Assumpta Codinachs teve que enviar carta a seus clientes para explicar que seu gado perdera a certificação de orgânico por causa de contaminação de transgênicos.
Catalunha, Espanha — Ração dada por Assumpta Codinachs a seus bois tinha soja e milho transgênico da Monsanto. Compreensão de clientes evitou grande prejuízo.
A pecuarista Assumpta Codinachs, do povoado de Pobellà, na região dos Pirineus (norte da Espanha), sempre comprou ração para seus animais de localidades próximas. Ela produz gado ecológico certificado pelo Conselho Catalão de Produção Agrária Ecológica (CCPAE) e vende apenas para clientes locais, sem passar por intermediários - como supermercados.
Em 2003, sofreu seu primeiro caso de contaminação transgênica. Fez testes na ração certificada que oferecia a seu gado e foi encontrada nela soja geneticamente modificada - apesar da ração não conter soja em sua composição. A certificadora imediatamente retirou o certificado de orgânico do gado de Assumpta e apreendeu a ração. Com medo de perder mercado para seus produtos, o CCPAE preferiu ocultar o caso, mesmo sabendo que havia outros casos semelhantes ao da pecuarista na região.
“As pessoas têm medo de dizer que estão contaminadas por causa das possíveis retaliações dos consumidores. Têm medo de que aconteça como no caso da história da vaca louca, e que no final não consigam vender sua carne", diz Assumpta.
Em 2007, Assumpta sofreu com novo caso de contaminação. Cerca de 40 amostras de ração bovina foram colhidas e testadas em sua região e apareceram vários casos positivos. Na ração usada por Assumpta, foram encontrados traços de soja transgênica RoundupReady e milho MON810, ambos da Monsanto. Mais uma vez, Assumpta perdeu seu certificado de gado orgânico e sua ração foi apreendida.
“No final das contas, os maiores prejudicados somos nós que praticamos a agropecuária da maneira mais limpa e benéfica para o meio ambiente", diz ela.
Para se precaver, a pecuarista enviou uma carta a seus 15 grupos de clientes depois deste último caso de contaminação. E, segundo ela, todos reagiram muito bem, evitando assim um grande prejuízo.
"Eles sabem que nós também somos vítimas. Eles vão continuar comprando meus produtos, mas eu poderia ter perdido a venda de 15 toneladas de carne, o que significaria um prejuízo de € 135 mil."
Fonte:Greenpeace em 26-06-2007
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