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Experimento no Oeste do Paraná apresenta resultados 50% acima da média em produção de abóboras e contribui para a segurança alimentar da região aborbora-produtiva

agricultura

 

O Polo de Pesquisa e Inovação do IDR-Paraná de Santa Tereza do Oeste doou 500 kg de abóbora para o programa Banco de Alimentos da Ceasa Paraná, que garante o acesso a alimentos de qualidade às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional. Os frutos entregues foram o resultado de um experimento de campo para avaliação do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), coordenado pela pesquisadora Drª Josiane Bürkner dos Santos.

 

O principal objetivo do experimento foi introduzir e difundir o SPDH nas regiões Oeste e Noroeste do Paraná. Foi plantado um hectare, dividido em 36 parcelas, com duas variedades de abóbora. Isso foi feito porque a abóbora cabotiá é um híbrido e suas flores não são autofecundáveis, necessitando da moranga para que haja o cruzamento e produção de frutos. O plantio das sementes foi feito na primeira semana de novembro e a colheita no início de março. A produtividade média das parcelas chegou a 60 toneladas por hectare, enquanto a média na região é de 40 toneladas por hectare.

 

De acordo com Josiane, com o experimento foi possível analisar vários aspectos como as melhores coberturas de inverno e verão e as plantas mais indicadas para a rotação de culturas. A pesquisadora observou que no Polo de Pesquisa o plantio de abóbora se desenvolveu bem. “Onde havia trigo mourisco, usado como cobertura, o cultivo se desenvolveu de forma mais saudável, com menor incidência de oídio, em comparação às parcelas sem essa cultura. As coberturas de solo foram auxiliares no cultivo e resultaram em maior produção e frutos com mais qualidade", destacou Josiane.

 


De acordo com pesquisadores, o SPDH deve seguir três princípios básicos: o não revolvimento do solo; a rotação de culturas, com a diversificação de espécies comerciais e de cobertura; e a cobertura permanente do solo, tanto de plantas vivas quanto de resíduos culturais. Dentre os benefícios dessa prática estão a redução das perdas por erosão das chuvas em torno de 90%, perdendo assim também menos nutrientes do solo (adubos, nitrogênio, fósforo e potássio), menores perdas de água por evaporação, lixiviação e consequente economia de água, principalmente das culturas irrigadas, em até 30%.

 

Outras vantagens são a diminuição dos custos na mecanização em até 75% e o controle de plantas espontâneas, diminuindo o número de capinas. A presença da palhada também reduz os extremos de temperatura em até 10ºC na superfície do solo. O SPDH aumenta os teores de matéria orgânica e aumenta a ação biológica de minhocas e outros organismos. O sistema ainda contribui para uma menor dispersão de doenças. Tem-se observado que, em função da preservação do solo, pelo maior retorno de resíduos orgânicos, o SPDH permite uma maior recuperação da qualidade do solo. Com isso, o nível de necessidade de reposição de nutrientes é menor, minimizando os custos de adubação, sem prejuízo da produtividade das lavouras.

 

Agroecologia

 

A partir do experimento de Santa Tereza do Oeste foi possível verificar que as áreas cultivadas neste sistema apresentaram menores perdas causadas por geadas ou estiagem. Josiane informou também que o cultivo foi feito com o mínimo de insumos e sempre usando controles agroecológicos ou até mesmo orgânicos. "Somente em último caso o agroquímico foi usado para o controle de pragas e doenças. Além disso, foram usados adubos orgânicos e químicos, seguindo estritamente os indicadores da análise de solo, sem excesso de nutrientes. O custo com insumos foi reduzido e conseguimos uma produção 50% maior que a média da região, apenas com a adubação conforme a análise química. Os agroquímicos foram aplicados somente quando as pragas e doenças ofereciam risco de danos à lavoura, o que reduziu o seu uso. Normalmente o produtor calendariza a aplicação de fungicidas, inseticidas e adubos, o que não é economicamente viável, principalmente na nossa realidade atual", afirmou Josiane.

 


A doação das abóboras feita ao Banco de Alimentos da Ceasa foi possível graças ao esforço de todos os servidores e colaboradores do IDR-Paraná que trabalharam durante o ano passado, planejando e instalando o experimento. Uma outra parte da colheita foi destinada aos restaurantes do IDR-Paraná de Ponta Grossa, Londrina, Pato Branco e Santa Tereza do Oeste. Apenas algumas abóboras ficaram no Polo para a análise de qualidade do pós-colheita dos frutos.

 

Esta ação está em acordo com a missão do Instituto que pretende prestar serviço integrado de pesquisa, experimentação agrícola e extensão para a expansão da produção de base de agroecológica na produção de alimentos com alta qualidade e sustentabilidade ambiental. Além disso, a iniciativa atende aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.

 

Fonte: IDR-Paraná em 22/03/2022

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