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Publicação analisa áreas prioritárias para ações de transferência de tecnologia em ILPF

 

Tão importante quanto o uso das técnicas da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), ações de transferência de tecnologia (TT) são fundamentais para que os agricultores adotem o sistema. A priorização de áreas para TT permite concentrar ações em locais ou regiões que reúnam um maior número de condições favoráveis para alavancar o processo de adoção da ILPF.

Pensando nisso, pesquisadores e analistas da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e da Embrapa Solos (Rio de Janeiro), realizaram um mapeamento de todo o território brasileiro, com o objetivo de identificar as áreas mais favoráveis e as áreas prioritárias para ações de transferência de tecnologia em ILPF.

Os métodos e a descrição da análise completa deste mapeamento estão disponíveis na publicação Documentos 114, editada pela Embrapa Meio Ambiente. Nela, os autores salientam que “as ações TT assumem relevância no processo de expansão das áreas de ILPF”.

Em vista desse cenário, os autores adotaram uma metodologia para identificar e ponderar os critérios geoespaciais e priorizar áreas para ações de TT em sistemas ILPF. Eles utilizaram uma abordagem baseada na conjugação da prospectiva estratégica com Análise Multicritério (AMC) e Sistema de Informação Geográfica (SIG) para realizar uma análise espacial de todo o território. Com isso, apresentaram o mapeamento das áreas prioritárias para ações de transferência de tecnologia no Brasil.

Segundo o analista da Embrapa Meio Ambiente Sandro Eduardo M. Pereira, um dos autores da publicação, “a Embrapa mapeou o território brasileiro em classes de prioridade. Sendo que “o diferencial desse trabalho foi a utilização de ferramentas de planejamento estratégico com cenários (prospectiva estratégica) para a definição do objetivo central do estudo, das diretrizes e dos critérios geoespaciais”.

O pesquisador e coordenador da Plataforma ABC, Celso V. Manzatto, realça que “a conjugação da prospectiva estratégica com a AHP (Método de Análise Hierárquica) em modelagem com SIG permitiu a definição de cada etapa do trabalho de forma estruturada, objetiva e participativa”.

Já o pesquisador Ladislau A. Skorupa enfatiza que “o quadro de priorização pode ser naturalmente alterado com o tempo a partir da utilização de dados e informações atualizadas quando houver mudanças de cenários”. Destaca, ainda, que o apoio da Rede de Fomento ILFP foi essencial para o sucesso do trabalho.

Como resultado da avaliação espacial, definiu-se classes de prioridade para ações de TT em ILPF e sua respectiva distribuição espacial. Os autores identificaram que, do total da área com uso agrícola no Brasil, 34,1% apresentam alta prioridade; 21,3% média; 15% baixa e 11,4% muito baixa.

Resultados
Os resultados da pesquisa mostram que as áreas consideradas na priorização concentraram-se nos estados de GO, MG, MT, MS, PR e SP. Os vazios (áreas excluídas) nos estados do MA, PI, TO e AC são explicados pela distribuição espacial do uso e cobertura da terra e da aptidão edáfica. Esses estados apresentam pouca área antropizada e grandes extensões de áreas inaptas. Os vazios nos estados do AM, AP, PA e RR são explicados pela classe de uso e cobertura da terra e pela baixa viabilidade de acesso em grandes áreas. Importante ressaltar que a presença de Terras Indígenas e Unidades de Conservação não interfere nessa exclusão, pois os territórios destes dois temas estão, no geral, em áreas de remanescentes.

Por outro lado, os estados que concentram as áreas aptas retêm 51,7% das áreas com uso agropecuário do Brasil e, em sua maioria, são os que apresentam maior relação de área antropizada pela área da Unidade da Federação (UF). Os estados com a menor extensão de áreas prioritárias e com grandes vazios também são os estados com a menor relação entre a área antropizada e a área do estado. Esta área corresponde a toda região antropizada, exclusivamente agropecuária, desconsiderando a rede hidrográfica (água), as terras indígenas e as unidades de conservação de proteção integral.

Foi gerado um mapa com o resultado final do trabalho, o qual apresenta a distribuição das classes de prioridade na região antropizada agrícola de cada estado e os valores, em área, foram consolidados por UF, ressaltando que 82% da área antropizada do Brasil foram hierarquizados.

Pereira informa que este resultado, bem como o resultado gerado na integração temática estão disponíveis para consulta na Biblioteca Geoespacial. O projeto é ILPF - Áreas prioritárias para TT.

A importância da ILPF
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia de produção agropecuária que reúne tecnologias e sistemas de produção, contemplando a integração de atividades agrícolas, pecuárias e florestais em uma mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, buscando-se efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema.

O reconhecimento dos impactos positivos da ILPF levou a sua inclusão em políticas públicas nacionais e ao compromisso do País em aumentar em até 9 milhões de hectares a área desse sistema no Brasil. Motivou, também, a criação da Rede de Fomento ILPF, uma parceria público-privada.

Skorupa informa que a Rede em 2017, composta pela Embrapa e pelas empresas Cocamar, Dow Agroscience, John Deere, Parker e Syngenta, apoiou diversas ações de transferência de tecnologia até aquele ano, visando à expansão de sistemas ILPF no Brasil.

Os autores são: Sandro Eduardo Marschhausen Pereira; Celso Vainer Manzatto; Ladislau Araújo Skorupa; Maria Isabel de Oliveira Penteado; Priscila de Oliveira; Renan Milagres Lage Novaes (Embrapa Meio Ambiente) e Margareth Gonçalves Simões (Embrapa Solos, RJ).

Fonte: Embrapa em 26 de julho de 2018

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