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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
###########################Número 367 - 26 de outubro de 2007
Car@s Amig@s,
As entidades que assinam esta nota apresentam o seu veemente repúdio às ações violentas praticadas contra os trabalhadores rurais do Paraná que ocupavam o campo de experimentos transgênicos da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, Paraná.
Os camponeses ocuparam a área de experimentos de transgênicos da Syngenta às 06h do dia 21 de outubro, como forma legítima de reivindicar que a área seja transformada em Centro de Agroecologia e de reprodução de sementes crioulas para a agricultura familiar e a Reforma Agrária.
Às 13h30 do mesmo dia, uma milícia armada, a serviço da multinacional Syngenta, atacou o acampamento e executou com dois tiros no peito à queima-roupa o militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e membro da Via Campesina, Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, 42 anos. Na ação, os trabalhadores Gentil Couto Viera, Jonas Gomes de Queiroz, Domingos Barretos, Izabel Nascimento de Souza e Hudson Cardin foram gravemente feridos.
Diante de tais fatos, é inaceitável que o Estado brasileiro se faça presente e ativo para manter o direito à propriedade e seja omisso na proteção dos direitos humanos, principalmente na proteção do direito à vida e à dignidade humana.
Também é inaceitável que o princípio da função social da propriedade seja, reiteradamente, descumprido, ignorado e prescindido e que não haja ações estruturais e eficazes do Estado para a garantia de justiça social. Ademais, o acesso à terra é requisito fundamental à realização do direito humano à alimentação adequada da população camponesa.
A concentração de terras, de renda e de poder político no Brasil é altíssima e é o principal fator de geração de miséria e fome no País. Porém, quando a sociedade civil exerce o direito de contestar e resistir a qualquer forma de opressão, direito reconhecido na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, suas organizações e movimentos são criminalizados e seus militantes são expostos ao preconceito, ao escárnio, à discriminação e à violência.
As entidades abaixo-assinadas, com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, exigem do Estado, suas diversas instâncias:
1- Que sejam averiguados os crimes de homicídio, tortura e ameaça praticados contra os trabalhadores e trabalhadoras que ocupavam a área de experimentos transgênicos da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste no Paraná;
2- Que as autoridades competentes se dirijam á área e realizem as diligências necessárias a fim de que os responsáveis por tais crimes sejam punidos;
3- Que não haja a tentativa inaceitável e injusta de se criminalizar os representantes dos movimentos sociais;
4- Que sejam extintas as milícias armadas, a exemplo dessa que cometeu crime de homicídio e tortura no estado do Paraná. As milícias cometem crimes bárbaros e transformam em pilhéria o Estado Democrático de Direito;
5- Que o Estado brasileiro garanta a segurança dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente de Celso Barbosa e Célia Aparecida Lourenço, que estão sofrendo ameaças constantes em razão de sua militância política;
Estes crimes praticados em Santa Tereza do Oeste são resultados diretos da omissão do Estado na garantia de direitos fundamentais de segmentos da população que há séculos são explorados e oprimidos. É fundamental que haja celeridade e efetividade no processo de reforma agrária, na garantia do acesso aos recursos naturais, na garantia dos princípios constitucionais que prevêem a erradicação da pobreza, a promoção de uma sociedade justa e igualitária e a garantia de uma vida digna a todos e todas que habitam este País.
Esperamos e exigimos que estas demandas sejam atendidas, pois as mesmas são obrigações do Estado, impostas por normas internacionais de direitos humanos, e ressaltamos os deveres que os agentes do poder público têm para com o conjunto da população, no sentido de proteger e assegurar direitos fundamentais, sobretudo dos setores mais empobrecidos e marginalizados da nossa sociedade. Não aceitamos a impunidade e exigimos justiça!
Assinam essa nota as seguintes organizações:
- Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (ABRANDH)
- FIAN Brasil - Rede de Informação e Ação pelo Direito a se Alimentar
- Relatoria Nacional para os Direitos Humanos à Alimentação Adequada e Terra Rural
- Relatoria Nacional para o Direito Humano ao Meio Ambiente
- Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE)
- Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos
- FASE Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
- FASE Bahia
- AATR - Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia
- Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida (SC)
- AS-PTA Assessoria e Serviços a projetos em Agricultura Alternativa
- Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos
- Agentes de Pastoral Negros do Brasil
- Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)
- Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
- CPT Nordeste - Comissão Pastoral da Terra
- Moradia e Cidadania (MS)
- Associação Brasileira de Consumidores (ABC)
- Rede de Mulheres Negras do Paraná
- Círculos Bolivarianos Leonel Brizola
- Federação das Favelas do Estado do Rio de Janeiro
- Casa Bolivariana
- Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional (FBSAN)
- Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul (FESANS-RS)
- Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do RS (SEMAPI-RS)
- Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Mato Grosso do Sul FESAN-MS
- Rede de Mulheres Negras para a Segurança Alimentar e Nutricional
- Movimento de Liberdade dos Sem Terra (MLST)
- Fórum de ONG de Rio Largo (AL)
- ONG Jovem Cidadão (AL)
- Coordenação dos Movimento Sociais do Mato Grosso do Sul (CMS-MS)
- Centro de Defesa de Direitos Humanos Marçal de Souza (MS)
- Conselho Indigenista Missionário de Dourados (MS)
- Sindicato dos Nutricionistas do Estado do Paraná (SINPAR)
- Central Única dos Trabalhadores de Alagoas (CUT-AL)
- Marcha Mundial de Mulheres de Alagoas (MMM-AL)
25 de outubro de 2007.****************************************************************
Neste número:1. BO prova que dirigente do MST estava marcado para morrer
2. Tarso Genro coloca PF à disposição para investigar milícias da Syngenta
3. Delegado desconfia de depoimento do proprietário da empresa NF
4. Organizações querem rigor nas investigações e responsabilização da Syngenta pelos crimes
5. Seguranças dizem ser contratados por produtores
6. Movimentos Sociais do Paraná pedem que a Syngenta saia do BrasilSistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Banco de Sementes comunitário Três Irmãos****************************************************************
1. B.O. prova que dirigente do MST estava marcado para morrer
O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Valmir Mota de Oliveira, o Keno, morto no último domingo (21) em um confronto com seguranças particulares, estaria marcado para morrer desde março deste ano.
A Subdivisão de Cascavel registrou, no dia 28 de março, um boletim de ocorrência sobre a ameaça de morte, alertada em um telefonema anônimo, contra Keno, Celso Ribeiro Barbosa e Célia Lourenço.
De acordo com o registro da ocorrência, a pessoa fez o alerta dizendo para que tomassem cuidado porque a “UDR (União Democrática Ruralista) estava preparando uma armadilha para eles”.A advogada da ONG Terra de Direitos, Gisele Cassano, informou que o presidente da Sociedade Rural do Oeste, Alessandro Meneghel, contratou seguranças particulares para ameaçar os sem-terra.
“Meneghel declarou à imprensa que a cada reintegração que o governo não cumprisse, os próprios ruralistas iriam retirar os sem-terra das propriedades”, afirma Gisele. Segundo ela, a NF segurança é contratada pela Syngenta, Sociedade Rural do Oeste e pelo Movimento de Produtores Rurais para fazer as reintegrações de posse.Celso Ribeiro Barbosa, uma das vítimas da ameaça e que pertence à coordenação estadual do MST e da Via Campesina (...) contou que sua casa, que fica em um assentamento a 15 quilômetros da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, está sendo cercada e vigiada pela empresa NF de segurança o tempo todo. “Eles ficam rondando a casa e acendem os faróis dos veículos todas as noites para ver se não tem ninguém. Por conta disso, eu e minha família não temos ido mais lá, por medo das ameaças. Muitos vizinhos estão dizendo para a gente não ir e não vamos mesmo, por medo”, relatou.
Ele contou ainda, que vigilantes da empresa NF teriam entrado algumas vezes no assentamento que faz divisa com a fazenda da Syngenta, dando tiros para o alto e fazendo ameaças. “Eles ameaçam as famílias assentadas com o objetivo de intimidá-las, para que não ousem mais invadir”, disse.
Segundo ela, enquanto os participantes se dirigiam à fazenda da Syngenta, para uma manifestação pacífica, dentro de um ônibus, na estrada que liga Cascavel a Foz do Iguaçu, foram parados por um bloqueio feito pela Sociedade Rural do Oeste. Seus integrantes, liderados pelo presidente Alessandro Meneghel, aguardavam o ônibus com pedaços de pau, barras de ferro e armas de fogo, fazendo uma barreira humana. Mesmo com o bloqueio, os trabalhadores decidiram continuar a rota a pé, mas foram violentamente atacados.
Agência de Notícias de Notícias do Paraná, 25/10/2007.
http://www.aenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=323642. Tarso Genro coloca PF à disposição para investigar milícias da Syngenta
O deputado Adão Pretto (PT/RS), do Núcleo Agrário do PT, o deputado Dr Rosinha (PT/PR), da Frente da Terra, e o senador Sibá Machado estiveram com o ministro da Justiça, Tarso Genro, nesta quarta-feira (24), para tratar do caso de formação de milícias privadas no estado do Paraná, que atuam contra movimentos sociais do campo.
Genro requisitou o relatório da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que relata os casos de milícias privadas no Paraná, e pediu a formulação de uma denúncia oficial para que o ministério tome as providências cabíveis. “Ele ainda prometeu disponibilizar a Polícia Federal para o caso”, relatou o deputado gaúcho Adão Pretto.Para o deputado federal Adão Pretto (PT/RS), o assassinato de keno foi uma afronta aos parlamentares que, no último dia 18 de outubro, participaram de audiências públicas em Curitiba, que denunciaram a ação de milícias armadas contratadas pelos ruralistas paranaenses.
“Estivemos em três audiências representando a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e lá eles já afirmaram que iam contratar seguranças para promover o despejo dos militantes que ocuparem as áreas improdutivas do Paraná”, disse.Mayrá Lima - assessoria do deputado Adão Pretto, 25/10/2007.
3. Delegado desconfia de depoimento do proprietário da empresa NF
O proprietário da empresa de segurança NF, Nerci de Freitas, confirmou que é contratado pela empresa multinacional Syngenta Seeds para prestar serviços de segurança na fazenda experimental onde aconteceu o confronto. A confirmação foi feita em depoimento prestado ao delegado Amadeu Trevisan Araújo, chefe da 15ª Subdivisão Policial de Cascavel, na tarde desta terça-feira (23). Freitas eximiu a empresa multinacional de ter dado ordens para que os seguranças voltassem armados para desocupar a fazenda. (...)Ainda segundo o delegado, uma das armas usadas no dia do confronto foi entregue à polícia por um advogado do MST no domingo à tarde. Segundo o delegado, a arma estaria registrada no nome da empresa NF, mas em depoimento Nerci de Freitas teria dito que a arma não pertenceria à empresa. “Ele disse desconhecer a arma, mas sabemos que isto é mentira”, informou o delegado. Por enquanto esta seria a única arma apreendida pela polícia.
Agência Estadual de Notícias do Paraná, 23/10/2007.
4. Organizações querem rigor nas investigações e responsabilização da Syngenta pelos crimes
Hoje a tarde, organizações de Direitos Humanos e movimentos sociais solicitarão das autoridades maior rigor nas investigações sobre a responsabilidade da Syngenta, da Sociedade Rural do Oeste do Paraná e da NF Segurança e sua participação no ataque ao acampamento da Via Campesina no campo experimental da Syngenta Seeds no Paraná.As organizações enviarão Representação ao Procurador Geral de Justiça, ao delegado que conduz o caso, em Cascavel, ao Ministério da Justiça, solicitando que seja decretada a prisão de Alessandro Meneghel, presidente da Sociedade Rural e de Nerci Freitas, dono da empresa de segurança NF.
Também será pedido que a empresa Syngenta indique o funcionário responsável pela contratação de serviços de segurança, e que a polícia interrogue os diretores da empresa no Brasil e os responsabilize pela contratação de milícias privadas.
A Relatoria da ONU sobre Execuções Sumárias também será comunicada sobre a utilização de milícias armadas pela Syngenta.
MST, 23/10/2007. http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=4375
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Saiba mais sobre Os crimes da Syngenta Seeds em: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=44085. Seguranças dizem ser contratados por produtores
A Secretaria de Segurança do Estado divulgou que os seguranças presos hoje após o confronto com os sem-terra na Syngenta, afirmaram terem sido contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem invadir a área.A Secretaria informou que sete seguranças particulares foram presos e não quatro, conforme anunciou a Polícia Militar de Cascavel. Eles foram autuados por formação de quadrilha, homicídio e exercício arbitrário das próprias razões.
Após o confronto, os seguranças teriam fugido a pé e acabaram sendo encontrados e presos num barracão abandonado a cerca de seis quilômetros da fazenda da Syngenta.
Gazeta do Paraná, 21/10/2007.
6. Movimentos Sociais do Paraná pedem que a Syngenta saia do Brasil
Os movimentos sociais do Paraná em nota pública afirmam que se “não bastasse a Syngenta associar o seu nome a crimes ambientais no Estado, associa agora o seu nome de forma definitiva ao sangue derramado de um trabalhador rural”. A nota acrescenta: “Houvesse um mínimo de respeito à sociedade brasileira, a Syngenta retirar-se-ia do território nacional”.Leia a nota na íntegra em: http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=10302
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Leia mais sobre o caso em: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/10/21/materia.2007-10-21.1870371323/view
Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Banco de Sementes comunitário Três IrmãosO Banco de Sementes do Assentamento Três Irmãos foi formado em 1992, sendo um dos mais antigos da região. Através de um projeto elaborado pela Associação do assentamento em parceria com a CPT de Cajazeiras, financiado pela Cáritas Brasileira, foi possível investir na compra de silos, de animais e de sementes.
Foi acordado entre os associados que o pagamento de empréstimos de sementes deveria contar com o acréscimo de 20% do peso inicial, o que contribuiu para o aumento do estoque do banco. Mais expressiva foi a contribuição dada pelo mutirão realizado pelos agricultores associados para o cultivo comunitário em um campo de produção de sementes de milho, de forma que 60% era destinado ao banco e o restante dividido entre os agricultores.
As sementes utilizadas são de milho, feijão, arroz e algodão, que são selecionadas através de experimentações feitas pelos próprios agricultores. Com a seca, o banco enfraqueceu e as sementes perderam a qualidade, pois deixaram de ser selecionadas. Agora, os agricultores não querem mais plantar as sementes distribuídas pelo governo, pois são de baixa qualidade. Preferem plantar feijões Canapu, Galanjão, roxo e verde. O banco tem também semente de algodão.
Para armazenar as sementes, estas são colocadas no sol para ficarem bem secas. Após isso, são guardadas em garrafas de vidro ou plástico e vedadas com cera de arapuá.
Fonte: Agroecologia em Rede
http://www.agroecologiaemrede.org.br/experiencias.php?experiencia=3
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Campanha Por um Brasil Livre de TransgênicosEste Boletim é produzido pela AS-PTA Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa e é de livre reprodução e circulação, desde que citada a AS-PTA como fonte.
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