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Microalgas podem propiciar ganho econômico e ambiental ao setor do biodiesel

O maior desafio da indústria do biodiesel no país é a diversificação de matérias-primas. Atualmente, 80% da produção brasileira de biodiesel provêm do óleo de soja e, segundo o Ministério da Agricultura, sua demanda cresce 3,6% ao ano, o que reforça a necessidade da pesquisa de outras fontes. Com esse intuito, o estudante de Engenharia Aderlânio da Silva Cardoso, da Universidade Federal de Tocantins, criou um mecanismo capaz de extrair óleo das microalgas descartadas após o tratamento do esgoto, que foi desenvolvido dentro da lagoa de uma Estação de Tratamento de Esgoto da cidade de Palmas.

Um dos desafios do estudo foi à criação de uma alternativa para driblar os altos custos envolvidos na produção do óleo de microalgas, relacionados aos investimentos em infraestrutura e com o cultivo. Segundo o estudante, o cultivo, os gastos com água, a adição de nutrientes, a energia para a centrifugação da biomassa, e a aquisição de tanques ou reatores encarecem a produção e dificultam sua utilização em larga escala. "Por já contarem com parte dessa infraestrutura, as concessionárias de esgoto têm um investimento relativamente baixo para a entrada no mercado do biodiesel. Esse é o chamariz para a aposta em um novo e crescente mercado para esse público", explica o estudante.

"Uma das vantagens do uso de microalgas como matéria-prima na produção do biodiesel está relacionada à qualidade do óleo extraído, muito semelhante ao óleo de alguns vegetais que já são utilizados para a produção de biodiesel. A segunda envolve a redução do impacto ambiental associado à grande quantidade de microalgas presente nas estações de tratamento. E, por último, ainda é possível obter produtos como o etanol, o biogás e o hidrogênio, a partir dessas microalgas", destaca Aderlânio.

O caráter multidisciplinar do estudo foi responsável pelas parcerias firmadas ao longo do desenvolvimento do projeto: "Além da própria estação de tratamento de esgoto, trabalhamos com a equipe do laboratório de Microbiologia Ambiental da UFT, com parceiros da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É um trabalho complexo, já que há pouca literatura nacional e a maioria das hipóteses pesquisadas teve o uso de metodologias estrangeiras", esclarece o estudante, ao contar a respeito das primeiras etapas do trabalho.

"Ter o reconhecimento do Prêmio Jovem Cientista me proporciona conquistar mais um degrau rumo ao meu objetivo maior: conseguir, futuramente, o meu doutorado. Além de ter a oportunidade de mostrar a qualidade dos trabalhos desenvolvidos na Universidade Federal do Tocantins, que desenvolve pesquisas de ponta e forma pesquisadores com perfil e visão direcionados à associação do desenvolvimento tecnológico, com a redução dos impactos ambientais e a melhoria social da população em geral, também é uma oportunidade de mostrar que na região Norte temos bons pesquisadores, professores e instituições", afirma Aderlânio.

Para a pesquisadora professora doutora Glaucia Eliza Gama Vieira, coordenadora do projeto e do Laboratório de Ensaio e Desenvolvimento em Biomassa e Biocombustível (Ledbio), "o prêmio Jovem Cientista representa a valorização de um trabalho de pesquisa de qualidade desenvolvido na instituição, fruto da parceria firmada com a Petrobras, em 2006, e do financiamento de projetos de pesquisa pelo CNPq nos últimos dois anos e meio de funcionamento do laboratório. A continuidade desses estudos promove a formação em pesquisa de estudantes do curso de Engenharia Ambiental e do mestrado em Agroenergia, ambos da UFT, e afins, direcionados para a obtenção de biocombustíveis de 3ª geração".

Fonte:Informe Sergipe em 26-10-2010 11:10:42

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