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Cométicos naturais preservam a natuream e não agridem o organismo

Adepta da medicina integrativa, abordagem que procura casar práticas tradicionais a métodos que tratam o corpo como um todo, a médica baiana lembra que na dermatologia são muitos os cosméticos de uso diário,como sabonete, desodorantes, hidratante e maquiagens. “Então, por que não usar produtos com menos químicas, menos tóxicos e com uma preocupação ambiental envolvida?”, questiona.

Foi exatamente esse questionamento que fez a maquiadora Kaká Oliveira, 28 anos, aderir aos cosméticos naturais há cerca de dois anos. Ela percebeu que, apesar de investir em vários xampus (alguns bastante caros), seu cabelo ora ficava muito oleoso, ora muito ressecado.

“A melhor solução que encontrei foi o low poo, que é uma técnica de lavagem com produtos com pouco sulfato e petrolatos em sua composição. Percebi que com um produto que era muito mais simples, mais natural, com menos química pesada, e inclusive mais barato, funcionava muito melhor”, lembra.

Meses depois, Kaká teve um problema na unha e, mesmo sem diagnóstico, foi aconselhada por um dermatologista a utilizar antifúngico por quase um ano. “Um absurdo, pois nem sabia o que eu tinha de fato. Como não resolveu, decidi buscar uma alternativa natural e comprei um livro de aromaterapia para estudar”.

Assim como Kaká, muitos são os casos de pessoas que começam a buscar entender a composição dos cosméticos que consome por problemas de saúde.

Caso da advogada Judy Moura, 31 anos, que desde muito nova busca opções menos industrializadas, mas depois de ver a mãe enfrentar um câncer de mama intensificou os cuidados. “A preocupação com a saúde começou depois de ouvir a médica de minha mãe falar que desodorante industrializado é cancerígeno”, recorda.

Mesmo não havendo uma comprovação de que o desodorante causa câncer, Judy prefere a cautela: ela fez o próprio desodorante, misturando leite de magnésia e óleos essenciais. Para ela, consumir cosméticos naturais, além de ser mais saudável, é uma alternativa sustentável para o meio ambiente.

Receitas caseiras
Há quem se aventure também a produzir seus próprios cosméticos. Desodorantes, sabonetes e hidratantes lideram a lista. E é por causa deles que muita gente começa também a transformar a curiosidade em negócio.

Idealizadora da Uapé Autocuidado, Laila Bouças, 32 anos, foi fisgada pelo poder dos óleos essenciais. Depois de ver o filho sofrer uma forte alergia pelo uso de um óleo bastante conhecido no mercado, ela passou a estudar e buscar matérias-primas naturais. Foi assim que, em 2015, se juntou a uma amiga e lançou a saboaria Menina Terra.

Hoje, se prepara para lançar junto ao companheiro, uma nova marca, mas com o mesmo propósito: produtos naturais feitos de forma artesanal, à base de óleos, argilas e manteigas vegetais da Amazônia. “Fizemos cursos, estudamos, testamos fórmulas, e agora vamos repaginar alguns dos produtos que eu havia lançado anteriormente”, conta ela, que ainda se prepara para lançar oficialmente a Uapé Autocuidado.

A maioria das clientes da Uapé é composta por mulheres. E mais: elas também são a maior parte das empreendedoras ligadas aos cosméticos naturais.

A psicóloga Fernanda Noronha, 27 anos, idealizadora da Odé Cosméticos, começou o empreendimento depois de fazer cursos e oficinas, com mulheres. “Com a minha marca, quero disseminar a ideia de que cosméticos naturais, feitos de forma artesanal, são acessíveis. A maior parte dos meus consumidores é de pessoas que ainda não conhecem, que nunca usaram, mas que estão dispostas a conhecer”, explica ela, para quem este não é um assunto tão acessível. Inclusive, financeiramente.

“São produtos mais caros, mas é um caro que compensa. Um sabonete no mercado custa R$ 3, enquanto um artesanal costuma variar de R$ 8 a R$ 15, por conta da matéria-prima e do modo de fazer. A gente esquece que a pele é o nosso maior orgão. A gente se preocupa com o que come, mas a gente também se nutre pela pele”, ressalta.

Para Camila Meccia, as pautas da sustentabilidade do autocuidado são relevantes no mundo inteiro atualmente e isso se estende à busca busca por hábitos saudáveis. “As mulheres ainda são maioria no quesito auto cuidado, mas sem dúvida o público masculino vem crescendo muito, seja por vaidade ou necessidade. Promover saúde e bem estar é primordial, especialmente com o aumento da expectativa de vida das pessoas”, destaca.

Conhecimento repassado
Assim como a adoção de qualquer prática saudável e sustentável, passar a consumir cosméticos naturais, orgânicos, veganos e cruelty free exige conhecimento. É por isso que um passo importante é a informação, que deve constar nos rótulos.

Essa é uma preocupação da Seiva Cosméticos, que tem fábrica em Lauro de Freitas. A marca idealizada pelo casal Vinícius Freitas e Rebeca Mendoza faz questão de estampar no rótulo, em letras maiores que as habituais, todas as matérias-primas utilizadas nos produtos. Elas estão em português, para que qualquer um entenda o que vai na composição.

“Na composição de muitos desses produtos, há substâncias cancerígenas, que causam muitas alergias. Só que os rótulos sempre estão em inglês, com o nome das substâncias químicas, e as pessoas não sabem o que estão consumindo de fato. Será que não temos direito de saber?”, pergunta Vinicius Freitas, diretor comercial e de marketing da Seiva Cosméticos.

Todos os produtos da marca são elaborados por Rebeca Mendoza, que é estudante de farmácia, mas herdou boa parte de seu conhecimento de forma empírica da mãe, Neidinha, uma espécie de “bruxa” do Capão.

Por anos, Neidinha foi responsável pelo herbário da comunidade, e passou a desenvolver fórmulas e combinações poderosas, que depois de um tempo passou a ser elaborada em uma escala um pouco maior, com a marca Cheiro de Mato. Hoje, mãe e filha mantêm negócios na área.

Há também, quem além de produzir, repasse o conhecimento em uma série de cursos e workshops. A herbalista Mona Soares, da Ewé Alquimias, é um dos nomes de destaque no estado nesse quesito. Sua empresa ensina pessoas a produzirem seus próprios cosméticos através de elementos e técnicas ancestrais e matéria-prima encontrada no Brasil, dando autonomia e levando conhecimento a questões de autocuidado e beleza de forma consciente.

Fonte:Correio 24horas em 15-07-2019 por Marilia Moreira

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