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O algodão agroecológico e seus benefícios


Você sabe qual é o diferencial do algodão agroecológico e quão benéfico este pode ser para as pessoas e para o planeta?

 

A pesquisadora têxtil Larissa Duarte desvenda o material sustentável em entrevista à colunista Fernanda Simon~

 

A fibra de algodão é uma das mais utilizadas globalmente e, por ser uma fibra natural, é percebida como sustentável. Mas, infelizmente, não é bem assim. A maior parte do algodão produzido no Brasil e no mundo é plantado em um sistema de monocultura, que empobrece o solo, com semente transgênica e alto uso de agrotóxico, prejudicando a biodiversidade, a saúde de quem planta e também de quem veste.

 

Portanto quando discutimos seu uso através da perspectiva da sustentabilidade, é essencial fomentarmos o cultivo de algodão orgânico ou agroecológico. Para explicar esta diferença e falar sobre as oportunidades que esta fibra pode apresentar, convidei para uma conversa Larissa Duarte, jovem pesquisadora e produtora de algodão agroecológico. Ela explica que "o algodão orgânico é aquele cultivado sem o uso de agroquímicos e sementes geneticamente modificadas. Já o agroecológico é cultivado sem agroquímicos e sementes geneticamente modificadas, e ainda é plantado em consórcios agroalimentares, com manejo integrado e cuidado com os recursos hídricos, o ar e a nutrição do solo. Assim, incentivando a agricultura familiar e considerando aspectos culturais, sociais e econômicos".

 

Larissa é mineira, designer de moda, foi para Inglaterra fazer mestrado com foco em processos sustentáveis em multinacionais e começou a se envolver no universo da permacultura e agroecologia, então conheceu a agricultura sintrópica de Ernst Gotsch e se encantou. Os sistemas agroflorestais criados por ele propõem reordenar, restaurar o ambiente natural e trazer prosperidade.

 

A agrofloresta possibilita maior diversidade de plantios e portanto, menos dependência de uma safra especifica, além de fomentar a agricultura familiar. Larissa, que planta e experimenta consórcios de fibras e pigmentos têxteis há anos, está trabalhando em sua pesquisa de mestrado que foca nas dinâmicas de produção e comercialização do algodão orgânico no Brasil, incluindo outras frentes como agricultura sustentável, agrofloresta e os ecossistemas de inovação, ela diz: "Tudo isto para potencializarmos nossa indústria criativa, pesquisa, desenvolvimento e biodiversidade. Além de valorizarmos nossas fibras e pigmentos naturais, promovendo a sustentabilidade e a inovação no país. O algodão é apenas uma de várias fibras vegetais, como sisal, rami, juta, tururi, tucum, buriti, etc. A transparência dos processos e a cooperação no setor da moda são muito importantes, para criarmos soluções coletivas e alinharmos propósitos, ações e discursos, com disponibilidade e muito aprendizado."

 

O Brasil, que está entre os cinco maiores produtores de algodão do mundo, produz menos de 1% de algodão orgânico. "Para expandir esta produção, precisamos unificar e sincronizar as atividades from farm to fashion, fortalecendo o produto orgânico brasileiro” diz Larissa, e ela ainda completa: "É uma grande oportunidade de mercado, tanto para a produção agrícola quanto para o próprio setor têxtil e de confecção (fiação, tecelagem, distribuição e varejo)." A consciência do consumidor e profissionais do setor sobre a importância do algodão orgânico e agroecológico é o primeiro passo para a mudança, pois assim podemos fomentar tanto os produtores da fibra, como iniciativas e políticas públicas de incentivo. Larissa termina afirmando que "para o cliente que escolhe comprar uma peça de algodão agroecológico, é importante entender que está escolhendo apoiar toda esta qualidade produtiva, juntamente com os benefícios sociais e ambientais".

 

Fonte:vogue em 06-02-2020 por Fernanda Simon

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