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Embrapa: pesquisa aponta que vacas Jersolanda emitem menos GEE comparadas à Holandesa



A raça jersolanda, resultado do cruzamento entre animais jersey e holandesa, apresentou menor emissão de gases de efeito estufa (GEE) em comparação à raça Holandesa. Foi o que mostrou pesquisa realizada na Embrapa Pecuária Sudeste (SP). Apesar de as duas raças apresentarem emissões compatíveis com os melhores sistemas internacionais, a Jersolanda teve menor emissão por vaca e por quilo de leite produzido, este último medido no período de um ano de experimento.

No estudo, coordenado pela pesquisadora da Embrapa Patrícia Anchão, a avaliação de emissões foi realizada entre as vacas holandesas e jersolandas em lactação em dois sistemas de pastejo diferentes: extensivo com baixa taxa de lotação e intensivo irrigado com taxa de lotação alta. Ao todo, foram observadas 24 vacas leiteiras: 12 holandesas e 12 jersolandas e as avaliações foram conduzidas durante o período total de duas lactações, aproximadamente 300 dias. As medições foram feitas três vezes durante cada período de lactação, no inverno, primavera e verão.

Tanto no sistema extensivo como no intensivo, a raça Jersolanda apresentou menor emissão de GEE ao dia. Considerando-se o balanço de carbono, a Jersolanda emitiu entre 9% e 13% menos metano que a Holandesa, dependendo do grau de intensificação dos piquetes. Além disso, em relação à capacidade de lotação, é possível ter uma vaca a mais por hectare, em comparação à Holandesa.

De acordo com Patrícia, embora a produção de leite não tenha demonstrado diferença entre as duas raças, ambas mantiveram média de 25 quilos ao dia, a emissão de metano da Jersolanda foi menor por quilo de leite produzido em uma das lactações avaliadas. Mesmo assim, a pesquisadora destaca que as emissões das vacas holandesas estão próximas das observadas em outros países, em torno de 18 gramas de metano emitido para cada quilo de leite produzido. 

Para a indústria láctea e para o produtor, dois fatores que podem fazer a diferença são o teor de gordura e o teor de proteína no leite. Tanto o teor de gordura, quanto o de proteína afetam o preço final do produto ao pecuarista, que recebe uma bonificação pela qualidade da matéria-prima fornecida aos laticínios. Esses teores estão relacionados ao rendimento industrial para fabricação de queijos, por exemplo. O teor de gordura não diferiu entre as raças, mas a vaca jersolanda produziu leite com teor de proteína superior ao da vaca holandesa.

A pesquisa ainda estimou a quantidade necessária de árvores para neutralizar a emissão por quilos de leite produzidos por hectare. Em sistemas intensivos, seriam necessárias cerca de 40 árvores para neutralizar as emissões de uma vaca jersolanda. Já no caso da holandesa, o produtor teria que plantar 12 árvores a mais, no total de 52, para ocorrer a neutralização.

Segundo o pesquisador Alexandre Berndt, a menor emissão pode estar relacionada a algumas características da vaca jersolanda. Uma delas é o tamanho do animal: os mestiços jersolando são menores que os holandeses. Conforme Berndt, animais de menor porte, geralmente, comem menos e, por consequência, emitem menos gases de efeito estufa. Como as vacas jersolandas produziram a mesma quantidade de leite que as holandesas em uma das lactações, a emissão por litro de leite ficou menor para os animais do primeiro grupo.

No Brasil, a emissão de gases de efeito estufa proveniente da fermentação do sistema digestório no setor pecuário está estimada em 18,4%. A agropecuária é responsável por 32% das emissões nacionais, segundo estimativas anuais de emissões de GEE, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) de 2016.

A Embrapa estuda formas para reduzir essas emissões com adoção de sistemas integrados, como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), recuperação de pastagens degradadas, uso de aditivos na nutrição, elevação da lotação animal e aumento da produtividade em sistemas de produção. No entanto, as avaliações de emissões em relação às raças ainda é pouco comum e pode ser mais uma alternativa de mitigação, de acordo com o pesquisador, para quem o sucesso dessa abordagem ainda vai depender dos resultados de mais experimentos.

As informações são da Embrapa. 

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