados dos testes realizados pela Genetic ID, uma empresa de Iowa. De acordo com o vice-presidente da Genetic Id, Jeffrey Smith, os três testes - encomendados pela Amigos da Terra - foram positivos para a presença da proteína Cry9C, indicando que o milho foi geneticamente modificado.

O milho em questão, comercialmente chamado StarLink, foi comprado por um moinho do Texas de fazendeiros de seis Estados. O moinho, porém, encomendou milho convencional. O produto foi comprado por uma empresa do México, que produziu os tacos distribuídos pela Kraft Foods, uma unidade da Philip Morris. (Washington Post, Reuters e AP) 

O Estado de São Paulo. Terça-feira, 19 de setembro de 2000


Rotulagem pronta

 

O governo concluiu na semana passada o modelo de rotulagem dos produtos que contêm ingredientes transgênicos. Ele estabelece que produtores e importadores terão de informar no rótulo toda vez que um produto contiver ingredientes geneticamente modificados.

Sem exceções: A nova regra determina que todo alimento seja rotulado, independentemente da porcentagem de elementos transgênicos em sua composição, desde que esses ingredientes sejam detectados em testes científicos.

Sem transgênicos: Empresas como a Olvebra, por outro lado, já estão informando aos consumidores que seus produtos estão livres de transgênicos. 
Esse tipo de rotulagem, que não é obrigatória, também está previsto na nova lei.

 

AgroFolha
Folha de São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2000

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