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Europa rejeita alimentos transgênicos

 

Legislação mais rigorosa da União Européia para rotulagem de transgênicos aumentou rejeição de grandes empresas alimentícias e varejistas a esses produtos

Um estudo elaborado pelo Greenpeace Internacional mostra que 90% dos maiores varejistas e 73% dos grandes fabricantes de alimentos e bebidas da União Européia adotaram uma política de não utilização de transgênicos em seus negócios no mercado europeu para atender à nova legislação européia de rotulagem.

A lei atual, que obriga a rotulagem de todos os produtos finais que tenham sido fabricados com ingredientes transgênicos, entrou em vigor em 2004 e é mais rigorosa que a anterior. Até 2004, a legislação obrigava a rotulagem apenas para produtos finais nos quais os transgênicos pudessem ser detectados. Com a nova lei, além de testes, as empresas são obrigadas a realizar todo o rastreamento da cadeia produtiva de seus produtos.

De acordo com o estudo do Greenpeace , os resultados expressam claramente uma rejeição em massa dos ingredientes transgênicos nas maiores empresas européias do setor de alimentos e bebidas. A rejeição européia é um forte argumento comercial para manter o Brasil como a principal fonte de soja não transgênica.

“É evidente que o mercado brasileiro de exportação de soja só tem a ganhar se mantendo livre de transgênicos”, afirma Gabriela Vuolo, da campanha de engenharia genética do Greenpeace. “Apesar da Lei de Biossegurança aprovada em março deste ano autorizar a soja transgênica, não faz nenhum sentido plantar ou produzir alimentos com soja transgênica”.

Dos 30 fabricantes de alimentos e bebidas apontados no relatório, entre os quais estão as 20 maiores companhias do continente e 10 outros fabricantes que têm importância significativa nos mercados nacionais e global, 22 empresas responderam ao Greenpeace se comprometendo com a não-utilização de transgênicos em toda a UE, incluindo Nestlé, Unilever, Coca-Cola, Masterfoods, Heineken, Barilla, Dr. Oetker, Ferrero, Bonduelle e Kellogg.

O volume de negócios desses 22 fabricantes chega a 526,3 bilhões de reais, o que representa 76% das vendas das 30 empresas retratadas no relatório do Greenpeace e 17% do total de vendas de alimentos e bebidas na Europa em 2002.

Em relação aos 30 maiores varejistas da União Européia, que inclui grupos como Carrefour, Wal-Mart e Casino, 27 deles têm uma política de não utilização de transgênicos em toda a UE ou pelo menos em seu mercado principal. Em 2003, os negócios dessas 27 empresas representaram 91% do total de vendas dos 30 maiores varejistas europeus.

Algumas empresas estão exportando a mesma política para mercados fora da Europa. É o caso do Carrefour, o maior grupo varejista da UE, que já implementou a política de não utilização de transgênicos no Brasil e em outros países da Ásia e América Latina.

No Brasil, segundo pesquisa do ISER realizada em julho de 2004, 74% dos consumidores preferem consumir alimentos não transgênicos. Essa rejeição se traduz em resultados diretos para a lista verde do Guia do Consumidor, que aponta que 65 das 109 empresas listadas garantem produtos sem transgênicos.

“Isso deve servir de estímulo para que as empresas que adotam políticas de não utilização de transgênicos na Europa também o façam no Brasil”, concluiu Gabriela.

* taxa de câmbio utilizada: Euro 1 = R$ 2,77 (em 20 de setembro de 2005).

Fonte: Comunicado Greenpeace Brasil, 23-09-2005 - São Paulo

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