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MP estimula a produção de mamona


"Minha preocupação é que o biodiesel passe a ser um bom negócio e o pequeno produtor fique afastado do processo", adverte o deputado Ariosto Holanda. E sua apreensão é ancorada nos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que identificou, no último censo, que existem 112 milhões de pessoas na faixa etária entre 15 e 64 anos, população que deveria estar no mercado de trabalho, mas apenas 25 milhões estão habilitados a entrar no mercado gerado pelos setores produtivos da agroindústria, comércio e indústria. Outra constatação preocupante é de que existem 70 milhões de analfabetos funcionais e 10 milhões de pessoas que não terminaram o Ensino Fundamental e estão desprovidas de qualquer qualificação profissional.

Por isso, o parlamentar enxerga no biodiesel uma saída para inserir essa população não apenas no mercado de trabalho, mas, também no de consumo. Ariosto Holanda acredita que Medida Provisória encaminhada pelo presidente da República, autorizando a mistura de 2% do biodiesel ao diesel convencional, cria um mercado da ordem de 800 milhões de litros/ano, produzidos numa área de 2 milhões de hectares, beneficiando uma média de 500 mil famílias.

"Essa medida vem estimular a produção da mamona", comemora o parlamentar, informando que o Ceará é o Estado brasileiro que está mais à frente neste programa, citando o zoneamento das unidades produtivas e a isenção da cadeia produtiva. Prova dessa posição do Estado é o convênio que o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) vai fazer com o Instituto Centro Tecnológico de Ensino (Centec) para a aquisição de três unidades de biodiesel com a capacidade de processar 1000 litros de óleo/dia cada uma. Serão instaladas em Piquet Carneiro (Ceará) e nos Estados do Piauí e da Bahia.

Ariosto Holanda estima que para conseguir essa produção, são necessários 400 hectares de plantação de mamona, que poderiam ser distribuídos com 100 famílias em que cada uma trabalhará em quatro hectares. O deputado assegura que o projeto Biodiesel e Inclusão Social poderiam ser transformados no melhor programa de reforma agrária do País, dada a sua abrangência social e econômica. "Todo agricultor do semi-árido conhece bem a mamona", observa, lembrando que a semente goza hoje de boa aceitação no mercado internacional, onde é usada como lubrificante.

A mamona é uma planta nativa bastante resistente à seca e bem adaptada no Nordeste. No entanto, a área de plantação da mamona deve ser afastada do gado, por ser venenosa. A torta (bagaço que fica quando se extrai o óleo) passa por beneficiamento para se tornar ração.

fonte:Diário do Nordeste em 10/11/2004

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