Organismos Geneticamente Modificados - Transgênicos
Mensagens Publicadas em 28/07/2000
FAO quer rotular rações de animais feitas com organismos geneticamente modificados |
Carta de José Lutzenberger para Revista VEJA |
Avicultores cearenses recebem 21 mil toneladas de milho transgênico |
FAO quer rotular rações de animais feitas com organismos geneticamente modificados |
PORTO, Portugal - Os programas governamentais de segurança de alimentos
precisam avaliar, autorizar e rotular as rações para animais que contenham organismos geneticamente modificados, conhecidos pela sigla
OGM. A afirmação foi feita nesta terça-feira pela Food and Agriculture Organisation, FAO, a organização das Nação Unidas para agricultura e alimentos. Em um relatório sobre segurança alimentar e seus efeitos sobre a alimentação dos animais, apresentando durante a conferência européia da FAO na cidade do Porto, a organização procurou passar à margem da controvérsia criada na Europa em torno da questão, ainda não confirmada ou negada, da ingestão de alimentos geneticamente modificados, ou com ingredientes geneticamente modificados, ser prejudicial à saúde. Na dúvida, muitos consumidores têm rejeitado esses tipo de alimento. No entanto, a FAO destaca a existência de um consenso sobre o direito dos consumidores de serem informados sobre como os alimentos que consomem são produzidos. "As pesquisas realizadas até agora não demonstraram qualquer perigo atribuído aos OGMs, mas é preciso continuar estudando", informou a organização internacional. "O essencial a curto prazo é alcançar um consenso na comunidade internacional sobre o método de análise e regulamentação dos OGMs usados em alimentos e em rações ". "Urge que os programas nacionais sobre os OGMs não sejam 'mais restritivos do que o necessário para alcançar objetivos legítimos",destaca a FAO. Há alguns anos, sementes geneticamente modificadas têm sido plantadas nos Estados Unidos, Canadá e Argentina, entre outros países, nos quais as companhias de biotecnologia afirmam que esses tipo de sementes apresentam uma resistência maior a herbicidas e pragas, proporcionando colheitas melhores. Mas na Europa os consumidores continuam preocupados com os uso de OGMs na produção de alimentos. |
25 de julho, 2000 |
Carta de José Lutzenberger para Revista VEJA |
À Direção da Revista VEJA: Sr. Roberto Civita Presidente e Editor Sr. Tales Alvarenga Diretor de Redação Sr. Eurípedes Alcântara Redator Chefe Porto Alegre, 20 de Julho de 2000 Prezados Senhores: A reportagem "O herói do foie gras", nº 24, de 14 de julho deste ano, é mais um exemplo, entre vários que venho constatando, que mostram que VEJA às vezes está ou muito mal informada ou muito mal intencionada. Sua tentativa de ridicularizar José Bové, exuda sentimento anti-luta social. A luta de Bové nada tem a ver com anti-americanismo, é uma luta de cunho global contra a sistemática marginalização do camponês pela política agrícola de apoio às transnacionais. A globalização é apenas um dos últimos instrumentos desta política. Não consigo crer que VEJA seja tão ignorante que não saiba distinguir entre camponês e fazendeiro e tão mal informada que não saiba que os subsídios agrícolas no Mercado Comum Europeu, nos EEUU e entre nós também, são para o agribusiness e as grandes monoculturas, apenas as últimas gotas chegam até o agricultor, quando chegam. Até na "moderna" Alemanha, a renda per capta, no que sobra de agricultura familiar, é a última na lista, inferior à do operário não especializado. Por isso, todos os anos, dezenas de milhares se vêem obrigados a abandonar. No mundo inteiro, também aqui no RS, e, como pude verificar recentemente na China (que também se prepara para submeter-se à Organização Mundial do Comércio, WTO), aumenta o número de suicídios entre os camponeses. Quanto ao "quixotesco" e "anti-americano" de Bové, ele é pessoa muito culta, estudou em Harvard, fala muito bom inglês e conta com forte apoio nos EEUU, onde a marginalização dos "farmers" (não confundir com fazendeiros) é uma das piores do mundo. Dizer que Bové fica mais rico e os agricultores brasileiros mais pobres, se não for puro cinismo, é muita burrice. Em todo o mundo, o verdadeiro agricultor está cada dia mais próximo da falência. Era o caso de Bové, que se tornou camponês criador de ovelhas e produtor de queijo Roquefort, por escolha pessoal, poderia ter se tornado professor universitário. Gostaria de saber porquê VEJA prefere dar apoio à tecnocracia transnacional, que quer se estruturar em poder global tecno-ditatorial, em vez de dar força ao cidadão. Atenciosamente José A. Lutzenberger |
Lilly Lutzenberger Fundação Gaia email: [email protected] |
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