Na segunda parte da entrevista ao Último Segundo, Fernando Bezerra, ministro da Integração Nacional frisou que o projeto, apesar de diminuir o impacto da seca na região, não irá resolver o problema.
Último Segundo - O senhor acha que o projeto de transposição do rio São Francisco vai resolver o problema da seca e o da migração para os grandes centros?
Fernando Bezerra - Não. O projeto resolve as duas coisas em parte. É preciso ter cuidado, porque o projeto não resolve o problema da seca. E nem o objetivo é esse. É garantir água para 8 milhões de pessoas, isso é muita coisa - por um custo relativamente baixo. Nós gastamos, só na última seca , R$ 3 bilhões - para um resultado que muitas vezes não é compreendido pelas pessoas. Sem o projeto, o problema da seca continua. Com o projeto a seca passa a ser um diferencial positivo.
US - Como assim?
Bezerra - A seca é uma coisa boa para a irrigação.Todo irrigante gosta da seca desde que tenha água armazenada. Não da chuva. A chuva pode ser um problema para a plantação, porque cria um ambiente úmido, com a propagação de doenças na plantas, diminuindo a produtividade. Mas se você tiver seca com água garantida, ela passa a ser um diferencial positivo. Hoje é negativo. Mas a seca tem aspectos extremamente positivos, que nunca foram divulgados. É justamente no período de seca, com água na região, que se tem a maior produção agrícola. Se tira três a quatro safras por ano. Irrigante não gosta de chuva. A seca propõe três mil horas de sol por ano.
US - Hoje temos, em média, uma safra por ano.
Bezerra - Temos uma por ano, quando chove, nas áreas
irrigadas. Mesmo um projeto de irrigação só pode ser
efetivado com garantia de água. O nordeste tem, entre
grandes e pequenos reservatórios, 60 mil. Se não existisse
isso, não tinha nordestino por lá mais.
*Em 19:18 22/09 por Vladimir Netto, repórter iG em Brasília ([email protected])
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