A integração entre agropecuária e projetos ambientais está ganhando importância a cada nova pesquisa divulgada.
A integração entre agropecuária e projetos ambientais está ganhando importância a cada nova pesquisa divulgada. Em Foz do Iguaçu, uma conferência sobre plantio direto integrado às ações ecológicas mostrou aos participantes a importância de utilizar o manejo para diminuir a emissão de gases nocivos à atmosfera.
O Simpósio sobre Plantio Direto e Meio Ambiente, iniciado na última quarta-feira e encerrado ontem, trouxe como subtítulo um tema ainda pouco conhecido pela maioria da população - o ‘‘seqüestro de carbono’’ - mas que se tornou peça-chave para a ampliação das negociações do Brasil em relação aos Créditos de Carbono previstos pelo Protocolo de Kyoto (veja reportagem nesta página).
Durante o evento, que contou com cerca de 300 especialistas do Brasil e do exterior, o plantio direto foi colocado como principal manejo alternativo para reduzir a emissão de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera. É o que afirma o professor e pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena/USP), Carlos Clemente Cerri. Com resultados em mãos de pesquisas realizadas em Piracicaba (SP), Cerri mostrou que o índice de incidência de carbono é três vezes maior no solo que o encontrada no ar.
Para o professor, reduzir este índice por meio de manejos como o plantio direto pode significar, a longo prazo, a manutenção das condições de vida no planeta. ‘‘Há duas maneiras de se evitar a concentração de carbono na atmosfera: o controle da emissão de gases feita pela sociedade e a retirada do carbono do ar. O solo é um meio muito eficiente de ‘seqüestrar’ carbono’’, explicou Cerri.
Para realizar este ‘‘seqüestro’’ – termo difundido internacionalmente –, a alternativa mais conhecida é o reflorestamento, onde as plantas absorvem CO2 e liberam oxigênio. O uso do plantio direto na palhada é apontado como meio bastante eficiente para manutenção do gás na terra. Para o cientista norte-americano do Serviço de Pesquisa Agrícola de Iowa, Don Reicosky, pesquisas realizadas em estados centrais e do norte dos Estados Unidos mostraram que o uso do plantio direto diminuiu em até cinco vezes a emissão de carbono do solo para a atmosfera.
Reicosky é um crítico do uso de grades e arados no preparo do solo. ‘‘A aragem intensa é prejudicial duas vezes: primeiro porque leva mais óleo diesel ao campo. Segundo, porque libera mais carbono e umidade do solo’’, afirmou o cientista. Dados mostraram que a terra arada liberava 18,3 milímetros (mm) de água enquanto outro terreno ao lado emitia apenas 3,5 mm graças à manutenção da palhada.
A safra brasileira 2003/2004 registrou 21,8 milhões de hectares (ha) com plantio sobre a palhada. O crescimento anual é de 1,94 milhões/ha/ano. Mas em meio aos números positivos, os pesquisadores alertam: ainda há muito que fazer para melhorar as condições do planeta. Cerri destacou que assim como a agricultura é um setor que pode dar novo fôlego ao ecossistema global, ela também continua sendo uma das principais responsáveis pela emissão de gases nocivos.
A queima de combustível fóssil corresponde a 66% das emissões de carbono, seguida pela agricultura, responsável por 20%. Curiosamente, o uso descontrolado da terra - como queimadas e desmatamentos -, representa 14% dos emissores de poluentes da atmosfera. ‘‘Calculamos o índice de Carbono no ar em partes por milhão (ppm). O índice hoje está em 375 ppm. Parece pouco, mas significa também aumento de temperatura do planeta o que pode mudar muito os números da produção agrícola’’, alertou o pesquisador da Cena. A média histórica dos últimos séculos era de 280 ppm de CO2 na atmosfera.
fonte: Folha de Londrina
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