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Brasil Ecodiesel desmata 10 mil ha e promove a fome em Canto do Buriti


O sonho de uma vida digna sustentado pelo suor do trabalho e muitas promessas de salários dignos, começa a desmoronar para 600 famílias consorciadas da Brasil Ecodiesel, empresa que se instalou no município de Canto do Buriti, a 405 quilômetros de Teresina, para executar o Programa Biodiesel do Governo Federal, a partir da plantação de mamona e através da agricultura familiar.

Sem comida, ameaçados de expulsão e presenciando a derrubada e queimada de dez mil hectares de Cerrado nativo, alguns trabalhadores do Núcleo de Produção Comunitária Santa Clara, vieram à Teresina pedir ajuda. "Estamos passando fome e não é pouca", disse o trabalhador Marcos Antônio Feitosa, um dos consorciados da Brasil Ecodiesel.

Visivelmente irritado, Marcos e três companheiros contaram que há um ano a empresa pagava um salário de R$ 250 reais ao mês e depois baixou para R$ 150. "Não estamos conseguindo sobreviver com esse salário, por isso, viemos pedir ajuda", disse o trabalhador que fez peregrinação pelo Incra, Conab, Fome Zero e Palácio do Governo até conseguir a promessa de cesta básica para quatro meses.

A atitude da Brasil Ecodiesel de desmatar 10 mil hectares para a fabricação de carvão, também vem deixando a comunidade de Santa Clara irritada. "Eles alegam que não estão derrubando a floresta da reserva mais a gente não acredita, é só vendo de perto a destruição que estão fazendo por lá", garante Marcos Feitosa.

O Gerente Regional do Ibama, Romildo Mafra, confirmou o desmatamento e assegurou que já enviou uma equipe de fiscais para ver de perto a destruição. "Infelizmente temos uma lei que permite a derrubada de até 80% de áreas particulares. Claro que não concordamos. Para se ter uma idéia, essa lei é de 1965. Acho que deveria prevalecer o bom senso", opina acrescentando que o Ibama do Piauí já conseguiu reduzir o percentual de para 80% para 70% .

Já o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura-Fetag, Adonias Higino, não quis falar sobre o assunto argumentando que, junto com o Ministério do Desenvolvimento Agrário-MDA, está concluindo um relatório sobre a situação do Núcleo de Produção Comunitária Santa Clara. "Nós confirmamos a existência da fome, da destruição da mata, mais a situação é mais complexa do que se imagina", informa Adonias referindo-se a parceria que foi acordada entre a Brasil Ecodiesel e trabalhadores. "Só vou falar sobre o assunto quando o relatório for entregue", finalizou.

Fonte: Porta AZ, em 16/01/2006, por Tânia Martins

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