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Consumidor aceita pagar um pouco a mais pelos produtos orgânicos, diz coordenadora da SNA

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Em 2017, a área de produção de orgânicos no Brasil chegou a 1,1 milhão de hectares, quase o dobro do que havia há quatro anos, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No entanto, se comparado a outros países, o consumo ainda está longe de ser o ideal para os que vivem da atividade.

No contexto do agronegócio, a agricultura orgânica se diferencia da tradicional por ter produção baseada nos ciclos e recursos da natureza, de modo a minimizar a degradação do solo e otimizar a produção. Esse processo, por ser mais cuidadoso, acaba onerando a cadeia produtiva dos orgânicos.

Porém, segundo Sylvia Wachsner, coordenadora dos projetos de agricultura orgânica e sustentabilidade da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e membro da Câmara Temática de Agricultura Orgânica do Mapa e da Academia Nacional de Agricultura, o custo dos produtos orgânicos não é um entrave para os consumidores.

“Embora os orgânicos tenham valor um pouco acima dos produtos convencionais, isso não seria um problema para inibir o consumo”, afirmou Sylvia, durante o segundo dia do Fórum Agronegócio Sustentável, realizado no dia 15 de setembro, na capital paulista r promovido pelo jornal Folha de São Paulo.

Segundo ela, estimativas baseadas em hábitos de consumo indicam que o consumidor estaria disposto a pagar um preço até 30% maior pelos orgânicos. “Porém, podemos afirmar que produtos como tomate e alface, que já têm culturas orgânicas bem desenvolvidas, com grandes áreas de cultivo e práticas de manejo bem conhecidas, já estão com preços de mercado que competem com o valor dos convencionais”, informa Sylvia.

De acordo com a coordenadora da SNA, a procura pelos produtos orgânicos tem aumentado gradativamente, assim como o crescimento do interesse dos produtores pelo desenvolvimento da agricultura orgânica brasileira. “Isso não é moda e sim uma tendência, não só no Brasil como no mundo todo. Além da busca pela saúde, há também a preocupação com a produção sustentável, respeitando o meio ambiente”, acrescentou.

GARGALOS

Para o coordenador do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, Emerson Giacomelli, que participou do debate, um dos gargalos que ainda são um entrave para o desenvolvimento da cadeia produtiva dos orgânicos está relacionado à falta de investimentos específicos nesse segmento.

“Para que a atividade se torne viável, é essencial desenvolver a pesquisa, ampliar a assistência técnica e conceder incentivos governamentais ao produtor, como investimentos e linha de crédito facilitada”, sugere Giacomelli.

Aliados a isso, segundo ele, o desenvolvimento de boas práticas de manejo, difusão de informações para produtores e políticas públicas de incentivo podem incrementar a escala da produção orgânica e baratear o custo para o consumidor.

“Com base experiência adquirida na vivência de longa data nesse setor, acredito que é possível desenvolver uma produção com certa escala, capaz de gerar uma boa renda para o produtor”, avalia o coordenador do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico. Ele, porém, faz uma ressalva: “o aumento de escala deve ser feito de forma sustentável, para que não cause destruição de recursos naturais para gerações futuras”.

INFORMAÇÃO

Para a gerente da área de Qualidade de Leite Fresco e Desenvolvimento de Fornecedores da Nestlé, Taissara Martins, que também participou dos debates, outro problema que afeta o setor é a falta de informação sobre a produção de orgânicos.

“Como são escassas no Brasil as informações sobre como produzir os orgânicos, muitas vezes o produtor tem interesse, mas não sabe como fazer e acaba desistindo da atividade”, explica Taissara.

Outro ponto destacado pela executiva é a necessidade do investimento em tecnologia e modernização para o desenvolvimento da atividade. “Precisamos de tecnologia na cadeia orgânica como um todo, para que ela deixe de ser uma coisa de fundo de quintal e passe a ter grande escala”, arremata a gerente da multinacional.

Por Equipe SNA/SP

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