A multinacional Du Pont, uma das gigantes do mercado de venenos agrícolas, quer impor à população brasileira a liberação de um fungicida para a soja extremamente perigoso para a saúde humana. Para isso, tem exercido forte pressão sobre órgãos do governo responsáveis pela área.
No ano de 2004, foi publicado pelo Ministério da Agricultura no Diário Oficial da União um pedido de registro feito pela Du Pont para o agroveneno Flusilazole, com a finalidade de uso em ferrugem da soja. Segundo o engenheiro agrônomo Enio Guterres, este veneno causa malformações em fetos e embriões, dentre estas a hidrocefalia, alterações nos ossos e fenda palatina. "Isto quando os fetos conseguem nascer, por que o produto causa também abortos", revela o especialista.
Na Comunidade Européia, onde há um grande controle da aplicação de agrovenenos, ele possui quatro frases de riscos: R40 ("Possibilidade de efeitos cancerígenos"); R51 ("Tóxico para organismos aquáticos"); R53 ("Pode causar efeitos nefastos a longo prazo no ambiente aquático"); e R61 ("Pode causar dano aos fetos e risco durante a gravidez com efeitos adversos nos descendentes").
Efeitos hormonais
Este veneno também consta da lista de substâncias que podem causar efeitos hormonais. No início dos anos 90, um estudo realizado pela Dra. Mara Tagliari na região de Passo Fundo registrou vários casos de crianças que nasciam com hidrocefalia (líquido no cérebro) ou sem cérebros. A pesquisa demonstrou estarem estes fenômenos associados ao uso de agrovenenos.
Para o deputado estadual gaúcho Frei Sérgio Görgen (PT), se considerarmos que a soja hoje é produzida em 50 milhões de hectares de sul à Norte do Brasil, a autorização de uso de um veneno perigoso como o Flusilazole expõe toda a população brasileira a riscos incalculáveis. Dessa forma, os movimentos sociais do campo organizados na Via Campesina exigem que o governo brasileiro não se curve as pressões da multinacional Du Pont e de alguns grandes agronegociantes, colocando em risco a saúde dos trabalhadores do campo e dos consumidores urbanos.
Direitos fundamentais
A Via Campesina pede que o governo federal, através de suas autoridades responsáveis, não autorize o registro desses fungicidas que coloca em risco a vida e o nascimento das crianças. "O governo brasileiro não pode ceder às pressões da Du Pont e deve preservar a saúde pública, o meio ambiente e os direitos fundamentais do povo brasileiro", defende o deputado Frei Sérgio.
O parlamentar acredita que a solução para os problemas das monoculturas promovidas pelas multinacionais não se resolve com mais venenos, mas com uma mudança de modelo tecnológico, estimulando a rotação de culturas, a biodiversidade, o controle biológico e o sistema de policultivos.
Fonte Consciencia.net em fevereiro de 2005 por Eduardo Zen,
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