Ullisses Campbell e Lilian Tahan
09h11 - Pela primeira vez, o governo tem um mapa que define como estão
distribuídos os conjuntos de vida animal e vegetal em solo brasileiro.
Feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
e apresentado ontem em cerimônia no Palácio do Planalto, o Mapa
de Biomas será fundamental para planejar estratégias de defesa
do meio ambiente e um excelente instrumento pedagógico nas salas de
aula.
O documento sobre os biomas, apresentado juntamente com a terceira versão do mapa da vegetação brasileira, reconstitui com mais detalhes o conjunto de plantas desde a época do descobrimento. Ambos foram lançados como parte da comemoração do Dia Mundial da Biodiversidade. Quando se fala em mapa vegetal, o Brasil está dividido em dois. Uma área de mata densa, que ocupa mais de 60% do território nacional, e outra parte campestre.
Os dois mapas foram confeccionados graças a uma parceria feita em 2003 entre o IBGE e o Ministério do Meio Ambiente. Desde o descobrimento do Brasil, o homem destruiu uma área de 400 milhões de hectares, o equivalente a 500 milhões de campos de futebol. O alerta foi dado pelo diretor do Programa Nacional de Biodiversidade, Paulo Kageyama. ‘‘Ainda é cedo para se falar em destruição do meio ambiente, mas há áreas ocupadas que merecem cuidado, porque nelas há atividades de agricultura e pastagens, que estão degradadas’’, afirma.
Os mais destruídos
De acordo com os mapas, os biomas mais afetados são o da Mata Atlântica
e o do Cerrado, com 93% e 80% das áreas devastadas, respectivamente.
Para preservar e recuperar as áreas restantes, o governo assinou ontem
decreto definindo 900 áreas prioritárias para conservação
da biodiversidade. Elas serão utilizadas para estudos científicos
e preservação das espécies naturais. ‘‘O
governo vai focalizar suas políticas de proteção, fiscalização
e uso sustentável nessas áreas’’, disse a ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva. A delimitação dos espaços,
no entanto, não impede a visita turística dos locais, desde
que utilizados de maneira
sustentável.
Segundo o diretor de Geociências do IBGE, Guido Gelli, com a publicação dos mapas, o governo e a sociedade brasileira passam a contar com um valioso instrumento na formação de políticas públicas específicas para diferentes biomas brasileiros. Para ficar mais didático, os técnicos do IBGE lançaram mão de denominações usadas atualmente pela população: Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga Cerrado e Pampas.
O vice-presidente da República, José Alencar, também ressaltou a importância de o país ter um mapa de biodiversidade. ‘‘Nosso Brasil possui a maior cobertura de floresta tropical do mundo e a maior biodiversidade do planeta, com cerca de 22% das espécies animais e vegetais existentes. O Brasil é um país muito amplo, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Esses mapas serão importantes para a preservação ambiental, principalmente porque eles foram elaborados respeitando as diferenças regionais’’, disse Alencar.
Santuário das baleias
Na mesma cerimônia em que foram lançados os novos mapas, o governo
brasileiro reforçou a campanha internacional pela criação
do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. A Presidência
da República pediu a líderes mundiais para que apóiem
a proteção dos cetáceos. Com a criação
do santuário, proposta apresentada pelo Brasil em 1998 à Comissão
Internacional da Baleia, ficaria definitivamente vetada a caça a esses
mamíferos em toda a área abaixo da linha do Equador, entre a
América do Sul e a África. Desde 1987, a pesca da baleia é
proibida no Brasil.
Animais em extinção
O Ministério do Meio Ambiente aproveitou o Dia Internacional
da Biodiversidade para lançar a primeira lista nacional de invertebrados
aquáticos e peixes de água doce e salgada ameaçados de
extinção. A lista, que está pronta há mais de
um ano, tem 258 animais e servirá para a elaboração de
políticas públicas para recuperação das espécies
em extinção. No rol de animais ameaçados, estão
estrela-do-mar, tubarão-martelo, peixe-serra e centenas de peixes e
crustáceos comestíveis e que são explorados economicamente.
A lista será publicada no Diário Oficial nos próximos
dias e foi elaborada por duas organizações não-governamentais.
fonte: Do Correio Braziliense, 22/05/2004
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