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Cultivo da soja tem possibilidade de duplicar com aproveitamento de pasto subutilizado


Goiás não tem problema com oferta de soja para produção de biodiesel. Por meio do aproveitamento de pastos subutilizados, a atual produção, de 7,13 milhões de toneladas, pode até dobrar. O mesmo acontece com a produção de algodão e girassol, principalmente quando diz respeito à área plantada. De acordo com o economista da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, atualmente há uma oferta ilimitada de soja para atender uma demanda do biodiesel, desde que tenha competitividade entre os valores oferecidos.

Na safra 2004-2005, foram produzidas mais de 500 mil toneladas de algodão. Quanto ao girassol, a Faeg só tem os dados de 2003-2004. A produção deste último ultrapassou as 37 mil toneladas. Para Pedro Arantes, o girassol se sobressai perante as duas outras alternativas porque ele é plantado entre as safras de milho ou soja, possui variedades de linhagens e é resistente a doenças. A produção em pastos subutilizados vai evitar que desmatamentos aconteçam em caso de necessidade de mais espaço para a produção de grãos.

Possibilidades – Mas não são apenas estas três as possibilidades para a produção de biodiesel. As oleaginosas propensas estão em fase de estudo pela Universidade Federal de Goiás, no Programa Biodiesel Goiás. Neste são avaliadas 23 espécies de plantas nativas e introduzidas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) começou com um plantio-teste de um hectare de mamona no Assentamento Lagoa Seca, município de Santa Rita do Novo Destino, a 180 km de Goiânia. Sabe-se, porém, que pelas características do solo e clima, a região Centro-Oeste produz em abundância a soja, mamona, algodão, girassol, pequi e macaúba. Todas propensas à produção de biodiesel.

A busca por novas fontes renováveis e não-poluentes cresce no País. O governo federal estuda uma maneira de popularizar o biodiesel. Aprovado por deputados e senadores e sancionado pelo presidente, um projeto de lei autoriza a adição obrigatória de 2% de óleo vegetal no óleo diesel. Em oito anos, o percentual sobe para 5%. A entrada do biodiesel no mercado nacional vai permitir a redução da importação do diesel. O Brasil consome por ano 37 bilhões de litros de diesel, dos quais 6 bilhões de litros são importados, ao custo anual de US$ 1,2 bilhão. Vai também fomentar a criação de empregos no meio rural e desenvolver a indústria nacional de pesquisa e equipamentos.

A mistura de 2% de óleo vegetal ao diesel deve gerar um mercado anual de 800 milhões de litros de biodiesel. Para manter essa indústria vai ser preciso mobilizar investimentos de US$ 40 milhões, que podem chegar a US$ 100 milhões em pouco tempo. A União Européia é a maior produtora mundial, com capacidade para 2,2 bilhões de toneladas ao ano. Os principais adeptos são Alemanha, França e Itália.

O incentivo ao combustível renovável vai surtir pelo menos três bons efeitos. O primeiro é o estímulo à agricultura nacional, que vai ter de ampliar a produção para abastecer a demanda. O segundo efeito é ambiental, já que o biodiesel é menos poluente que os demais derivados do petróleo. Ele poderia se beneficiar dos mecanismos de incentivo financeiro previstos no Protocolo de Kyoto.

Por último, a produção serviria de alavanca para o assentamento de famílias no campo e para gerar empregos no Norte, Nordeste e semi-árido, onde se pretende criar consórcios para a venda de mamona e dendê.

Em Goiás, a estimativa é de que sejam criados 100 mil empregos com a implantação do biodiesel. A implicação social do projeto é especialmente cara ao presidente Lula, que no mês passado inaugurou em Belém, no Pará, a primeira fábrica nacional do combustível verde.

Fonte: Alessandra Goiaz em 15/04/2005 para editoria de Economia

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