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Avança a certificação de orgânicos

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Além do IBD, OIA-Brasil é a única empresa brasileira apta a certificar produtos para exportação

Uma nova empresa certificadora acaba de entrar em atividade no Brasil: a Organização Internacional Agropecuária (OIA-Brasil), formada pelos agrônomos José Amaral Wagner Neto e José Pedro Santiago. A OIA-Brasil, com sede em São Paulo e credenciada pela International Federation of Organic Agriculture (Ifoam) e pelas normas ISO 65, vai trabalhar nas áreas de certificação de produtos e serviços da agricultura orgânica, certificação de origem e qualidade de produtos agropecuários e capacitação técnica nas áreas de normas da produção e certificação de produtos agropecuários. Além do Instituto Biodinâmico de Botucatu (IBD), a OIA-Brasil é a única empresa fundada no Brasil com credenciais para certificar produtos agropecuários para exportação. Ela atuará, também, no mercado interno. Conforme Wagner Neto, no mundo todo consumidores exigem cada vez mais alimentos seguros e de qualidade, para sua saúde e para o meio-ambiente. "E a melhor garantia é a certificação, realizada por uma empresa de confiança no mercado." Por isso, os principais compradores de alimentos, nos mercados externo e interno, preferem produtos certificados.

Neto diz, ainda, que o know-how de certificação foi obtido em associação com a OIA-Argentina (Organización Internacional Agropecuária), também credenciada pela Ifoam. "Os argentinos estão anos à frente do Brasil neste setor e a OIA é a empresa certificadora número 1 da Argentina", diz. Além disso, a OIA-Brasil fez um convênio com a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), com sede em São Paulo, que permite que os produtos certificados por esta associação também possam ser exportados.

Estrangeiros - O potencial brasileiro para o cultivo e exportação de produtos orgânicos também está atraindo a atenção de certificadoras estrangeiras. Desde o ano passado, três novas empresas instalaram-se no País. "Os brasileiros querem ser bem recebidos no exterior, mas, para isso, precisam ter seus produtos certificados por empresas reconhecidas internacionalmente", afirma um dos diretores do Brasil da certificadora de orgânicos Farm Verified Organic (FVO), Júlio Zoé de Brito.

Fundada em Recife (PE), em janeiro, a FVO é uma empresa americana, credenciada pela Ifoam, que opera em sete países há 21 anos. "Descobrimos o Brasil quando começamos a certificar o açúcar Native, da Usina São Francisco, de Sertãozinho (SP)", explica. Hoje, a empresa já certifica 120 produtores brasileiros, principalmente fornecedores de hortaliças orgânicas da rede de supermercados Bom Preço. "Estamos trabalhando também com aguardente e cafés do Ceará." Até o fim do ano, a meta da FVO é certificar pelo menos mil produtores e ter um representante da empresa em cada Estado brasileiro.

Para ser certificado pela FVO, o produtor tem de pagar uma taxa de inscrição, que varia de acordo com o faturamento do produtor, uma taxa de inspeção, que é feita por um agente terceirizado, e uma taxa de certificação, que pode variar de 0,5% a 2% do total das vendas da produção orgânica comercializada. Como em todas as certificadoras de orgânicos, o contrato tem de ser renovado anualmente.

Aftosa - A certificadora alemã BCS Öko-Garantie também já se instalou no Brasil. Em Piracicaba (SP) desde outubro do ano passado, a BCS certifica todas as etapas da produção de orgânicos, insumos e unidades de processamento industrial. "O fato de o Brasil possuir zonas livre de aftosa foi fundamental para virmos para cá", diz o agrônomo e representante da BCS no Brasil, Gustavo Sanches Bacchi.

Segundo ele, o maior desafio das certificadoras é esclarecer o consumidor final brasileiro da importância de adquirir produtos certificados. Hoje, existem no mundo 60 mil produtores e 800 empresas certificados pela BCS.

"Ela certifica 80% dos projetos da Alemanha, o país que mais consome produtos

orgânicos." Transgênicos - Outra certificadora estrangeira com credibilidade internacional é a francesa Ecocert, responsável pela certificação de 85% da produção orgânica da França. No Brasil, foi fundada no início do ano, em Porto Alegre (RS). Sem fins lucrativos, a Ecocert Brasil, é formada por 50% de brasileiros e 50% de franceses. "A avaliação é feita aqui, mas o certificado é emitido pela Ecocert internacional", diz o agrônomo e secretário-executivo da Ecocert Brasil, João Augusto de Oliveira.

Além de certificar orgânicos, a Ecocert também analisa cadeias não-transgênicas. "Em volume de produção, certificamos mais não-transgênicos", diz Oliveira. O custo total de uma certificação feita pela entidade pode variar de R$ 2 mil a R$ 20 mil, com renovação anual de certificado. "Já a aprovação pode demorar de três semanas a dois meses", afirma. Depois do aval, o produtor tem de enviar todas as notas de venda da produção certificada à Ecocert Brasil. Para Oliveira, o mercado brasileiro de certificação, principalmente para produtos de exportação, é promissor. produção de orgânicos cresce cerca de 40% ao ano.

Tem espaço para todos. OIA-Brasil, (0--11) 3068-9743 e 3083-4043; FVO, (0--81) 3074-0455; Ecocert, (0--51) 3388-7390; BCS, (0--19) 3411-4041

fonte: Jornal O Estado de São Paulo – Caderno Suplemento Agrícola Quarta-feira, 29 de agosto de 2001

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