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Pesquisa desenvolve o algodão orgânico colorido

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O “branco” do algodão pode ter seus dias contados. Ou, pelo menos, perder a exclusividade. Sem utilizar nenhum processo de tingimento ou adição de química, já é possível conseguir uma grande variedade de cores do produto. A pesquisa está sendo desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que expõe, em primeira mão, algumas peças de roupas e redes confeccionadas com o novo produto, na Agrishow Cerrado 2002. Estudos iniciados há quatro anos já demonstram resultados interessantes. A partir do isolamento de uma variedade selvagem do algodão, que cresce principalmente no Nordeste, o marrom misturado com o branco pode apresentar até 400 tonalidades diferentes

. Segundo Luiz Chitarra, pesquisador da instituição, “a maior vantagem é que os produtos são orgânicos e não provocam nenhum tipo de alergia”, de olho no mercado para a confecção de roupas antialérgicas.
Coordenador técnico da UEP-MT (Unidade de Execução de Pesquisa), Camilo Plácido Vieira explica que o produto é conhecido como BRS 200-marrom. “Em termos de cor só temos lançado o marrom, mas em dois ou três anos teremos o verde também”, anuncia. Plácido Vieira acredita que a Embrapa poderá chegar a desenvolver todas as cores, através cruzamentos entre espécies diferentes de plantas, isolando o gene da cor de algumas flores e introduzindo-o na pluma do algodão.

A cor do algodão também pode contribuir para o social. Adequado principalmente para ser explorado na agricultura familiar, a variedade já vem sendo cultivada no semi-árido nordestino, apresentando produtividade de 1.300 kg/ha, em sequeiro, e 3.300 kg/ha, sob condições irrigadas. “Este cultivo é voltado para os pequenos agricultores, por causa dos problemas de instabilidade de produção”, informa Camilo Vieira. “A cor no algodão é de grande valor para ele, porque estará agregando valores para o produtor, que terá um rendimento maior na hora da venda”, completa.

No ciclo de cada da planta o agricultor pode colher até três vezes a pluma, sendo a primeira após 180 dias. “O preço pago também é bem maior que o algodão normal, em torno de 50% a mais, em função do trabalho de cultivo, enquanto que o custo é baixo”, afirma o coordenador da instituição de pesquisa. Camilo Vieira lembra que a maior dificuldade que os pesquisadores encontraram foi na fixação da cor. Sem isso, ficaria difícil definir a porcentagem exata entre marrom e branco para produzir as outras tonalidades.

Orgânico desde o plantio, sem uso de fertilizantes, agrotóxicos ou resíduos químicos, o algodão colorido é totalmente antialérgico e muito mais resistente que o algodão comum. A indústria têxtil, juntamente com os setores da moda, confecção e lançamento de produtos, está alvoroçada com a nova matéria-prima. Parcerias entre iniciativa privada e governo tem levado ao mercado produtos de alta qualidade. “Queremos atingir o mercado europeu”, é o que espera o coordenador Camilo Vieira.

Embrapa e Fundação Centro-Oeste vem desenvolvendo pesquisas também no sentido de adaptação do algodão colorido na região. Atualmente, só no Nordeste ele é produzido, devido suas suscetibilidades às doenças viróticas sujeitas no Cerrado. Suas fibras podem ser fiadas em equipamentos modernos com até 110.000 rotações por minuto.

Em 1998, os preços obtidos com a fibra do algodão colorido no mercado internacional variavam de US$ 3,79 a US$ 5,00/kg, para o algodão de fibra verde e de US$ 1,84 a US$ 3,35/kg, para o algodão de fibra marrom, demonstrando a alta capacidade de lucro quando comparados com a fibra do algodão de fibra branca que alcança preços médios de US$ 1,65/kg, segundo informações da Embrapa.

fonte: Agência MidiaNews em 09 de abril de 2002

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