logomarca

Macaúba: uma palmeira com potencial


De biodiesel a cosmético, o fruto da macaúba pode alavancar a economia

Uma palmeira nativa do Brasil tem tudo para ser o “ouro verde” do país. A macaúba (Acronomia aculeata) gera um fruto composto por quatro partes: casca, polpa, endocarpo (parte dura que envolve a semente) e amêndoa.

A polpa produz um óleo recomendado para biodiesel e bioquerosene, e tem as mesmas propriedades do óleo de dendê. O óleo de amêndoa tem características ideais para a fabricação de cosméticos. “O óleo de macaúba, por exemplo, é nobre demais”, diz o biólogo Sergio Motoike, professor da Universidade Federal de Viçosa. “Ele tem vocação para uso na alimentação humana, na oleoquímica e na cosmética, que pagam bem mais que o mercado de biocombustíveis.” O processamento dos frutos e da casca gera uma torta rica em proteínas, boa para alimentar o gado. Além disso, o endocarpo pode virar carvão ativado, usado para purificar gases e líquidos.

No sexto para o sétimo ano de vida, a macaúba já gera de três a quatro toneladas de óleo de polpa por hectare. A soja, que é a principal matéria-prima para biocombustível no país, produz 600 kg de óleo por hectare.

Mas o que está faltando para macaúba ter sucesso? Segundo Haroldo César de Oliveira, consultor do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) na Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, a macaúba é pouco coletada por não existir mercado comprador.

Outra questão seria a ausência de sementes padronizadas para venda, os chamados “cultivares comerciais”. “Os plantios realizados até o momento são de mudas de sementes de plantas nativas”, diz Carlos Colombo, engenheiro agrônomo e pesquisador da área de genética do Instituto Agronômico de Campinas. Além disso, a legislação nacional não permite a comercialização de sementes e mudas que não estejam registradas no Ministério da Agricultura. O registro só pode ser feito por meio de lançamento do cultivar, após experimentação de campo e outros passos.

Segundo Felipe Morbi, diretor da Acrotech, empresa que implantou até o momento 520 hectares da palmeira em João Pinheiro (MG), ainda não há uma unidade entre pesquisadores, iniciativa privada e órgãos governamentais no intuito de criar uma agenda para a consolidação da palmeira.

A macaúba tem potencial. Por isso, espera-se que ela não dê errado como a cultura da mamona, que foi encampada pelo governo Lula (2003 – 2010) para a produção de biodiesel. O problema da mamona foi a falta de capital e investimento em tecnologias de produção.

Fonte: Opnião e Notícia em 7 maio de 2017

Leia Mais: