A área ocupada pela produção de alimentos orgânicos
no Brasil, desenvolvida sem a utilização de insumos químicos
que possam afetar a saúde humana e o meio ambiente é de cerca
de 0,2% do território nacional. Estão aí incluídas
as mais diferentes atividades, entre elas a produção da carne
biológica, um segmento da pecuária que vem sendo impulsionado
pela crescente demanda no mercado mundial, criada especialmente por consumidores
europeus. Os dados disponíveis até agora, segundo Cláudio
Maluf Haddad, professor do Departamento de Produção Animal da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba (SP), mostram
que o sistema de produção orgânico é cerca de 10%
mais barato que o convencional quando os animais utilizados são zebuínos.
Se forem cruzados, o custo fica entre 12% e 13% mais caro, pelo fato de serem
mais suscetíveis às condições ambientais, exigindo
mais gastos com o controle de parasitos, por exemplo. Em que pese a diferença,
o produto biológico é 25% mais valorizado.
Insumos
A indústria de insumos vem se ajustando às exigências desse sistema de produção, para atender a demanda crescente. Algumas empresas nacionais já obtiveram o certificado de fabricantes de insumos orgânicos, entre eles o sal mineral. Outro exemplo são os anti-parasitos, como o nim, essência extraída de uma árvore de origem indiana com comprovado efeito inseticida. Os laboratórios, afirma Cláudio Haddad, estão investindo cada vez mais em produtos homeopáticos.
A produção do boi biológico tem crescido, especialmente, em áreas onde não há alternativas tradicionais para aumentar a produtividade, tais como o Pantanal, os Pampas e a Ilha de Marajó. Esse tipo de atividade também avança sobre o cerrado, garante o técnico.
Estima-se que hoje, no Brasil, existam entre 360 mil e 400 mil animais convertidos em orgânicos ou em processo de conversão. Os cinco maiores frigoríficos exportadores do País também já estão convertidos ou em processo de conversão. O consumidor europeu e asiático, com alto poder aquisitivo, está exigindo que o Brasil exporte essa carne, constata o professor. Trata-se de um nicho de mercado em que a demanda é muito maior do que a oferta, e estima-se que essa situação perdure por no mínimo mais 10 anos.
Princípios
Atividade precisa ser economicamente viável, ecologicamente correta
e socialmente justa
A criação é desenvolvida basicamente a pasto
É proibido o uso de antibióticos, promotores de crescimento
e hormônios
A ração deve ser qualitativa e quantitativamente controlada
A quantidade de animais por hectare não pode ser elevada
A proteção de nascentes e arborização de pastagens
merecem atenção especial
fonte: Jornal O Popular em 03 de junho de 2002
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