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Relatório do Greenpeace e a discussão semântica

 

Cruzamento genético versus contaminação. Greenpeace versus Genepeace. Contém versus pode conter. A guerra semântica foi declarada nesta segunda-feira, com a abertura oficial da MOP3. A organização não-governamental Greenpeace, umas das principais entidades internacionais de defesa do meio ambiente, iniciou a rodada de coletivas de imprensa da tarde apresentando um relatório que aponta 113 casos por contaminação de organismo vivos modificados (OVMs) no mundo.

O mesmo documento indica quatro casos no Brasil em que transgênicos teriam contaminado produtos convencionais: soja no Rio Grande do Sul, em 1998 e 2004, algodão no Mato Grosso, em 2004, e milho no Rio Grande do Sul, em 2005. Segundo o relatório, o número de países afetados é o dobro daqueles que permitem o cultivo de transgênicos.

De acordo com o Greenpeace, ainda são poucos os casos – em relação à imensa área plantada no mundo – porque o documento se baseia em comunicações oficiais. O consultor político internacional do Greenpeace, Benedikt Haerlin, acredita que a segurança alimentar do Planeta está em risco na medida em que o patrimônio genético das espécies está sendo incorporado por indústrias.

Logo depois, um ex-ativista do Greenpeace ocupou o microfone para questionar os dados do relatório. Klaus Ammann é pesquisador da Universidade de Berna (Suíça) e criou a Genepeace justamente para difundir dados científicos sobre os transgênicos. Ele condena o uso da palavra contaminação para definir os casos de miscigenação de grãos convencionais e transgêncicos. “O que está acontecendo é cruzamento genético”, diz. O uso da expressão “contaminação” ainda teria o agravante de causar pânico na população.

Através de nota oficial, outros cientistas questionaram o documento apresentado pelo Greenpeace. A presidente da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), Leila Oda, declarou que “é preciso avaliar com muito cuidado os procedimentos da pesquisa, já que estamos falando de um trabalho que se insurge contra milhares de outras pesquisas científicas apresentadas sobre o assunto nos últimos anos”.

Para o diretor de políticas públicas do Greenpeace no Brasil, Sérgio Leitão, foi declarado o jogo de palavras que visa esconder intenções. “Cruzamento genético é algo que acontece em laboratório, num ambiente controlado. O que está acontecendo na natureza é contaminação mesmo.”

Fonte: Curitiba, 14/3/2006 da Gazeta do Povo, Por Katia Brembatti

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