Fernando Penteado Cardoso*
O título desta crônica repete palavras e conceitos que são encontrados quase todos os dias quando a agropecuária moderna é discutida e analisada.
Vale entender o que significam e como se inter-relacionam nas infindáveis dissertações sobre o assunto. Vale saber como pensam os especialistas que, por todo o mundo, se preocupam e se ocupam da matéria.
Ocorre-me re-lembrar a carta de Madri resultante dos trabalhos da “I
Congresso Mundial sobre Agricultura de Conservação”, realizada
naquela cidade em Outubro de 2001. Esse documento, originado das discussões
de renomados técnicos e cientistas de todo o mundo, conclui que nada
existe melhor do que “a terra imperturbada recoberto de resíduos”
para chegar a sustentabilidade da agro-pecuária através da conservação
do solo.
Tempos atrás ousei formular uma definição calcada nos
conceitos admitidos por todo o mundo:
“Agricultura sustentável é aquela que apresenta viabilidade
econômica,
persegue a eficiência, protege o meio ambiente e persiste no futuro”.
Embora a definição seja de certa forma abrangente, na realidade, quando se pensa em sustentável, vem logo a imagem de algo estável, duradouro, persistente. Sendo assim, para termos uma agro-pecuária sustentável é preciso que seja, antes de tudo, constante, o que pressupõe um solo de fertilidade conveniente e permanente.
Quando se tratar de terras fracas de origem ou esgotadas pelo cultivo, essa fertilidade começa pelo melhoramento do solo, para então se cuidar de sua conservação. Cumpre melhorar primeiro, para conservar depois. Não tem o menor sentido a preocupação de se conservar o que existe naturalmente, pois os solos fracos, alem de antieconômicos, não têm condições de beneficiar a sociedade através da produção de alimentos, fibras e energia.
A tese ambientalista de se conservar a natureza padece da generalização de se manter o que não é conveniente para o homem. Há que moldar a natureza em favor da humanidade e, nesse caso, nada mais significativo do que a recuperação dos 15 milhões de há de solos originalmente pobres de campo nativo e de cerrado, seguida de um aproveitamento sustentável, digo permanente, através do plantio direto.
Vamos rever todos esses assuntos por ocasião do II Congresso Mundial
de Agricultura Conservacionista (Foz do Iguaçu, Ag. 2003). Certamente
os produtores, agrônomos e técnicos terão orgulho em mencionar
o exemplo do Brasil, com seus 19 milhões de ha sob plantio direto na
palha.
Dois grandes desafios deverão ser enfrentados pelos participantes do
II Congresso, dentre muitos outros. Refiro-me à produção
e manutenção da palha nas regiões de clima com curta
estação de chuvas seguida de estiagem quente, como o Sudoeste
da Baia e o Sul do Maranhão/Piauí. Lembro-me também das
plantadeiras de facão que perturbem menos o solo e deixem as sementes
em íntimo contato com a terra.
A solução destes e de outros problemas virão aperfeiçoar o sistema de plantio direto na palha, a melhor tecnologia até hoje desenvolvida para uma efetiva melhoria e conservação do solo, condição fundamental para uma agricultura sustentável.
*Eng. Agr. Sênior, Pres. da “Fundação Agrisus -
agricultura sustentável”.
**Transcrito da Revista Plantio Direto, Passo Fundo/RS
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