O Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Instituto
Cepa/SC) está realizando um levantamento no estado para mapear os produtores
orgânicos ligados ao Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar. O trabalho pretende ainda diagnosticar suas necessidades
de capacitação, obter informações que permitam
identificar a necessidade de desenvolvimento de programas de capacitação
envolvidos nos diferentes segmentos da cadeia produtiva de produtos orgânicos,
entre outros itens.
O trabalho quer formar um banco de dados, que sirva de marco inicial para o apoio do setor e apontar vantagens, limitações e oportunidades do sistema para os agricultores familiares das diferentes regiões do estado, fazendo da agricultura orgânica uma alternativa para agregar valor, preservando o meio ambiente. A previsão é que o trabalho seja concluído em agosto.
De acordo com a Consultora do Instituto Cepa/SC, Ana Carla Oltramari, esse
estudo inédito no estado, está sendo efetuado através
de aplicação de questionários junto aos produtores rurais.
Esse questionário tem como intuito o levantamento de informações
referentes ao mapeamento dos agricultores e propriedades orgânicas vinculadas
ao Pronaf, levantamento das dificuldades encontradas na prática da
agricultura orgânica, levantamento de dados referentes a certificação
e marcas, caracterização da propriedade quanto ao uso do solo,
utilização da mão de obra e necessidade de treinamento,
produção orgânica de origem vegetal (olerícolas,
plantas medicinais, frutíferas e grãos), produção
orgânica de origem animal, derivados da produção vegetal
e animal, destino da produção orgânica animal e vegetal,
destino da produção por tipo de produto e práticas e
tratos culturais utilizados na agricultura orgânica.
Além do Instituto Cepa/SC esse trabalho está sendo realizado
com apoio da Epagri, Agreco, Cepagri, Rede Ecovida e outras organizações,
em parceria com o Pronaf.
Santa Catarina é composta por 293 municípios que estão
distribuídos em regiões que diferem entre si, em termos sócio-econômicos,
ambientais e culturais. Atualmente cerca de 5 milhoes de pessoas vivem no
estado, 25% se encontram no meio rural. Há 30 anos essa percentagem
era de 60%.
Segundo o Censo Agropecuário de 1995/1996, o estado caracteriza-se
pela predominância de pequenas unidades de produção de
caráter familiar ( até 50 ha), que representam 89,7% do total
de estabelecimentos rurais.
Segundo Ana Carla Oltramari, as deficiências estruturais da agricultura
catarinense, como a predominância de minifúndios e a topografia
acidentada, limitam o número de produtores capazes de se manter competitivos
produzindo commodities ou produtos de baixo valor. Entretanto novas oportunidades
surgem com a evolução do cenário internacional na produção
de alimentos orgânicos ou biológicos.
No estado, a agricultura orgânica foi introduzida e divulgada, primeiramente,
por organizações não-governamentais e, mais recentemente,
por órgãos governamentais.
A Associação dos Agricultores Ecológicos, das Encostas
da Serra Geral (Agreco), fundada em 1996 no município de Santa Rosa
do Sul, congrega 11 municípios localizados nas encostas da Serra Geral,
entre Alfredo Wagner e Praia Grande. A associação tem hoje 27
agroindústrias, filiadas com 200 famílias de agricultores, sendo
uma grande fornecedora produtos orgânicos, tais como: frutas, mel, açúcar
mascavo, gengibre, conservas, cachaças e geléia.
Os produtos são comercializados em grandes redes de supermercados,
como Carrefour, Zaffari, Pão de Açúcar, Angeloni e pequenos
mercados.
Em abril de 1999, foi lançada no estado a Rede Ecovida de Agroecologia,
que congrega diversas organizações e profissionais ligados à
agroecologia. Atua em 50 municípios, comn 60 grupos e associações,
e tem um envolvimento direto de 600 famílias. A Rede possui um sistema
de certificação participativa, ou seja, a responsabilidade de
garantir qualidade do produto não é somente do técnico,
mas também do agricultor e do consumidor.
A Epagri - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural
de Santa Catarina - possui linhas de trabalho na área de produção
agroecológica, com diferentes subprojetos de pesquisa e cursos profissionalizantes.
Segundo dados deste órgão de 2001, estima-se que existam cerca
de 40 associações de agricultores orgânicos, perfazendo
um total de 1.000 famílias rurais, além de inúmeros produtores
e empreendimentos independentes, em várias regiões do estado.
"O estado possui grande potencial para atender a esse crescente mercado
de produtos orgânicos, principalmente por se constituir de pequenas
propriedades rurais e possuir uma grande diversidade de condições
agroecológicas favoráveis, vias de transporte, portos e proximidade
dos grandes centros urbanos", disse Ana Carla Oltramari. (fonte: Instituto
Cepa/SC)
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