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Certificação participativa reduz custo de orgânicos

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Uma invenção brasileira que já está sendo implantada no Chile e no Uruguai pode contribuir para a redução dos preços dos alimentos orgânicos, que, apesar dos benefícios para a saúde do ser humano e do planeta, ainda são mais caros que os alimentos cultivados com agrotóxicos. É a certificação participativa, uma nova forma de comprovar que não foram usados produtos químicos nas plantações.

Em vez de R$ 2.000 anuais para certificar os produtos orgânicos por auditoria privada, quem adotou essa prática está gastando cerca de R$ 50.

Desde o ano passado, quando passou a ser permitida por lei, a certificação participativa já foi adotada por 1.336 agricultores orgânicos certificados, de um total de 11.524 mil no Brasil, ou seja, 11%.

Nesse método, em vez do auditor, um grupo de produtores, técnicos e consumidores autorizado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) realiza a verificação. Até agora, quatro entidades foram cadastradas --Rede Ecovida, Abio (Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro), ANC (Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região) e ABD (Associação Biodinâmica). Mas há outras três em processo de aprovação.

Mesmo ainda mais elevados, os preços dos produtos orgânicos já dão sinais de estarem mais próximos dos convencionais.

Em Florianópolis, por exemplo, o quilo do tomate e da cebola orgânicos na feira sai por R$ 2,25 e R$ 4, respectivamente, enquanto os mesmos produtos nas versões convencionais são vendidos a R$ 2,29 e R$ 2,49.

Nos supermercados, as variações são bem maiores. O quilo da cenoura orgânica está R$ 7,54 contra R$ 2,99 da convencional.

Mas ainda há muitos entraves para que os valores se igualem. Um deles está nos insumos agrícolas. Alguns químicos, como inseticidas e fungicidas, apesar de serem proibidos em outros países, no Brasil são aceitos e ainda isentos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em vários Estados.

Os insumos naturais não são contemplados com isenção, o que tem sido reivindicado por grupos organizados de agricultores orgânicos.

A escala de produção também influencia. Os cultivos convencionais costumam ser de apenas uma cultura, o que facilita a manutenção e a colheita.

As plantações sem agrotóxicos precisam conter várias espécies para equilibrar o ambiente, evitando pragas e doenças.

Outra questão é que, para obter a certificação, o produtor orgânico é obrigado a criar uma barreira vegetal para proteger seu cultivo dos agrotóxicos utilizados pelos vizinhos, o que reduz a área de produção. "Quem contamina é que deveria fazer isso. Mas está longe de mudar", afirma um dos coordenadores da Rede Ecovida Natal Magnanti.

Fonte:Jornal Floripa em 22/06/2012

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