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Embrapa deve inaugurar este ano usina que vai produzir biodiesel de dendê na Amazônia

 

A Embrapa Amazônia Ocidental deve inaugurar, ainda neste ano, uma usina com capacidade para processar mil litros de biodiesel produzidos com óleo de dendê (uma palmeira amazônica). O projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Instituto de Militar de Engenharia (IME). Por isso, os equipamentos da usina ainda estão no Rio de Janeiro, onde foram construídos.

Com auxílio da logística militar, os equipamentos serão levados a Rio Preto da Eva, no Amazonas, onde a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem 412 hectares de plantação de dendê e um centro de extração do óleo.

"O biodiesel produzido a partir do dendê, como qualquer outro biodiesel, tem uma emissão menor de gases do efeito estufa, além de ser uma fonte renovável de energia. O Brasil importa derivados de petróleo, então, a produção nacional de biodiesel contribuirá para nossa independência em relação à matriz energética", afirmou Ricardo Lopes, pesquisador da Embrapa, em entrevista à Radiobrás .

O processo que transforma o óleo de dendê em biodiesel recebe o nome de transiterificação. O óleo vegetal é misturado ao álcool etanol e a um catalisador (substância que acelera a reação). "Por meio de agitação, aquecimento e pressão, surge o biodiesel e a glicerina, que pode ser aproveitada pela indústria de cosméticos", explicou o pesquisador.

O projeto foi iniciado no começo de 2005 e tem duração de dois anos. Seu custo de R$ 806 mil é coberto pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). "O biodiesel produzido pela usina será utilizado para gerar energia elétrica para nossa estação experimental, onde há 20 casas, e também para a comunidade de São Francisco do Mainá, na zona rural de Manaus", informou Lopes.

O pesquisador disse que a estação experimental de dendê foi construída em Rio Preto da Eva em 1982, como parte do Programa de Mobilização Energética do governo federal. "Quando o preço do barril do petróleo diminuiu, o programa foi interrompido, mas continuamos com as pesquisas relativas à cultura do dendê, com o objetivo de aumentar a produtividade por hectare e a resistência da planta a pragas", acrescentou.

A produção nacional de óleo de dendê gira em torno de 130 toneladas por ano e se destina quase exclusivamente à indústria alimentícia – a gordura vegetal do dendê é utilizada na fabricação de margarinas, sorvetes e bolachas, por exemplo. "O biodiesel do dendê tem um custo de produção baixo, que pode chegar a R$ 1 por litro. Mas o custo de oportunidade é alto, porque você deixa de vender para a indústria alimentícia, o que é mais lucrativo. Então, para usar o dendê como biodiesel, o Brasil tem que seguir o exemplo da Europa e subsidiar a produção", ponderou Lopes.

Segundo ele, a produção nacional de óleo de dendê representa cerca de 0,5% da produção mundial, liderada pela Malásia e pela Indonésia. "No Brasil, 80% do óleo de dendê vem do Pará. Na América do Sul, o maior produtor é a Colômbia, que está em quinto lugar entre os países que processam o produto. Mas a Malásia e a Indonésia, juntas, respondem por 80% da produção mundial", informou o pesquisador.

Fonte: Jornal O Povo em 25 Novembro de 2005

 

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