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Abate florestal continua na Guiné-Bissau apesar de moratória, diz relatório

Apesar da adopção em 2015 de uma moratória por um prazo de cinco anos sobre a exploração florestal na Guiné-Bissau, na sequência das denúncias de desmatação abusiva no período de 2012-2014, o abate florestal continua como refere um relatório intitulado "Diagnóstico sobre a situação de exploração de recursos florestais" apresentado hoje em Bissau nas instalações da ONG Tiniguena.  

Este documento, fruto de cerca de um ano de investigação no terreno financiado pela União Europeia, foi coordenado por Constantino Correia, engenheiro florestal e antigo director-geral dos Serviços Florestais da Guiné-Bissau. Na apresentação deste relatório que faz emergir designadamente a problemática que envolve a desmatação em proveito da cultura da castanha de caju, tornou-se igualmente a focar a questão do abate, exploração e comercialização da madeira no mercado interno serem efectuados com base na concessão de licenças estatais, apesar de esta prática não ser permitida.

De acordo com dados oficiais, só em 2014, período em que esta prática gerou aceso debate, a Direcção-Geral de Florestas e Fauna (DGFF) certificou a exportação de 91.138 metros cúbicos de madeira de pau-de-sangue com destino quase exclusivo para a China. Depois da polémica gerada em torno disso, no ano seguinte, o governo decretou um regulamento proibindo o abate de árvores nas florestas do país durante cinco anos. Apesar disso, nunca cessaram as denúncias de violação dessa moratória, chegando-se inclusivamente a falar em "máfias" que controlam essa actividade.

Ao identificar Oio, no norte, e Bafatá, no leste do país, como sendo neste momento as zonas mais afectadas pelo corte de madeira, o engenheiro florestal Constantino Correia refere contudo não ter dados exactos sobre a dimensão do problema por se tratar de uma actividade desenvolvida de "forma clandestina" apesar de as autoridades terem conhecimento disso. "Já não acontece da forma descarada que acontecia em 2012" refere o engenheiro que denuncia o papel desempenhado por "pessoas muito importantes" que estarão por detrás dessa situação."Na lei, toda a floresta pertence ao Estado" refere ainda o autor do relatório que considera "urgente que o Estado tome medidas que ponham cobro" a esta prática.


Fonte:RFi em 30-05-2017 por Liliana Henriques

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