logomarca

Soja é o produto orgânico mais plantado no país

ilpf


Giuliano Ventura, De São Paulo

Dois estudos em fase de conclusão estão mostrando o que é a cadeia de produção de alimentos orgânicos no Brasil. Levantamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estima que o Brasil tenha hoje 13,1 mil produtores certificados, com 227 mil hectares de terra dedicados à produção orgânica - 158 mil de plantações e 119 mil de pastagens.

SojaO tamanho do mercado brasileiro, no entanto, continua uma incógnita. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que chega a US$ 100 milhões. "Mas há quem acredite que pode ser mais ser até US$ 300 milhões", diz a professora Elizabeth Farina, do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa/USP), outro grupo que está estudando o assunto.

Num ponto todos concordam: as vendas estão crescendo muito, tanto para consumo interno quanto para exportação, que hoje absorve 85% da produção nacional. Por ser um bom negócio, que paga prêmio médio de 30% em média aos produtores, vem atraindo muita gente disposta a participar. O estudo do BNDES, desmistifica alguns conceitos: não são os legumes e hortaliças os setores com maior volume de produção em orgânicos. A soja ganha com 31%, seguida de hortaliças (27%) e café (25%). A maior área plantada é com frutas (26%), depois cana (23%) e palmito (18%).

Outro ponto esclarecido, desta vez no levantamento do Pensa/USP feito com produtores paulistas, é que 48% dos agricultores estão no negócio por causa de preço e mercado promissor. Somente 17% deles escolheram o cultivo orgânico por causa da preservação da natureza e sustentabilidade.

Se os estados do Sul do país são os que concentram o maior número de produtores, a maior área plantada está em São Paulo (30 mil hectares) e no Ceará (21 mil hectares). "A diferença na proporção se dá principalmente por causa da área de cana em São Paulo e de caju no Ceará, culturas que precisam de muito espaço", explica Paulo Faveret, gerente de Estudos de Agroindústria do BNDES.

Os dados de crescimento do setor ainda são precários, mas Dennis Ditchfield, presidente do Instituto Biodinâmico (IBD), uma das principais certificadoras do Brasil, diz que o número de agricultores que usam os serviços de sua empresa cresceu 40% em 2001 e 35% no ano anterior. "Não sabemos o tamanho do mercado, mas é certo que hoje a demanda é bem maior que a oferta", diz Ditchfield.

Os estudos chegam em um momento que o setor busca sua profissionalização no país. Uma das primeiras iniciativas que resultaram de um workshop realizado na segunda-feira pelo Sebrae e o Pensa/USP com os integrantes da cadeia é pedir ao IBGE que passe a coletar dados sobre agricultura orgânica em seus levantamentos agropecuários. A idéia é ter subsídios para promover o crescimento sustentado da produção. Como relata o estudo do Pensa/USP, a oportunidade de lucros no setor atrai produtores e a ampliação da área geográfica reduz a eficiência de mecanismos informais de controle.

Valor Econômico,  Quinta-feira, 17 de janeiro de 2002
Empresas & Tecnologia/ Agronegócios

Leia Mais: