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Boletim 126, Por um Brasil Livre de Transgênicos

agricultura

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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 126 - 23 de agosto de 2002

Car@s Amig@s,

Graças à pressão da população, a Unilever e a Nissin, proprietárias das marcas Knorr e Cup Noodles, garantiram que não vão mais utilizar transgênicos em seus produtos.

Em maio e junho de 2000, o Greenpeace e o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), duas das entidades que compõem a Campanha “Por um Brasil Livre de Transgênicos”, realizaram os primeiros testes que comprovaram que ingredientes transgênicos estavam sendo utilizados ilegalmente em produtos alimentícios destas marcas no Brasil.

De junho de 2000 até julho de 2002 foram realizados seis outros testes, vários dos quais mostraram a reincidência da contaminação nas marcas citadas. As empresas que fabricam os alimentos foram informadas sobre os resultados dos testes, que também foram divulgados para a população.

A partir destas informações, o Greenpeace organizou uma grande campanha para pressionar as indústrias alimentícias a deixarem de utilizar ingredientes transgênicos em seus produtos. Foram realizadas várias atividades públicas para denunciar o uso indevido de transgênicos, além de campanhas de envio de cartas, cartões postais, fax, e-mails e telefonemas para as empresas. Só a Knorr recebeu mais de 10.000 e-mails da população exigindo providências!

O recente comprometimento da Unilever e da Nissn é uma vitória a ser comemorada por todos que participaram deste trabalho, denunciando o problema e se manifestando junto às empresas. Ela nos mostra que a pressão da sociedade é capaz de mudar a realidade que lhe é imposta -- a população não pode aceitar ser obrigada a consumir alimentos transgênicos sem sequer ter o direito de ser informada sobre o fato.

Esta vitória também é um estímulo para que continuemos a pressionar as empresas que ainda não deram garantias de que evitam a contaminação de seus produtos com ingredientes transgênicos.

Como você pode ver no “Guia do Consumidor Lista dos Produtos Com ou Sem Transgênicos”, publicação do Greenpeace que pode ser acessada pelo endereço www.greenpeace.org.br, muitas empresas ainda não se sensibilizaram com os apelos da população e não demonstraram qualquer preocupação com o assunto.

Você pode fazer a sua parte, divulgando o “Guia do Consumidor” para o maior número de pessoas que puder e telefonando e enviando mensagens de protesto às empresas que ainda não se comprometeram a evitar a contaminação.

Mais uma vez, contamos com a sua participação. Quanto maior o número de pessoas conscientes e atuantes, maior será o sucesso desta campanha.

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Neste número:
1. Transgênicos dividem candidatos à Presidência
2. EUA pressionam Inglaterra a liberar transgênicos
3. Painel sugere cautela com animais transgênicos
4. Bezerra clonada no Brasil morre
com suspeita de infecção
5. Cientistas criam vírus transgênicos para esterilizar coelhos na Austrália
6. Plataforma Política Feminista contra os transgênicos Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura
Agricultura familiar resolve o problema da fome na Etiópia

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1. Transgênicos dividem candidatos à Presidência
Em meio a propostas semelhantes para o futuro da agricultura brasileira, os principais candidatos à Presidência da República divergem em um ponto polêmico: a comercialização dos transgênicos no Brasil.
O Partido dos Trabalhadores (PT) defende a moratória de quatro anos para a adoção dos transgênicos. “Não somos contra por princípio e não propomos a proibição para pesquisa, mas o assunto precisa ser debatido”, afirmou o assessor do candidato Luis Inácio Lula da Silva, José Graziano da Silva, em seminário realizado ontem em São Paulo pela Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR).
Discursando logo após o assessor de Lula, o candidato ao governo de São Paulo, Antonio Cabrera Mano Filho, representando Ciro Gomes (PPS), foi contra a moratória. “Não é necessário pedir tempo. É necessário discutir o que nos fará mais competitivos”, afirmou.
A posição é semelhante a adotada por Francisco Graziano, representante do candidato José Serra (PSDB). Embora ressalte que o candidato aguarda a decisão judicial, Graziano afirma que os dilemas em torno do assunto são comerciais. “Precisamos pensar nos mercados que serão ocupados ou perdidos”. Japão e União Européia restringem a importação de transgênicos, enquanto os EUA utilizam a tecnologia. Christino Áureo, representante de Anthony Garotinho (PSB), não falou sobre o assunto.
Valor Econômico, 21/08/02.

2. EUA pressionam Inglaterra a liberar transgênicos
O ministro de Meio Ambiente da Grã-Bretanha, Michael Meacher, disse ontem, em Londres, que o governo dos Estados Unidos está pressionando o Governo Britânico para que permita os cultivos de organismos geneticamente modificados (transgênicos) para fins comerciais. Em entrevista ao jornal Independent, Michael Meacher reclamou.
Jornal do Commercio, 20/08/02.

3. Painel sugere cautela com animais transgênicos
Embora não haja evidências de que animais produzidos por meio de clonagem sejam perigosos para o consumo humano, um painel de cientistas americanos disse ontem que mais cuidado é necessário com animais geneticamente modificados que possuem trechos de DNA de outras espécies. O comitê, montado pelo Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, fez uma análise a pedido do FDA (agência do governo americano que regulamenta alimentos e medicamentos nos EUA). O painel apontou perigos como a liberação no ambiente de peixes geneticamente modificados para crescer mais rápido, os quais substituíram seus parentes selvagens, ou o risco de substâncias alergênicas na carne de animais transgênicos.
Folha de São Paulo, 22/08/02.

4. Bezerra clonada no Brasil morre com suspeita de infecção
A bezerra Penta, primeiro mamífero do país clonado a partir de material genético de um animal adulto, morreu na última segunda-feira em Jaboticabal (344 km de São Paulo). A informação só foi confirmada ontem (16/08) pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), responsável pelo projeto que criou o animal.
A causa da morte ainda não foi descoberta, mas a hipótese mais provável é que uma infecção generalizada tenha causado a morte de Penta. O resultado dos exames deve ser divulgado na próxima semana. Penta tinha um pouco mais de um mês de vida. (...).
Folha de São Paulo, 17/08/02.

5. Cientistas criam vírus transgênicos para esterilizar coelhos na Austrália

Cientistas de Canberra, na Austrália, esperam controlar a população de coelhos que destroem as plantações agrícolas com vírus transgênico que tornam o animal estéril.
Pesquisadores do Centro de Pesquisa “Pest Animal Control Co-operative” revelaram que o vírus anticoncepcional foi criado pela inserção de um gene do vírus myxomatosis, que faz com que as fêmeas produzam anticorpos contra seus próprios óvulos.
Um casal de coelhos consegue produzir de 30-40 filhotes a cada ano, porém, espera-se que a liberação do vírus torne 70 a 80% das fêmeas selvagens estéreis, fazendo que a população de coelhos na Austrália diminuir para um nível similar ao europeu. (...)
just-food.com, 09/08/02.
N.E.: Imaginem os impactos da disseminação descontrolada deste vírus no ambiente. É simplesmente inaceitável a liberação de organismos como este, cujos impactos serão impossíveis de serem detidos caso qualquer coisa não saia como o esperado.

6. Plataforma Política Feminista contra os transgênicos
O texto da Plataforma Política Feminista aprovado na Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras, em Brasília em 6 e 7 de junho de 2002, está estruturado em 269 parágrafos, contendo análises e desafios para a sociedade, o Estado e outros movimentos. As ênfases vão desde os temas da democracia política, da justiça social e da inserção do Brasil no contexto internacional, chegando até a democratização da vida social, liberdade sexual e reprodutiva, à igualdade, redistribuição de riquezas e pela justiça social. Neste contexto, no parágrafo (86) a conferência se posiciona contra os transgênicos, pois, os agricultor@s estão perdendo sua autonomia em relação ao acesso e controle de sementes devido ao incentivo dos governos ao plantio de sementes híbridas e transgênicas, altamente dependentes de insumos químicos, o que favorece as grandes indústrias deste setor. Os critérios definidos pelo Ministério da Agricultura para a produção e comercialização de sementes excluem a agricultura familiar. No parágrafo (89), os movimentos de mulheres trabalhadoras rurais posicionam-se por um modelo de agricultura sustentável, agroecológico, equilibrado e diversificado, em que a produção seja voltada para a auto-sustentação familiar, capaz de garantir a permanência d@s agricultor@s no campo. Este novo modelo de agricultura exige novas relações entre as pessoas, a terra, as sementes, as plantas, a água e os meios de produção.
www.articulacaodemulheres.org.br

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura


Agricultura familiar resolve o problema da fome na Etiópia

Dr. Tewolde Egziabher, chefe da Agência de Proteção Ambiental da Etiópia, anunciou os resultados de um estudo mostrando que a Etiópia está produzindo excedente de alimentos pelo sétimo ano seguido. Os alimentos são produzidos por agricultores familiares que utilizam práticas tradicionais. A única produção comercial é a de algodão. Não há sementes produzidas por empresas. Todas as sementes são melhoradas, selecionadas e trocadas pelos próprios agricultores. Não se utilizam cultivos transgênicos e o uso de fertilizantes é mínimo. O país está construindo um bom estoque de alimentos vindos destes pequenos produtores a fim de garantir a alimentação de seu povo no caso de seca ou falta de suprimentos. Os ecossistemas das áreas antes afetadas pela seca foram recuperados através de práticas integradas de manejo dos recursos naturais, tais como armazenamento de água, proteção das fontes de água, prevenção da erosão, controle de pastoreio etc. O exemplo etíope é particularmente importante para a Rio+10 de Joanesburgo, onde posições muito contrárias se enfrentarão. De um lado, instituições pró-globalização como o NEPAD (New Partnership for Africa’s Development), o Banco Mundial, o FMI, a OMC etc., que irão promover a agricultura industrial, ou seja, o uso de sementes híbridas, monoculturas, agrotóxicos, agricultura de exportação e a agricultura biotecnológica com transgênicos. De outro lado estarão mais de 300 pequenos produtores de toda a África que irão continuar a defender seus sistemas de produção e de soberania alimentar, a fim de continuar a alimentar a crescente população africana. A Etiópia mostra que sistemas de produção diversificados, ecologicamente e culturalmente adaptados, controlados por milhões de pequenos produtores, podem prover a segurança alimentar de seu povo e proteger seu país do controle estrangeiro do mercado de alimentos. A segurança alimentar é o pilar fundamental da construção das democracias.
Dr. Tewolde Berhane Gebre Egzhiaber, [email protected], 13/07/02.


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A Campanha "Por um Brasil livre de transgênicos" é composta pelas seguintes Organizações Não Governamentais (ONGs): AS-PTA (coord.), ACTIONAID BRASIL (coord.), ESPLAR (coord.), IDEC (coord.), INESC (coord.), GREENPEACE , CECIP, CE-IPÊ, e FASE.

Este Boletim é produzido pela AS-PTA - Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa [Tel.: (21) 2253-8317 / E-mail: [email protected]]

=> Acesse a Cartilha "POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS" via Internet

http://www.syntonia.com/textos/textosnatural/textosagricultura/apostilatransgenicos

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http://www.uol.com.br/idec/campanhas/boletim.htm

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