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Cana mais que aproveitada

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A Ypióca, uma das maiores empresas brasileiras de cachaça, utiliza o bagaço da cana para gerar energia, fabricar caixas de papelão e produzir ração animal

A unidade da Ypióca em Pindoretama, no Ceará, cultiva a cana-de-açúcar orgânica em uma área de 200 hectares

Cachaça, aguardente, caninha ou branquinha. O termo não faz diferença. A lista de sinônimos - muito mais extensa - já é um indicativo da popularidade que a bebida brasileira possui no país e, nos últimos anos, no mundo inteiro. Proporcional ao sucesso da cachaça é a quantidade de bagaço de cana gerada a partir de seu processo de produção. Influenciada pelas questões ambientais e pensando no potencial do resíduo, a empresa cearense Ypióca, uma das maiores produtoras de aguardente do Brasil, desenvolveu uma série de usos para as cerca de 450 mil toneladas de bagaço geradas a cada safra (de agosto a dezembro).

As seis fábricas da empresa utilizam o bagaço de cana para produzir a energia necessária para a movimentação de suas máquinas. Algumas unidades ainda obtêm toda a eletricidade de que precisam a partir do resíduo.

Por safra, a Ypióca produz cerca de 450 mil toneladas de bagaço de cana

Proprietária de uma empresa de papel, a Ypióca também direciona uma parcela do bagaço de cana para a produção de papelão, parte usado nas embalagens de cachaça e parte comercializado, sobretudo sob a forma de caixas. Além desta fábrica, capaz de produzir 70 toneladas por dia de bobinas de papel e caixas, o grupo diversificou sua área de atuação investindo em segmentos como água mineral e agropecuária.

Para alimentar o gado - de onde vem a carne que integra a refeição dos funcionários -, são fabricadas rações à base de bagaço que, depois de beneficiado, tem cerca de 80% de sua digestibilidade aumentada. As leveduras originárias do processo de fermentação do caldo da cana também são componentes para a fabricação de ração. Os animais, por sua vez, produzem adubo orgânico para os canaviais. "Com todo este aproveitamento, fechamos um ciclo", comenta o presidente do grupo, Everardo Ferreira Telles.

A empresa fabrica todas as caixas de papelão usadas para embalar suas cachaças

O bagaço ainda é encaminhado à compostagem para a produção de adubo orgânico e é matéria-prima para a fabricação do briquete, uma espécie de tora de madeira feita a partir do bagaço submetido a altas pressões. Ele é usado para gerar energia em empresas de cerâmica e pizzarias, por exemplo. Segundo a diretora de marketing da Ypióca, Aline Telles, o mais importante não é a variedade de produtos, mas a utilização dos materiais gerados até que a cachaça esteja pronta.

Plantio orgânico

O grupo mantém uma unidade de 200 hectares para a plantação de cana de açúcar orgânica em Pindoretama, no Ceará. O cultivo, que não utiliza adubos químicos e é fermentado com leveduras naturais, produz aproximadamente dois milhões de litros de cachaça orgânica por ano.

A aguardente é armazenada em barris de freijó, madeira que não libera óleos, evitando assim que a bebida assuma alguma coloração diferente da natural. De acordo com Everardo Telles, toda a cana orgânicanecessária para suprir as necessidades da empresa neste ano já foi produzida.

* a equipe de Globo Rural viajou a convite da Ypióca

Fonte: Globo Rural em (23/10/2009 por Juliana Costa

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