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Sistemas agrossilvipastoris serão implantados nas Missões

Técnicos e agricultores de seis municípios das Missões reuniram-se nesta quinta-feira (29/11), na Câmara de Vereadores de Pirapó, para discutir a implantação do projeto de Sistemas Agrossilvipastoris na região das Missões: estratégias de produção sustentável, preservação e educação ambiental para agricultura familiar.

São parceiros na execução da proposta de valorização da cultura e do patrimônio natural da história da região, a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) São Luiz Gonzaga, Emater/RS-Ascar e a empresa de energia Enel.

 

O gerente regional da Emater/RS-Ascar, Ademir Renato Nedel, afirmou que a Instituição definiu por contribuir com a elaboração e execução dos projetos técnicos de sistemas agroflorestais e silvipastoris a serem implantados em 35 propriedades da região, em um primeiro momento, de modo a trazer satisfação aos participantes, com maior geração de renda e qualidade de vida.

A proposta


Durante o encontro o professor Jean Lucas Poppe, coordenador do Comitê de Sustentabilidade Socioambiental da URI-São Luiz Gonzaga, esclareceu sobre a proposta e a abrangência do projeto. ?A ideia é que os beneficiários possam ganhar em produção, educação, preservação do meio ambiente e promoção da saúde, inseridos em uma proposta que vai de encontro aos objetivos de desenvolvimento sustentável?, afirmou.

Em um primeiro momento serão beneficiados 35 agricultores dos municípios de Garruchos, São Nicolau, Dezesseis de Novembro, São Luiz Gonzaga, Santo Antônio das Missões e Bossoroca. O projeto consiste na implantação de sistemas agroflorestais, com consórcio de espécies nativas florestais e frutíferas, e sistemas agrossilvipastoris, que congregam a produção de árvores e pastagens para pecuária de corte ou leite. O produtor poderá optar entre um ou outro sistema, cujos custos serão subsidiados pela empresa de energia Enel.

Aqueles que optarem por sistemas agroflorestais irão implantar em uma área de um a dois hectares cada, mudas de citros, bananeira, mamoeiro, batata doce, butiazeiro, pau-ferro missioneiro, cerejeira, pitangueira, uvaieira, jabuticabeira, eucaliptos e mudas nativas pioneiras e secundárias iniciais.

 

No sistema silvipastoril serão implantadas mudas nativas diversas, mudas nativas de pau-ferro missioneiro e mudas exóticas de eucaliptos.

 

Além das mudas para a área de agrofloresta ou silvipastoril, serão fornecidas mudas nativas para a formação de módulos conjugados em áreas de preservação permanente (APP) ou de reserva legal (RL). Ainda, os produtores interessados receberão cinco caixas de abelhas para colocar nestas áreas.

 

Os projetos técnicos serão adequados à Resolução do Consema nº 383/2018, que dispõe sobre os procedimentos e critérios para certificação e exploração de florestas plantadas com espécies nativas desenvolvidas no Rio Grande do Sul.

 

A intenção é que a implantação destes sistemas resulte em alternativa de ganho econômico, produção para autoconsumo família e contribuam para a preservação do meio ambiente.

 

O analista de meio ambiente da Enel, Samuel Santos Cardoso, afirma que a empresa assumiu o compromisso de atender ao passivo de operação de modo a beneficiar significativamente aos agricultores, de forma livre e voluntária por parte do beneficiário, com implantação de um projeto que faça a diferença na vida das famílias. O projeto elaborado pela URI de São Luiz Gonzaga, foi submetido à Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema) e receberá apoio técnico da Emater/RS-Ascar em sua execução. O custo será totalmente subsidiado pela Enel.

 

Entenda os sistemas agroflorestais e silvipastoris


A diferença dos conceitos e das finalidades de cada sistema foram apresentadas aos agricultores para que pudessem tomar a decisão mais adequada à realidade de sua propriedade.

 

O assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar em Sistemas de Produção Vegetal, engenheiro agrônomo Gilmar Francisco Vione, explicou que o sistema agroflorestal consiste na aliança entre agricultura e floresta, com manejo intencional de espécies arbóreas com finalidade produtiva. Podem ser agregadas espécies anuais como arroz, feijão, milho, mandioca, batata-doce, temperos, plantas medicinais; espécies plurianuais como banana, mamão e palmito-juçara; e espécies perenes a exemplo de citros, frutas nativas e erva-mate. É possível aliar também à Apicultura e à Meliponicultura, sendo esta última a criação de abelhas sem ferrão.

 

Já o assistente técnico regional de Supervisão da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Joney Braun, esclareceu sobre o sistema silvipastoril, que alia o equilíbrio entre a vegetação arbórea e gramíneas. Entre os motivos apontados para a arborização de pastagens estão a pressão para boas práticas na pecuária; crescente mercado para madeira plantada; uso de tecnologias de baixo custo e eficientes; favorecimento à biodiversidade; agregação de valor e renda; serviços ambientais (sequestro de carbono, controle de erosão, aumento da infiltração de água) e ambiência e bem-estar animal.

 

As pastagens arborizadas contribuem também para a redução de gastos de energia pelo animal, resultando em melhorias na produção de leite, na fertilidade das fêmeas, na taxa de fecundidade dos bovinos machos, na taxa de conversão, na qualidade da pastagem e contribui na redução da idade de abate no caso do gado de corte.

Para compreender melhor como os sistemas funcionam na prática, o grupo visitou a agrofloresta implantada há 15 anos na propriedade de Mara Ketzer, em Pirapó, e o sistema silvipastoril que contribui com o rebanho de 130 vacas da granja Ortiz, em São Nicolau.

 

Fonte: Emater-RS em 03 de dezembro de 2018

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