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Pesquisa da APTA aumenta em 60% produtividade de tomate orgânico com o uso do fungo Trichoderma

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Estratégias para cultivo orgânico serão apresentadas durante o 12º Seminário Regional de Agroecologia, em Ibiúna, interior paulista

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), participará do 12º Seminário Regional de Agroecologia, que será realizado em Ibiúna, interior paulista, em 27 de agosto de 2016. Durante o evento, o pesquisador da Secretaria, que atua na APTA, Sebastião Wilson Tivelli, apresentará técnicas eficientes para o cultivo orgânico. Uma delas é a utilização do fungo Trichoderma, considerado um agente benéfico. Em pesquisa realizada pela APTA, foi possível aumentar em 60% a produtividade dos tomates orgânicos com o uso do fungo. Durante o evento, o pesquisador da APTA, Issáo Ishimura, será homenageado pelas suas pesquisas e atuação na agricultura orgânica.

Pesquisa realizada pela Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica da APTA, localizada em São Roque, mostrou que a aplicação do Trichoderma em tomates orgânicos aumentou em 60% a produtividade dos tomateiros. “Normalmente, são produzidos de seis a oito quilos de tomate orgânico por metros quadrados. Com o Trichoderma é possível produzir 9,5 quilos, em média”, afirma Tivelli.

O trabalho, publicado em 2008 pela APTA, é utilizado por agricultores de orgânicos em Ibiúna. Agora, os pesquisadores da Agência continuam a pesquisa avaliando outras culturas. “Estamos conseguindo aumentos de produtividade expressivos em alface, coentro e couve chinesa”, diz o pesquisador da APTA. A pesquisa é realizada em conjunto com o Instituto Biológico (IB-APTA).

O Trichoderma é considerado um agente benéfico porque auxilia a planta a desenvolver hormônios de crescimento, melhorar os mecanismos ativos de absorção e o acesso aos nutrientes presentes no solo, além de aumentar a eficiência da planta para utilizar alguns nutrientes importantes, como o nitrogênio. “Ele também é capaz de melhorar a resistência da planta ao estresse abiótico, ou seja, na escassez de água e temperatura elevada. Pesquisas apontam que plantas tratadas com os agentes benéficos podem ter desempenho favorecido quando cultivadas em condições estressantes”, afirma Cleusa Maria Mantovanelo Lucon, pesquisadora do IB.

Em todo o País, o Trichoderma é usado em 5,5 milhões de hectares para controle de doenças como mofo branco, fusariose e rizoctoniose, que podem causar prejuízos de até 100% da produção, dependendo da condição ambiental. Isso corresponde a um mercado que movimenta cerca de R$ 100 milhões, por ano. Segundo a pesquisadora do IB, ele atua como uma barreira da raiz, sendo um escudo contra os fitopatógenos do solo e tem papel fundamental na ciclagem de nutrientes e na nutrição de plantas. Essas características, associadas à sua capacidade de colonizar bem o sistema radicular e proteger as plantas contra vários patógenos, têm permitido que seja uma das principais estratégicas para o controle de doenças de diversas culturas economicamente importantes”, explica a pesquisadora do IB. O fungo atua de forma preventiva e não curativa das doenças.

O aumento da utilização do Trichoderma tem contribuído para a redução do uso de agrotóxicos e dos danos causados pelos produtos químicos à saúde humana e ambiental. “Este fungo contribui para que a produção agrícola seja cada vez mais saudável e sustentável”, afirma Cleusa. O Instituto Biológico tem uma coleção de Trichoderma com 120 cepas do fungo já testadas e efetivas contra fitopatógenos de solo.

Outras estratégias

Tivelli explica que o agricultor orgânico também pode utilizar outras estratégias para melhorar a produção, como o uso de cercas vivas ou quebra ventos. Essas estruturas, de acordo com o pesquisador, impedem que os produtos químicos utilizados em plantios convencionais vizinhos contaminem a produção de orgânicos e minimizam o ataque de pragas, por criar condições para a presença de predadores, como aranhas, percevejos e ácaros, por exemplo. “Este é um controle natural, em que na cerca viva formada por plantas que florescem são criadas condições favoráveis a presença desses predadores”, afirma o pesquisador.

A utilização de adubos verdes e o uso de palha no solo também ajudam na produção de orgânico, diminuindo a temperatura e aumentando a umidade. “Isso gera uma economia de irrigação pelos produtores” diz Tivelli.

A APTA trabalha no desenvolvimento de pesquisas e transferência de tecnologias para cultivo orgânico desde 1994. Em projeto recente com a Sociedade Nacional de Agricultura do Rio de Janeiro, pesquisadores da Agência têm trabalhado no desenvolvimento de apostilas para técnicos e agricultores sobre cultivo de orgânicos. No final de 2015, foi lançadas duas apostilas de tomate. Em 2016, é previsto o lançamento de materiais de batata, morango, milho, feijão e goiaba.

Homenagem

O pesquisador da Secretaria, que atua na APTA, Issáo Ishimura, será homenageado durante o 12º Seminário Regional de Agroecologia. Issáo é formado em engenharia agronômica pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquista Filho” (Unesp Jaboticabal), com mestrado e doutorado na Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp Botucatu.

Desde 1993, realiza trabalhos na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica da APTA, onde desenvolveu trabalho no preparo e na utilização do biofertilizante bokashi, com micro-organismos nativos na recuperação da biota supressora de doenças e na manutenção em longo prazo da fertilidade do solo em cultivo de hortaliças orgânicas, como tomate, batata, cebola e alcachofra. Promoveu eventos técnicos científicos, seminários regionais e dias de campo para a divulgação da produção orgânica e sustentável.

Em um dos trabalhos com a cultura da cebola, Issáo colaborou por 12 anos, aproximadamente, no desenvolvimento de uma nova cultivar para o cultivo orgânico. A pesquisa foi realizada em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Hortaliças) e gerou a cebola Alfa Orgânica.

“Fico lisonjeado pelo reconhecimento e carinho dos agricultores familiares em promoverem esta homenagem. Isso consagra a ação da unidade de pesquisa da APTA no desenvolvimento da agricultura ecológica na região”, afirma Issáo.

SERVIÇO

12º Seminário Regional de Agroecologia

Data: 27 de agosto de 2016

Horário: a partir das 7h30

Local: Centro Cultural de Ibiúna

Endereço: R. Júlio Gabriel Vieira, 122, Centro – Ibiúna – SP

Fonte: APTA em 25-08-2016

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