A iniciativa conta com a parceria da Secretaria de Agricultura Familiar – SAF e das seis secretaria de agricultura dos municípios da região: Amapá do Maranhão, Carutapera, Cândido Mendes, Godofredo Viana, Boa Vista do Curupi e Luís Domingues. Ao final do seminário, será realizada assinatura de Acordo de Cooperação Técnica entre a Embrapa/SAF no âmbito do Programa da Cadeia Agroextrativista da Juçara/Açaí e entrega simbólica de mudas de açaí, banana e cupuaçu a beneficiários do programa.
O Maranhão é o terceiro estado maior produtor de açaí no País, perdendo somente para o Pará e o Amazonas. A região noroeste do estado, no passado, possuía produção cerca de dez vezes maior que a atual. Segundo o pesquisador da Embrapa Cocais José Mário Frazão, por falta de manejo adequado, a produção vem declinando e perdendo espaço, ano a ano, para as pastagens. A nossa URT ocupa área de 7,5 hectares onde, há 10 anos, produzia-se cerca 1500 latas de açaí. Antes do da aplicação do manejo tecnológico, a produção estava para menos de 200 latas de fruto. “A previsão é de que, em cinco anos a produção ultrapasse à produção original. Estamos juntos, os especialistas em açaí da Embrapa, investindo em conhecimento e tecnologia para retomar a produção do açaí na região. Na URT, são aplicadas tecnologias simples, como o desbaste dentro das touceiras, assim como eliminação de espécies sem valor econômico”, declarou o pesquisador. Também estarão presentes aos dois eventos os pesquisadores José Antonio Leite de Queiroz, Silas Mochiutti e José Tomé de Farias Neto, reconhecidos nacionalmente pela excelência de seus conhecimentos no cultivo e manejo de açaí.
Manejo de açaizais nativos - Busca equilibrar a população de açaizeiros que ocorrem naturalmente na floresta de várzea garantido mais alimento e renda às famílias ribeirinhas. Com essa técnica que não exige investimento em infraestrutura, a produtividade do açaizeiro pode dobrar de 4,2 t/ha para 8,4 t/ha de frutos. Ela baseia-se na eliminação das plantas de espécies arbustivas e arbóreas de baixo valor comercial, cujos espaços livres são ocupados por plantas de açaizeiros oriundas de sementes que germinam espontaneamente, de mudas preparadas ou transplantadas das proximidades e por outras espécies de valor econômico, como fruteiras e florestais. O segredo está na relação e no equilíbrio entre as plantas de açaí e outras espécies na mesma área.
Nova Cultivar - Durante o seminário, será apresentada a nova cultivar de açaí em terra firme da Embrapa: BRS Pai D´Égua. Segundo os especialistas, o cultivo de açaí em terra firme com irrigação tem se mostrado mais atraente, pois permite que a maior parte das atividades sejam mecanizadas, inclusive a colheita, além de propiciar a obtenção de produtividades bem mais elevadas que a dos açaizais nativos manejados. Outra vantagem verificada no cultivo de açaí em terra firme com irrigação é a eliminação ou redução da sazonalidade da produção de frutos.
O potencial de mercado do açaí cresceu de maneira significativa nos últimos anos. O fruto deixou de possuir uma dimensão regional para ganhar importância nacional e, mais recentemente, internacional. O crescimento do mercado do açaí está associado aos benefícios à saúde que a ciência vem atribuindo à ingestão desse alimento, que apresenta em suas propriedades vitaminas do complexo B, C, além de sais minerais, como o ferro, cálcio e potássio, e fibras.
Fundo Amazônia - Embrapa participa com o Projeto Integrado para a Produção e Manejo Sustentável do Bioma Amazônia, financiado pelo Fundo Amazônia e operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O projeto busca promover a produção e a disseminação de conhecimentos e tecnologias voltadas para a recuperação, conservação e uso sustentável da Amazônia, por meio de apoio a projetos e ações de pesquisa, desenvolvimento, transferência de tecnologia, intercâmbio de conhecimentos e comunicação rural. Trata-se de um projeto de grande escala, que requer esforços sincronizados e orquestração precisa de nove dos quarenta e dois centros de pesquisa da Embrapa em todo o Brasil, que atuam diretamente na região, além de parcerias institucionais de âmbito local e nacional. Ao todo são dezenove projetos, que compõem quatro arranjos maiores (grupos de projetos afins), cada um composto por projetos de abrangência regional, estadual ou local, selecionados através de chamadas internas e executados por centros de pesquisa que atuam naquele bioma: Monitoramento do Desmatamento e da Degradação Florestal e Serviços Ecossistêmicos; Manejo Florestal e Extrativismo; Tecnologias Sustentáveis para a Amazônia; e Aquicultura e Pesca.
A Embrapa Cocais atua Arranjo 2 - Restauração, manejo florestal e extrativismo, cujas prioridades são: desenvolvimento e transferência de tecnologias de manejo florestal, com ênfase no manejo florestal comunitário e na agricultura familiar; avaliação e monitoramento do manejo de espécies madeireiras nativas da Amazônia; desenvolvimento e transferência de tecnologias para restauração florestal, incluindo manejo, produção e armazenamento de sementes e mudas e sistemas silviculturais para o bioma Amazônia; desenvolvimento e transferência de tecnologias de coleta, armazenamento, beneficiamento e agregação de valor de produtos da sociobiodiversidade; transferência de tecnologias e treinamento em boas práticas para a produção de produtos florestais não-madeireiros; e regularização ambiental e recuperação de Área de Preservação Permanente e Área de Reserva Legal.
Fonte:Agrolink em 03/02/2020
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